Capítulo 47: Os túneis de Georgetown

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Na realidade, devo dizer semidenso e semiescuro desconhecido.

Imediatamente, mandei Sasha retirar o mapa e a câmera da minha mochila, acionando o que seria a nossa única fonte de luz a partir de então. Ao acender sua lanterna, a câmera iluminou o longo corredor à nossa frente, revelando algo surpreendente.

O túnel mais parecia um edifício em obras, com grossos canos que se estendiam pelas paredes cobertas de tijolos empoeirados. As tonalidades de marrom denunciavam a sujeira que iriamos encontrar pela frente, e aquele pó já estava começando afetar meu nariz.

Voltando-me para a porta, puxei a maçaneta, fechando-a com um clique, selando nós dois naquela misteriosa passagem.

- Está filmando? – Minha voz ecoou pelo teto, sendo abafada no mesmo momento. Sasha confirmou apenas com a cabeça. Nem preciso dizer o quanto ela estava nervosa. Não havia nada à nossa frente a não ser um acúmulo incalculável de sujeira, mas ainda assim, era assustador – Vamos começar a gravar a partir daqui. – Disse, tossindo, com aquele ar nem um pouco úmido. Sasha também tossiu, como se tivéssemos aspirado as mesmas partículas de pó, enquanto eu voltava a descrever a hora e o local em que estávamos.

- Esta é a primeira gravação em vídeo de nossa exploração, e a partir de agora essa câmera será nosso holofote nessa merda. – Disse, olhando para a mão de Sasha que me filmava, tremendo um pouco, mas segurando-a como se fosse um troféu conquistado pelos Hoyas. No caso, a conquista era estarmos naquele túnel e prestes a confirmarmos ou descartarmos nossas desconfianças. – O meu relógio marca exatamente uma da manhã em Georgetown, e como podem ver, já estamos dentro dos túneis. Este papel que vocês estão vendo é o mapa que utilizaremos para percorrer estes corredores.

Puxei a caminhada, e desde o início precisamos nos esgueirar pelo estreito corredor, evitando nos sujarmos nas paredes. Karol estava certa, os canos não ajudavam na passagem, por vezes estreitando ainda mais o caminho. Mas eu estava vislumbrado com aquela exploração. Embora fosse apenas uma simples passagem construída com tijolos rústicos, aquilo para mim significava um momento decisivo nos últimos meses que vivemos. Já não podia dizer o mesmo da minha colega, que, ao contrário de mim, devia estar sentido tudo, menos exaltação por estar naquele lugar tétrico.

- Você não tem medo do que podemos encontrar aqui? – Sasha perguntou, remexendo sua cabeça a todo o momento, enquanto observava, assustada, o maldito corredor que parecia não ter fim, assim como aquela descida que havíamos iniciado.

- E o que podemos encontrar além de alunos? Ninguém deve andar pelos túneis numa madrugada de segunda, ainda mais agora próximo do período das provas.

- Sempre tem os malucos que fazem isso.

- Se forem os malucos que desconfio, eles estarão muito fodidos.

Sasha não disse mais nada, continuando a caminhar, apontando aquele canhão de luz (modo de dizer, claro, diante de tamanha escuridão). Ao erguer novamente a câmera, notei um brilho ao final do corredor.

- Deve ser a casa de máquinas. Ali o caminho se divide.

- Sim. – Disse ela, enquanto confirmava visualmente. Provavelmente seria uma sala, cuja porta metálica refletia a luz emitida pela câmera.

Estávamos caminhando por aquele sujo piso quando Sasha travou, fazendo com que esbarrasse de leve nela.

- Espera... O que foi isso? – Sua indagação fez meu coração acelerar, mas tentei colocá-lo de volta no lugar.

- Podem ser os ratos que circundam a Dahlgren. – Respondi, tentando acalmá-la e também a mim.

- Eu ouvi um estalo. – Disse ela, claramente nervosa.

PAI NOSSO QUE ESTAIS NO INFERNOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora