Capitulo 9 - Nike

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-Você é o oposto do homem de idealizei. -Jade sussurra e leva a taça com água ate os lábios. Fiz o mesmo com a minha taça de vinho e rir do seu recente comentário. Eu a proibi de tomar a bebida por causa dos remédios pra dor, que ela está tomando.

-Você também não é a mulher que idealizei...na verdade eu nunca idealizei uma mulher perfeita.

-Como isso aconteceu?

-Não sei, só foi rolando aos poucos...-dou de ombros, mas sei que não foi tão simples assim. Jade sorri e parece que o mundo todo se ilumina.

Tenho me controlado para dar o espaço que ela precisa, me controlado para não abraçar seu pequeno corpo quando a vejo tão solitária no quarto. A maioria das vezes ela parece uma estátua, como se não passasse nada por sua mente, e nem mesmo o cérebro desse comandos para o corpo. Passo a maior parte do tempo lutando contra a vontade bater na porta e pedir um cantinho na cama ao seu lado. Mas hoje quando a vi chorar era como se eu tivesse perdido toda a minha armadura, tudo que me deixava firme e forte por ela se foi, e eu não resistir, eu tinha que cuidar dela, precisava fazer ela sorri, mas agora que ela está fazendo isso é como se eu tivesse feito algo errado.

Ver Jade sorrir me faz sentir como se eu fosse a Terra e ela o sol, eu giro em torno dela e nada me faz tão feliz quanto isso. Mesmo assim ela ainda não parece minha Jade.

-Eu queria voar. -ela sussurra quando recobra a expressão séria. As palavras explodem em minha mente e não consigo conter um sorriso. Eu sei que ela não lembra, mas parece que a história se repete, só que de uma maneira diferente.

-Queria fazer você voar. -respondo e ela me encara como se eu tivesse acabado de lhe contar um segredo íntimo. Suas bochechas adquirem um tom avermelhado e novamente ela sorri. Seus olhos castanhos se tornam felinos, mas esconde a íris fechando a pálpebra e dando um suspiro.

-Estou confusa.

-Também estou.

-Tem algo que você não diga que complete o que eu disse?

-Acho que não, essa é a beleza disso. -me aproximo de Jade que ainda está deitada no sofá. Ela se inclina para tocar meu rosto e logo me surpreendo quando suas pequenas mãos acariciam a minha barba.

-Eu gosto. -ela parece distraída com os movimentos em meu queixo. Eu me entrego às carícias e fechos meus olhos, ela passeia os dedos pelas maçãs do meu rosto, e depois sua mão caminha para os meus olhos, ela massageia minhas pálpebras e escuto ela dar uma risadinha.

-Isso é maldade. -sussurro e abro meus olhos para olhar sua expressão, ela parece admirada enquanto ainda tem suas mãos em meu rosto.

-Me desculpa então. -Jade retira a mão e depois desvia seu olhar do meu.

-Eu amo você. -digo, mas Jade continua sem me olhar.

-Não sei como me sentir com relação a isso.

-Você costumava dizer "também amo você".

-Não me imagino dizendo isso. -ela rebate.

-Acho que agora acabou nossa trégua.

-Quero ir pra cama.

-Por que você não pega suas muletas e vai? Você não precisa de mim não é? -digo e me levanto, pego a taça da sua mão e a levo até a cozinha.

Que raiva! Sério que estou sendo tão infantil por não entende que ela não lembra? Mas por que tenho que ver ela brincar comigo dessa forma e depois não saber o que quer? Eu a amo demais para aceitar que ela não entenda que também me ama, mas parece não gostar do rumo que sua vida tomou nos últimos anos.

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