XI

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– Você é tão péssimo nisso! — Emeli bufou e esfregou os olhos. Havia sido acordada muito cedo por Luke para fazer as compras da casa, já que Dora não era encarregada dessa função, e sim, os donos da mansão.

— Não falei que era bom. – Luke pegou um tomate e apertou, o analisando. — Dora sabe fazer uma boa sopa de tomate.

– Esse tomate tá horrível, pelo amor. – A babá tirou o tomate da mão do garoto e o colocou de volta a seu lugar. — Dá para ir rápido com isso?

– Mas eu não sei o que fazer, não dá para ser rápido assim. Eu a trouxe para me ajudar mas seu mal humor não deixa.

– Meu trabalho não é fazer compras do mercado. – Emeli andou até a sessão de congelados e o loiro foi atrás, empurrando o carrinho das compras.

– É, se isso incluir não me deixar passar fome. Sou seu bebê, você tem que cuidar de mim.

A babá virou-se bruscamente para Luke e jogou um frango congelado contra seu peito, lançando-o um olhar venenoso que o garoto entendeu como uma ordem para fechar a boca.

Pegaram tudo que precisariam da sessão dos congelados e andaram até a parte da limpeza, onde Luke pegou um produto de cada que havia naquela sessão e jogou no carrinho, com a desculpa de que não sabia qual Dora usava para a limpeza da mansão.

– Vai indo para a fila do caixa. — A loira apontou com a cabeça para a fila gigantesca. – Vou pegar umas coisas de higiene.

Luke limitou-se a assentir e dirigir-se até uma das filas, a que tinha quantidade menor de pessoas. Apoiou os cotovelos no carrinho de compras e esperou a fila andar, enquanto Emeli não voltava. A situação lembrou-lhe de quando era mais novo, tinha por volta dos onze anos, quando sua mãe lhe chamava para ir ao mercado ajudar-lhe e o pedia para ficar na fila, ao passo que ia pegar algo que havia esquecido de pôr na lista. Ela demorava tanto para pegar uma simples coisa, que Luke sempre chegava na vez de pagar e a mãe não havia chegado ainda, o que o obrigava a deixar os outros passarem na sua frente, enquanto uma cor escarlate tomava conta de suas bochechas.

Balançou a cabeça na tentativa de dissipar a lembrança e viu que a fila havia andando um pouco. Passou os dedos no cabelo e respirou fundo, não gostava tanto de lembrar da infância e de como seus pais ainda eram atenciosos com ele e seus irmãos. Lembrar-se daquela época trazia mágoa, pelo menos para ele, além de que lhe vinha recordações de outra pessoa também, uma que tinha de permanecer no passado para sua sanidade.

Sentiu o celular vibrar e o retirou do bolso, o nome de seu irmão estava no ecrã junto a um ícone de carta, o que informava a chegada de uma mensagem. Abriu-a e quando iria começar a digitar uma resposta, uma mão tocou seu ombro e Luke levantou a cabeça para a encarar os olhos brilhantes de sua babá.

– Olha. — Ela abriu um sorriso ao mostrar a quantidade de chocolate que trazia em mãos.

– Você pegou todo o estoque de chocolate do mercado? – Questionou, arqueando uma sobrancelha.

– Não. Mas não seria má ideia. – Emeli colocou os chocolates junto com as compras e jogou dois pacotes de absorvente dentro do carrinho também, o que fez Luke entender o porquê do mal humor. – A fila está lá na frente, por que está tão lerdo hoje?

O garoto foi diminuindo a velocidade aos poucos, de acordo que ia entrando nos arredores do parque nacional. A entrada era realmente bonita, havia o verde das árvores espalhados para onde quer que olhassem e ao longe era possível ler os dizeres "Sydney Harbour National Park" em uma placa de boas vindas ao local.
Luke arriscou olhar para Emeli e viu uma expressão deslumbrada no rosto da babá enquanto encarava o lugar através do vidro do carro.

