Capítulo 35: Exercícios para a batalha

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31 de maio de 2006.

O encontro foi marcado pela manhã desta quarta-feira.

O nevoeiro que se instalou nos céus de Washington anunciava o mesmo clima acinzentado que estava pairando sobre minha casa, sobretudo pela presença de Anne. Ninguém sequer olhava para ela, e com razão.

Descobrimos que o arquivo que ela enviou de fato era um vírus. Perdemos nossos computadores, e como consequência, todos os registros digitais. Em resumo, todos nós fomos afetados por esse maldito vírus. Na realidade, quase todos. Por isso, começarei a transcrição da gravação na parte que interessa: Quando a discussão já estava no auge.

- Por que continuam com essa violência verbal toda? Já falei que ela não tem nada a ver com isso. – Disse Mary, continuando a defender sua amiga.

- Mas o vírus foi enviado por Anne. Qual a dificuldade de aceitar isso? – Disse Sasha, sustentando sua posição, assim como seu ressentimento.

- Sim, o vírus partiu do computador dela, mas quem em sã consciência destruiria o próprio computador? Ela não guardava um arquivo sequer dos nossos estudos. – Mary continuou com seus argumentos.

- Por isso mesmo! Todas as provas estavam em nossos computadores. – Disse Sasha, encarando a garota sem lhe dar trégua.

- O interessante é que a única máquina que não foi afetada foi a sua, não é? – Disse Joe, se intrometendo mais uma vez, relembrando da conversa que tivemos no início, quando Mary nos revelou que não abriu o arquivo quando viu o que aconteceu com o computador de Anne.

- O que você quer dizer com isso? Que eu enviei a porra desse vírus?! – A garota explodiu, encarando nosso colega. Desde que Mary resolveu denunciar Joe e Nicolas pelo roubo da Capela o clima entre eles já não estava bem. E desde que chegaram esse ranço apenas se potencializou.

- Você já provou que é capaz de dedurar seus colegas a troco de nada. Não me impressiona que tente colaborar com a Universidade mais uma vez. – Disse Joe, soltando um sorriso cínico.

- Filho da puta! – Mary perdeu a pouca paciência que ainda tinha. – Toda essa merda começou graças a você! Você não tem moral nenhuma para falar algo aqui! – No entanto, Joe nada fez, apenas soltando um sorriso sem expressão, talvez refletindo sobre como tudo isso havia começado. No fundo Mary tinha razão: Se Joe não tivesse roubado as hóstias da Dahlgren talvez não estivéssemos reunidos em minha casa.

- Calma pessoal! Não estamos aqui para brigarmos... – Gritou um dos alunos de Medicina, enquanto James concordava com ele. Mas dificilmente aquele clima mudaria.

- Não quero dizer que um de nós facilitou isso, mas já pararam para pensar que alguém da diretoria pode ter organizado esse ataque? – Disse Andrew, colocando uma questão inédita na discussão. – Diariamente recebemos e-mails da Universidade.

- Eu não duvido. – Respondi, ainda incomodado com aquilo. – Nada impede os diretores contratarem algum hacker para foder com nossa pesquisa.

- Recentemente você recebeu algum e-mail suspeito? – Nicolas perguntou, voltando seu olhar para Anne.

- Não. – A garota respondeu, titubeando, enquanto olhava para todos nós. Ela não parecia tão segura do que dizia.

- E desde o mês passado? Não se lembra de nenhum? – Ele insistiu.

- Já disse que não recebi nada! – Ela gritou, perdendo o controle.

- Vejam como ela está nervosa. – Disse Sasha, fuzilando Anne com o olhar.

- Eu não estou nervosa! – No entanto, ela estava. E isto era visível, ainda mais com a análise que Sasha passou a fazer.

PAI NOSSO QUE ESTAIS NO INFERNOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora