Capítulo dezesseis

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          Gael e eu saímos de um elegante carro preto em frente a um enorme salão todo decorado com luzes das mais diversas cores. Stevie, que estava vestido como nosso motorista, repetiu três vezes os procedimentos que deveríamos adotar caso algo saísse errado. Rose nos espera a trezentos metros do salão, em um carro preto, pequeno e discreto. Madame Florenza e Mathias estavam em um terceiro carro carregado de armas e explosivos, que eu esperava não serem necessários essa noite.

— De onde saem todos esses carros, armas e dinheiro que a Florenza tem? − perguntei a Gael, assim que descemos do carro dirigido por Stevie.

— Essa − ele respondeu bem humorado, sorrindo para mim — é uma excelente pergunta. Acho que é o que todos queremos saber − ele deu de ombros, claramente não se importando com a origem de tanta riqueza.

— E como você a conheceu? − Perguntei, enquanto subíamos a escadaria principal, lotada de pessoas elegantes e bem vestidas. Duvido que a Catedral já tenha tido algum evento desse porte antes.

— Quando cheguei à Midsy, precisava de uma casa isolada e algumas armas. Foi ela quem me forneceu tudo. E antes que você pergunte, eu cheguei a ela através da Dona Adelaída. Florenza é tia do Mathias − abri a boca incrédula e estava prestes a continuar com minhas perguntas quando ele continuou. — E chega de falar dela, ok? Muita gente aqui a conhece, portanto, bico fechado − assenti e sorri para a mulher de vestido preto que nos cumprimentou em seguida.

— Boa noite, Sr. Hernandez − ela o cumprimentou com um sorriso educado e logo se voltou para mim. — Senhora, por favor, o seu nome − pediu, muito educada e elegante.

— Mia Prescott − anunciei, nervosa com o que estava por vir. Era óbvio que o meu nome não estava na lista, mas talvez ninguém contestasse se achasse que eu era a acompanhante do Théo. A boca da recepcionista se abriu em um enorme "OH" de surpresa e então ela sorriu para mim.

— Ah meu Deus, Sra. Prescott! − ela parecia muito entusiasmada. — Eu não sabia que a senhora viria essa noite. E ainda mais com o Sr. Hernandez − ela respirou fundo e tentou recuperar a sua postura elegante, já que a fila crescia rapidamente atrás de nós.

— Por favor, entrem e sejam muito bem-vindos − nós agradecemos e quando estávamos passando por ela, ela se aproximou de mim e cochichou. — Eu sou uma grande fã dos seus livros − sorri, agradeci e lhe dei um beijo no rosto antes de seguir. Ela pareceu prestes a desmaiar.

Adentramos o enorme salão e eu fiquei boquiaberta. Parecia ostensivo demais que uma cidade tão simples recebesse uma festa como aquela. Inúmeros lustres caíam do teto, imponentes. Havia milhares de homens e mulheres servindo bebidas aos montes. Em menos de um minuto, três pessoas já haviam me oferecido champanhe. Recusei com um sorriso educado. À esquerda, havia uma porta dupla de madeira que dava para uma sala totalmente contornada por mesas retangulares cheias de comida. Parecia haver comida para alimentar uma família inteira por um ano. Comi uma pequena quiche de chocolate enquanto analisava o local. Gael estava com uma taça de champanhe na mão e apenas com um olhar eu vi o que ele queria me mostrar. Três saídas de emergência vigiadas por seguranças no saguão principal.

— Eu vou até a cozinha. Vá para o segundo andar − disse-lhe ao pé do ouvido, apoiando-me em seu ombro e gargalhando em seguida. De longe com certeza parecíamos um casal adorável.

Discretamente, esgueirei-me entre as pessoas e fui até uma porta de madeira, por onde milhares de funcionários entravam e saíam. Esperei um pouco. Quando ninguém parecia se aproximar, entrei e vi um batalhão de gente trabalhando. A cozinha era enorme, superequipada e a cada segundo algo diferente saía de lá. Recebi alguns olhares interrogativos e quando uma mulher, na faixa dos quarenta anos, vestida toda de preto, veio até mim, sorri com educação.

Ponte de cristal (degustação)Where stories live. Discover now