Desculpas

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Já no outro dia meus braços estavam doendo, e meus pés também. Eu não teria ido a escola se não fosse pelo fato de ter aula de biologia hoje. Acordei pensando em Evan, me senti confusa pois não sabia se era o certo a fazer, Evan mora sozinho, não sei onde estão seus pais porque ele evitou assuntos sobre a vida pessoal a tarde toda. Eu ainda penso oque pode ter naquela caixa, se podem ser coisas de pesca do pai ou as joias da mãe, algo recordativo.

Foi um alívio quando ele havia chegado a aula de biologia, eu estava batendo o lápis na mesa e olhando pra porta, não aguentava esperar mais. Precisava vê-lo agora. Só não sabia por que.

Meu coração disparou quando ele passou pela porta, a primeira coisa que fez foi olhar pra mim. Aqueles olhos negros, era aquilo que estava faltando. Eu forcei o rosto pra não sorrir imediatamente e deixar muito na cara. Ele se sentou ao meu lado com os braços apoiados na mesa.

-Oi vizinha - Ele disse sorrindo.

-Oi vizinho, espero que tenha estudado, hoje vai ser complicado.

-Você estudou?

-Cinco minutos conta como tempo de estudo?

-Eh, acho que sim - Ele sorri mais ainda - Preciso de ajuda, eu não tive essa matéria na escola antiga. Pode me ajudar?

-Não sou a melhor candidata pra isso. Mas podemos tentar. 

-Na sua casa depois da aula?

-Ah, hoje não da. Minha mãe quer que eu vá ao trabalho dela levar o almoço, ela esqueceu.

-Eu posso ir junto, te dou carona.

-Boa ideia - Ele sorri - Me espera no estacionamento depois da aula então?

-Sim.

..........

Depois da aula fui ao banheiro. Não havia ninguém quando eu entrei, quando ia pegar o batom no bolso da calça uma menina loira e muito magra entra e fica me encarando em quanto vai em direção ao espelho. Ela hesita, mas depois diz.

-Olá.

-Oi

-Não se apegue muito a ele Rose. Pode se decepcionar no fim.

-Como sabe meu nome? E ele quem?

-Evan - Ela vem em minha direção e me encara - Ele parece ser do bem, mas não é. E uma pessoa de muitos segredos, e não são segredos bons. São segredos que você vai desejar ter esquecido quando descobrir, mas vai ser muito tarde porque já vai estar apaixonada por ele e vai ficar igual a ele. Não deixe acontecer Rose, não seja como ele - Ela sai do banheiro antes que eu possa responder.

Fique pensando nas palavras daquela garota sem as entender. Quais segredos eram esses? Não poderiam ser tão ruins assim. Não importa quais os segredos, eu sabia que ele não era uma pessoa má. Ele era só... diferente.

Hora de vê-lo. Fui correndo até a sala buscar a bolsa, não queria deixa-lo esperando por muito tempo. Quando cheguei minha bolsa não estava lá e não havia mais ninguém. Eu olhei em volta e o vi sentado na mesa do professor com minha mochila do lado. Não pude controlar o sorriso.

-Roubar é considerado um crime sabia?

-Ai, eu não estava roubando. Só estava segurando pra alguém não mexer, sou um cara do bem.

-Claro que é herói. Vamos?

-Vamos.

Conversando e andando chegamos no lugar e pegamos o almoço da minha mãe, fomos conversando sobre tudo e nada o percurso inteiro, minha mãe ficou surpresa dele estar comigo, mas também ficou contente por conhecer o vizinho novo, ela fez varias perguntas sobre a vida pessoal dele, ele como sempre sorria e falava sobre outra coisa.Eu queria saber alguma coisa, as coisas que aquela garota me disse e o fato dele nunca dizer uma palavra sobre os pais ou onde vivia antes daqui.

Ele me deu carona até em casa, ficamos estudando a tarde inteira na varanda da frente, ele pegou a matéria bem rápido. Uma coisa que me chamou a atenção foi ele sempre estar olhando pra tela do celular, parece que estava esperando alguma ligação. 

-Bom, já vou - Ele diz se levantando - E obrigado por me ajudar. Eu estava mesmo precisando aprender aquilo.

-Não foi nada.

-Gosto de passar o tempo com você.

-Por que?

-Você foi a única que não perguntou onde estão meus pais.

-Eu não vou perguntar, sei que você não gosta de falar sobre esse assunto.

-Obrigado de novo.

-Você só sabe agradecer - Dou gargalhada e ele também - Não há de que.

-Eu... - O telefone dele toca - Eu te vejo amanhã? - Ele pergunta apressado e eu assinto.

Ele sai e eu só escuto ele dizer "Conseguiu?, Tem certeza? Você pegou ne?".

O mistérioWhere stories live. Discover now