Capítulo 16 -Jade

92 18 3
                                    

Escavando fundo ao meu passado descobrir meu trauma de não conseguir me abrir facilmente para todos. Kim estava com dificuldades, eu estava com dificuldades, Nike estava com dificuldades, e todos ao meu redor tinham algum problema relacionado a mim ou ao meu irmão. Eu estou no meio de um furacão, e recebi ordens precisas para não me importar com ninguém além de mim. Se continuar escondendo as coisas vou acabar tornando o furacão ainda pior.

Olhei mais uma vez para a janela de Kim e tentei me concentrar nas perguntas que ela fazia. Era a minha quarta consulta e a primeira em que eu não vinha acompanhada.

Na semana passada quando Nike me olhou nos olhos e se declarou, tentei me manter firme e não ceder aos olhos verdes. Talvez eu tenha sido egoísta, mas fui verdadeira. Ele parecia frágil e eu nunca quis tanto saber e perguntar mais sobre alguém, eu queria fazer aquela dor passar. Mas eu não podia juntar os cacos dele, quando eu ainda tinha os meus cacos espalhados por todos os lados. Jurei para mim mesmo que me manteria forte, que buscaria por mim antes de me perder no tornado que é os meus sentimentos por ele. E não posso mentir, eu sinto muitas coisas por ele. Fico toda alegrinha quando ele está por perto, mesmo quando ele não está falando nada comigo à dias. Sinto meu coração pulsar mais rápido quando ele atravessa a porta e seus olhos procuram por mim. Gosto da forma como ele cuida de mim mesmo quando está com raiva, trazendo comida e me cobrindo a noite quando está muito frio. Eu percebo tudo, cada besteirinha que ele faz. E ainda acordo cedo todos os dias antes do despertador tocar, só para olha- lo dormir. Sou tão patética!

-Jade você não está concentrada. -Kim murmura. Ela já deve está cansada dos meus devaneios.

-Desculpa Kim.

-Gostaria de saber para onde você viaja. E gostaria que você fosse sincera.

-Eu estava pensando no Nike. -respondi. Senti algo magoar meu ego, era como se um pedaço de mim estivesse se partindo por ter que admitir isso para alguém.

-Você o ama? -Kim é direta.

Nunca pensei dessa forma. Minha mente não lembra, mas meu corpo e meu coração soltam sirenes quando ele está por perto. Eu sei que o meu racional cria uma muralha em volta de mim, me impedindo de ceder ao emocional. Mas a pergunta de Kim me faz parar e por as cartas na mesa. Eu o amo? Tirando a parte das lembranças que sumiram, os sentimentos que insistem em gritar dentro de mim, eles são um conjunto desse negócio chamado amor?

-Eu nem sei o que é isso. Fora o amor que sinto pelos meus pais, eu nunca...me apaixonei.

-Você nunca namorou antes do Nike? -ela pergunta e um sorriso aparece em seus lábios. Agora sim parecemos duas amigas.

-Sim, mas eu não era apaixonada. O Adam foi como um experimento. Não sei, a gente só...se entendia.

-Comodismo! -ela disse.

-Talvez.

-E como você se sente com relação ao Nike?

-Com ele é diferente, eu tenho a liberdade de brincar e falar qualquer coisa. Ele não só me entende, ele me conhece. As vezes é inconveniente, as vezes é tranqüilizador. Eu não tenho que agradar, só tenho que ser eu. -respondo e penso que a verdade saiu tão automaticamente quanto eu queria que ela saísse. -Ele me faz passar de feliz para irritada em menos de dois segundos, e eu sinto meu corpo todo ceder quando o Nike está por perto.

-Isso parece paixão. -ela constata.

-Não sei, agora já nem faz sentido. -dei de ombros e Kim pareceu confusa. -Ele não está falando comigo.

Baixei minha cabeça e encarei minhas mãos, senti a vergonha vindo em minha direção a 200 km/h e me atingir com força total. O peso da minha arrogância caiu sob os meus ombros e percebi que havia afastado a única pessoa com quem eu parecia me sentir bem.

Procura-se Por Nós  #Wattys2016Where stories live. Discover now