XII

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Luke apertou a campainha.

As mãos de Emeli estavam molhadas de suor, devido ao seu nervosismo, iria conhecer alguém que era importante para Luke e isso a deixava eufórica, esfregou as mãos na calça. Respirou fundo quando a porta finalmente foi aberta por um loiro de cabelos um tanto grandes, barba por fazer e porte físico agradável. Era parecido demais com Luke. Este deve ser Jack, pensou, ainda encarando o garoto.

Luke deu um passo a frente e apertou a mão do irmão, que o puxou para um abraço, logo em seguida.

– Você deve ser Emeli. – Jack olhou para a babá e sorriu, as pernas da loira balançaram.

– Sim, eu mesmo. É um... – Pigarreou, tentando não soar constrangida. – Prazer.

– Esse papo de prazer me faz ter altos pensamentos. – Luke resmungou e entrou na casa, empurrando o irmão levemente no ombro, o que Emeli julgou ser uma brincadeira dos dois.

– Oh, não comece. – Emeli o repreendeu como uma mãe faria com o filho e entrou atrás de Luke.

O loiro apenas a ignorou e foi até uma das crianças que brincavam de pega correndo pela sala, a menina que parecia mais nova tropeçou no tapete, Luke a pegou nos braços antes que pudesse cair e começou a conversar com a pequena.
Emeli viu uma figura alta e magra, de cabelos castanhos reluzentes, vestida com uma simples calça preta e blusa branca, trazia um sorriso largo em seus lábios e vinha na direção de Ems.

A garota a envolveu em um abraço caloroso e cheio de afeto, o que fez a babá gostar instantâneamente dela. Emeli retribuiu ao abraço educadamente e pôs um sorriso no rosto para cumprimentar a outra.

– Sou Celeste, namorada do Jack. – Disse, olhando para Emeli como se ela fosse mais do que uma simples babá. – Finalmente conheci você.

– Bem, mas parece que todos já me conhecem. – A loira coçou a nuca, sentindo-se ruborizar.

– Deve ser pela cara de nerd. – Luke atirou, desviando a atenção da garotinha e olhando para sua babá com um sorriso cafajeste.

– Não é. É porque você passou muito tempo falando sobre ela para nós. – Jack olhou para o irmão e acabou recebendo um olhar furioso do mesmo. – O que foi? Falei alguma besteira?

– Seria novidade se não falasse. – Luke resmungou e voltou a brincar com a criança, que mais tarde Emeli descobriu se chamar Charlotte.

Jack e Luke engantaram uma conversa sobre o novo trabalho de Jack e Celeste começou a falar da faculdade para Emeli.
Descobriram que em breve estudariam na mesma universidade, Celeste iria para o quinto período de nutrição, Emeli começaria publicidade. Ao menos não iria ficar sozinha nos primeiros dias de aula, Emeli pensou com um pouco de alívio.

Enquanto Celeste continuava falando sobre os garotos da faculdade, a babá deu mais uma olhada pela casa, que era extremamente arrumada para um garoto que morava ali sozinho e que a namorada só ia visitar nos finais de semana.

O olhar de Emeli se focou atrás de Celeste, em uma mesinha de canto onde havia um porta retrato. Esticou-se para pegá-lo e o olhou com atenção. Jack abraçava Celeste pela cintura, ao passo que os braços da garota estavam ao redor do pescoço do loiro. Pareciam mais novos e o cabelo de Celeste estava mais curto, aquilo denunciava que a foto era antiga. E ao lado do casal, estava Luke. Ele, que deveria ter por volta dos dezesseis anos ali, carregava uma garota em suas costas e olhava para ela no momento em que a foto foi tirada. Os cabelos pretos da menina caíam sobre seus ombros, possuía um sorriso largo no rosto, os olhos verdes estavam fixos na lente da câmera, sua pele era tão branca quanto porcelana, Emeli poderia jurar que a garota fosse britânica.

– Essa foto é um pouco velha. – A voz de Celeste soou, chamando a atenção da babá. - Foi tirada no jardim da mãe dos garotos.

– A fotografia é linda. – Emeli passou o dedo pelo vidro do porta retrato. — Quem é essa menina? – Seu dedo parou sobre a morena nas costas de Luke.

De repente, Emeli sentiu vários olhares sobre ela. Houve um momento de silêncio, onde todos ocupavam-se em olhar para ela com expressões vazias, um instante pendurado no tempo, podendo desabar e fazer tudo ruir em um piscar de olhos. Foi algo rápido, mas que parecera uma eternidade para a loira, fazendo com que sua curiosidade aumentasse ainda mais. Porém, a sensação que a dominava era de vergonha e medo de estar sendo intrusa demais.

– Ela era uma amiga. – O irmão de Luke quebrou o silêncio que ninguém mais seria capaz de o fazer.

Aconteceu um leve oscilar em alguma parte do corpo de Emeli ao ouvir o verbo no passado. Era. Estaria a garota morta? Talvez pudessem ter se desentendido com a morena ou algo simples como ter perdido o contato. Mas algo lhe dizia que a balança pendia mais para o lado da primeira opção.

– Todos estão com fome? – Celeste perguntou de repente, com uma animação forçada. – Vamos logo comer, vocês precisam opinar sobre a minha comida, por favor.

– Seu irmão e Celeste foram muito receptivos. Gostei bastante. – Emeli começou a brincar com os dedos, enquanto olhava para a rua através da janela do carro. – Obrigada por ter me trazido.

– Não foi nada. Eles amaram te conhecer também. – Luke sorriu e olhou de canto para a babá. – Jack disse que adora o jeito com que você lida comigo.

Emeli soltou uma gargalhada e balançou a cabeça, vendo a expressão de confusão no rosto do loiro.

– Para falar a verdade, eu também gosto. Você fica meio que se controlando para não fazer besteira quando eu te repreendo.

– Você parece uma mãe falando assim. – Luke resmungou, estacionando o carro em sua casa.

– Sou paga para agir como uma. — A babá tocou o queixo do garoto e sorriu de lado. – Eu seria uma ótima mãe.

– As crianças ficariam traumatizadas, você não as deixaria nem brincar. – Luke provocou.

– Oh, fique quieto. – Afastou-se rindo e saiu do carro. – Mas Luke, tem uma coisa... Algo que eu queria perguntar.

– Você pergunta demais, santo Deus. Toda mulher é assim? – O loiro rolou os olhos, saindo do automóvel, e jogou os braços para cima. – Vá em frente, Blinsley, tire suas dúvidas.

– Sobre aquela garota, por que ficaram tão tensos quando perguntei sobre ela?

Luke tomou fôlego, a pergunta havia sido tão inesperada quanto um soco no estômago. Engoliu em seco, pensando em uma resposta rápida que pudesse acabar com aquele assunto de uma vez por todas, mas a única que poderia fazer isso seria a verdade. Então escolheu ser objetivo e afiado de uma só vez:

– Porque ela morreu.

Dear BabysitterWhere stories live. Discover now