O loiro procurou uma vaga para estacionar e parou o carro não muito longe. Desceu do automóvel e Emeli não esperou mais para saltar também. Ela olhou para o menino, esbaforida.

– Por que me trouxe aqui?

– Desde que chegou aqui, você não saiu muito para os pontos turísticos da cidade. – Luke deu um sorriso de lado e tirou os óculos escuros da gola de sua camisa e pôs em seu rosto. — Vou te mostrar alguns. Comecemos por este parque.

– Isso é sério? – Soltou uma risada e olhou ao redor, sem acreditar. – É lindo!

– Você ainda não viu nada. Espere para ver o rio que tem aqui. – Ele estendeu seu braço para Emeli, de forma cordial, e a garota aceitou instantâneamente. – Serei seu guia hoje.

– Quem é você e o que fez com o chato do Luke Hemmings?

– Sh, não estrague o momento. – Luke começou a andar e puxou a babá consigo, indo até a parte onde tinha uma pequena e curta trilha. – Aqui é onde geralmente as pessoas vêm para fazer piquenique. Os casais de namoradinhos chatos ou os pais com seus filhos pequenos. Esses pestinhas atormentam aqui.

— Tadinhos. Não fala assim. – Emeli soltou um riso anasalado e deu um tapa fraco no ombro de Luke. – Você não gosta de crianças?

– Até gosto. Levo jeito com os pirralhos, diga-se de passagem. — Luke mordeu o lábio e olhou para frente, estavam quase chegando perto da água e dava pra ver de longe o brilho do sol refletir nela. – Falando nisso, vamos dar uma saída amanhã.

– Vamos? Onde?

– Na casa do meu irmão, Jack. Ele me mandou uma mensagem hoje, quer que a gente vá lá. E a namorada dele tá passando um tempo com ele.

– E o que isso tem a ver com crianças, Luke?

– Os sobrinhos dela estarão lá amanhã. Espero que goste de crianças. – O loiro lançou-lhe um sorriso de lado.

– Não se preocupe quanto a isso. – Emeli apertou o braço de Luke quando pararam em frente ao rio que o garoto tinha dito. – Você tinha razão, é perfeito.

Ela encarou a cor da água e lembrou-se da cor dos olhos de Luke. Ambos eram de um azul puro e intenso, ambos tinham o poder de lhe tirar o fôlego e deixar suas pernas feito gelatina, eram algo de beleza imensurável, sem igual. Não eram algo do tipo que se via todo dia. E isso os tornava especial.

Luke olhou para Emeli e sentiu o peito aquecer ao ver a felicidade estampada no rosto da menina. Vê-la daquela forma o deixava inexplicavelmente feliz também.

– Ei, quer um sorvete? - Ele a chamou e puxou seu queixo para olhá-lo.

– Sim. Baunilha, por favor.

Luke assentiu e foi até a barraca de sorvete que havia não muito longe de onde eles estavam. Pediu dois sorvetes de baunilha e voltou para a babá novamente, entregando-lhe um.
Emeli agradeceu e começou a comer, sujando seu nariz em seguida, o que acabou por arrancar uma risada de Luke.

– Vem cá, deixa eu limpar. – O loiro aproximou-se e passou o polegar no nariz de Emeli, limpando-o. Desceu dois dedos até o queixo da garota e o levantou, depositando um beijo casto em seus lábios, o que surpreendeu a ambos.

– Está ótimo agora.

– Obrigada, Luke. Por hoje, por tudo. Eu realmente amei. – Emeli agradeceu, sincera.

Luke limitou-se a apenas balançar a cabeça e sorrir. Era impossível não ver o quanto Emeli estava feliz naquele momento e ele sentiu-se satisfeito de a ter levado até o parque. Havia valido a pena, ele tinha conseguido ver o lindo sorriso da loira estampando em seus lábios no fim de tudo. De repente, tudo esta valendo a pena quando o assunto era Ems.

Dear BabysitterWhere stories live. Discover now