Capítulo 86 - Arrepio.

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As palavras atormentavam a minha escuridão privada, a noite era já longa mas as palavras ainda frescas não me a deixavam aproveitar. Ele realmente me arrepiava mas será que é isto que eu preciso neste momento da minha vida?
Dentro de pouco tempo ela vai mudar completamente e não quero que um arrepio me faça vacilar, ou será que vou vacilar pois sei que arrepio é um palavra tão minúsculo para aquilo que ele me representa.

***

A lembrança de adormecer não eram alguma mas o cansaço era evidente e sendo eu uma pessoa anti café prevejo um dia interessante.

Demorei mais do que o normal a escolher a indumentária do dia, talvez porque grande parte do tempo me descobria sentada no armário com a preguiça sobre os ombros, ou, pelos gritos ensurdecedores da casa, de todos os residentes.

- Dormiste bem? - Perguntou Claire após conseguir controlar a peste da minha meia irmã.

Não me consigo habituar a isto.

Anui e sentei-me junto à cadeira do meu pai, que por sinal estava desocupada.
-
Foi mais cedo. - Disse ela. - Queres que te leve à escola?
- Não quero incomodar.
- Isso é o que menos fazes. Eu levo! - Avisou. - Mas tem que ser já porque tenho que tratar uns assuntos aborrecidíssimos e quero ver se os despacho. - Após comer os cereais subi em busca dos meus pertences e levei os pequenos para o carro enquanto Claire tratava do que necessitava em casa para sair.

A viagem até à escola tinha sido mais rápida do que queria e em segundos teria de encarar Zayn pela primeira vez após a chamada inexplicável.

Caminhei em espaços programados nos corredores e as grandes portas chamaram a minha atenção. Admirava o espaço escuro sem saber ao certo como tinha chegado tão rápido ali.
- Quando o amor é demais por vezes derrama. - Nada falei e o rapaz de cabelo comprido continuou. - Quando vais deixar de ser casmurra? - Olhei-o em condenação, segui-o até à mesa onde estudávamos.
- Deixa de ser parvo. Eu e ele nunca resultaríamos.
- Tens a certeza?
- Tenho. - Afinquei.
- Como?
- Tendo, ora.
- Não tens, mas eu tenho. - O meu olhar sobre ele era de curiosidade. - Olha. - Olhei na direção que o seu indicador apontava.
- Isso não quer dizer nada. - Disse fracamente. Não esperava ver Zayn caminhar até ao local que partilhávamos carinhosamente.
- Ou quererá dizer tudo? Vai lá.
- Não. Eu e ele já não somos um nós.
- Ou não queres que sejam?
- Eu... - Parei, eu realmente não sabia.
- Exatamente. Tens poucos minutos para o primeiro toque, apressa-te.

Os passos desta vez eram amedrontados e pequenos, talvez para conseguir assimilar no que lhe havia de dizer.
- Zayn, eu... - Parei enquanto procurava perceber mas apenas um sorriso me saiu dos lábios e caminhei pelo corredor após ver Zayn a vandalizar aquele que fora o nosso canto com uma nova companhia.

Os gritos chamativos dele aborreciam os bibliotecários mas nada lhe parecia incomodar.
- Layna! - Chamou já perto do meu corpo. - Eu...
- Tu nada. - Encarei-o. - Não me deves explicação alguma, talvez um pouco de respeito visto que ali...
- Visto que ali foi o local que pensava que tu eras um alguém menos tu? - Interrompeu-me e rodopiei sobre os meus pés na direção que seguia à segundos. - Deixa-me ao menos expli...
- Não. Isso te peço eu, não a quero.
- Mas...
A porta desligou qualquer que fosse a explicação dele e, como temia, não sentia tristeza apenas desilusão. Que quer isso dizer de mim?

A Deep Regret Z.M.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora