XV

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N/A.: finalmente consegui atualizar, babes. Peço sinceras desculpas pela demora, prometo tentar continuar com as atualizações normais agora. E sobre a música da mídia, escrevi o capítulo ouvindo ela, recomendo ouvirem ela lendo, é maravilhosa!

Luke pegou a fotografia das mãos de Emeli e olhou novamente. Foi como se revisse aquele momento, ele lembrava vividamente do instante em que a foto havia sido tirada, era como se o tempo não tivesse passado. E apesar de tudo, Luke esperou que a onda de sentimentos o invadissem e lhe lembrasse que aquilo não voltaria, mas algo o surpreendeu. As sensações não estavam ali dessa vez.

– O nome dela era Hannah. – O loiro sentou-se em sua cama e continuou encarando a fotografia. – Ela era minha namorada.

– Sua namorada? – Emeli rangeu os dentes, seus joelhos ficaram instáveis de repente e ela não conseguia entender o porquê daquela reação.

– Eu não costumo conversar sobre isso. – Ele balançou a cabeça e levantou o olhar para a babá. – Ainda... incomoda.

– O que aconteceu? – Ela praticamente se deixou cair na cama ao lado dele e passou a olhá-lo com a expressão pesarosa. – Me conta. Você pode confiar em mim, Luke.

O loiro passou os dedos entre os cabelos e respirou fundo, tomando fôlego e coragem para fazer seu relato mais uma vez. A diferença agora é que ele não se sentia pressionado ao fazê-lo.

– Hannah e eu começamos a namorar aos quinze anos. Nos conhecemos através de Celeste, elas eram primas e na época Celeste e Jack ainda eram só amigos. Iniciamos o colegial juntos e praticamente não nos separávamos. Ela era a namorada perfeita, sabe? – Ele deu um sorriso pequeno, porém melancólico. – Nós fomos assim por muito tempo, sonhávamos com o dia que entraríamos para a faculdade, nos preocupávamos com nosso futuro. Até que um dia eu pedi à ela que me acompanhasse em uma festa, eu tinha acabado de ser aceito no time de baseball do colégio e queria comemorar, embora não estivesse muito acostumado com festas. Eu bebi muito, não lembro de quase nada do que aconteceu ali. – Luke balançou a cabeça, atordoado, como se estivesse vivendo aquele dia novamente. – Sempre que eu tento lembrar, só vem flashs na minha cabeça daquele dia. Havia uma menina sentada no meu colo e não era Hannah. Logo depois estávamos no meu carro e ela dirigia porque eu estava mal. Mas nós discutíamos e ela gritava, eu tenho certeza que é sobre a garota que estava no meu colo na festa. Hannah estava fora de controle e ela chorava. Quando eu olhei para frente, tudo ficou turvo e o som de uma batida ecoou nos meus ouvidos.

– Ela bateu o carro? – Emeli prendeu o ar e apertou os lençóis da cama.

Ela queria abraçar Luke tão fortemente, ele estava se esforçando para continuar. Era evidente em sua expressão de pura dor e sofrimento. Ela só queria dizer que tudo estava bem agora. Mas não estava.

– Eu lembro de ver sangue no rosto dela e logo depois da ambulância chegando. A partir daí tudo é escuridão total. Os médicos disseram que foi por causa da batida forte na cabeça que eu levei quando o carro bateu. Já os psicólogos que meus pais pagaram falaram que foi uma forma que eu arrumei de bloquear essas lembranças porque me faziam mal. – Ele riu fraco e fungou, logo a babá percebeu que ele estava chorando. – Mas até hoje eu não sei realmente o que aconteceu. Eu queria poder lembrar de tudo, entende? Talvez assim eu fosse me sentir um pouco mais confortado. E depois disso as coisas só pioraram. Eu ganhei alta do hospital uma semana após o enterro dela. Ao passar do tempo, meus pais perceberam que aquele não era mais eu. Era praticamente uma cópia mal feita do antigo Luke. Então eles começaram com os psicólogos. – Ele respirou fundo e pausou, de uma forma que Emeli pensou que ele estava buscando forças para continuar.

– Ei, você não precisa continuar se não quiser...

– Não, eu quero. Eu quero colocar isso para fora e é bom que seja com você. – Luke passou a mão no queixo quase que inconscientemente e voltou: – Eu passei quase dois anos saindo de um psicólogo e indo para outro, e nenhum deles sabia lidar comigo ou simplesmente tentava me ajudar de verdade. Eles estavam interessados na bolada que os Hemmings estavam pagando. E meus pais só queriam que o filho neurótico parasse de dar problemas. Foi quando Ben, meu irmão mais velho, saiu de casa e logo depois Jack. Ou seja, todas as expectativas deles se voltaram para mim. Eu assisti minha mãe mergulhar na empresa apenas para esquecer os problemas de casa e meu pai eu quase não o via, apenas no café da manhã. A única alternativa que eu achei para não me sentir mais só, foi através das festas, com elas vieram as bebidas e as drogas.

– Mas Luke... Os meninos não tentaram te ajudar?

– Eles conversavam comigo, mas para mim nada mais fazia sentido. Típico de adolescente revoltado, sabe? – Ele tentou rir. – Eu fui um completo babaca com eles no início. Mas apesar de tudo, eles se mantiveram ao meu lado.

– Eles são amigos maravilhosos. – Emeli sorriu.

– Os melhores que eu poderia ter. – Luke concordou e comprimiu os lábios.

O silêncio pairou sobre eles por alguns instantes, nos quais ambos deixaram suas mentes vagarem para lugares distantes. Luke rebobinava os últimos anos de sua vida e por tudo o que havia passado até aquele exato momento, até onde Emeli apareceu e mostrou que era possível fazê-lo ter sentimentos daquele tipo novamente, contrariando o que os seus psicólogos disseram, e, principalmente, o que sua condição emocional um dia lhe afirmara. A chegada dela fora tão repentina e inesperada, mas ao mesmo tempo foi a luz no fim do túnel que o loiro nem sabia que esperava. Foi como se pudesse finalmente enxergar de novo, após anos na escuridão, perdido na sua própria escuridão.

Emeli olhou para a foto em cima do travesseiro e mordeu o lábio. Hannah. A namorada de Luke. Tinha o tipo de beleza que uma jovem em plena puberdade gostaria de ter. Era tão saudável da forma que um doente queria ser. E possuía o namorado que ela queria ter.

De repente, foi como se algo desse um "clic" na mente da babá, e ela finalmente fez a pergunta que estava pairando no ar desde que Luke começara seu relato sobre Hannah.

– Você ainda a ama, não é?

Luke levantou o olhar e encarou a loira, foi como se a enxergasse ali pela primeira vez. E naquela hora, Emeli soube que não importaria qual fosse sua resposta, ela seria totalmente verdadeira.

– Se essa pergunta me tivesse sido feita há dois meses atrás, a resposta seria sim. Mas eu não tenho mais certeza disso. – Ele balançou a cabeça e quando o coração de Emeli ameaçou saltar pela boca, ele continuou. – Embora eu também não saiba o que está acontecendo comigo agora.

– O que você quer dizer?

– Ems, uma outra coisa importante que meus psicólogos disseram é que eu havia criado uma espécie de proteção que nem eu mesmo consigo entender. É como se eu não conseguisse mais gostar de alguém da forma que gostava dela.

– Não entendo...

– Lembra de eu falar que não podia me apaixonar? – Ele segurou nos dois ombros da babá, mas ela se retesou ao toque.

– Era verdade o tempo todo... – Ela deu-se conta, sentindo uma onda de estupidez lhe invadir. – O tempo todo. E eu não quis acreditar.

– Emeli, me escuta. Deixa eu terminar, por favor.

– Não. Você já disse tudo. – Ela se levantou bruscamente da cama e deixou o quarto do menino.

Não importava mais o que ele pudesse falar. Nada iria mudar o fato e nada poderia tirar suas palavras da cabeça dela. Quando Emeli entrou em seu quarto, sentiu-se confortável para finalmente deixar as lágrimas caírem livremente. A sensação era horrível. Era como descer em queda livre de um penhasco e nunca conseguir chegar ao chão.

E o pior de tudo foi se dar conta de que Luke falava a verdade. Já era tarde demais para ela. Estava apaixonada.

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⏰ Last updated: Oct 02, 2020 ⏰

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