– Por que diabos você quer ficar escondida aqui? É uma ladrazinha mesmo, não? – Provocou novamente.
– Menos conversa e mais luta!
Antes que ele se preparasse adequadamente, ela o atacou, colocando sua espada em direção à garganta dele, porém ele foi rápido e se virou, cruzando sua espada na dela.
– E uma trapaceira também – disse, fazendo um sinal afirmativo com a cabeça. Sua voz já estava mais calma e seu sotaque mais compreensível.
– Você gosta de atacar as pessoas antes que tenham a chance de se defender, só quis lhe dar um pouco do seu próprio veneno! Kate falou de forma áspera quase rangendo os dentes e ele não podia negar que sentiu um leve prazer com aquilo tudo.
– Ah, garota, eu posso continuar com isso o dia inteiro, não é cansativo ser assim como você? – falou com uma voz calma e tranquila, enquanto os dois faziam malabarismo com suas espadas por entre as árvores em torno do chalé.
– Assim como? – perguntou ela, dando um giro em torno de uma árvore e golpeando-o com sua espada fazendo com que a dele voasse para longe.
Bastian, este era o nome do homem misterioso, acabou deitado no chão com a espada de Kate em sua garganta. O olhar dela indicava arrogância e excesso de confiança e ele aproveitaria isso.
– Tão presunçosa. – Sorriu de uma maneira sensual que fez suas pernas tremerem. Ele podia ser grosso, mal educado e nada cavalheiro, mas ela tinha que admitir que era muito atraente.
Nunca havia acontecido aquilo antes e no instante que ela baixou a guarda, ele subitamente deu-lhe um golpe nas pernas, fazendo-a cair. Em seguida, arrastou-se em direção a sua espada e se levantou, virando o jogo. Agora quem estava ajoelhada ao chão com uma espada em direção a sua garganta, era ela.
– Algo a dizer em sua defesa, imundinha? – Seus olhos incendiavam em direção aos dela. Por que ele estava tão fascinado com uma mulher tão suja e, ainda por cima, ladra provavelmente procurada pela polícia?
– Presunçoso é você!
Sem medo algum, ela empurrou a espada dele com a mão e alcançou a sua, que estava caída às suas costas. Levantou-se num ato tão rápido e ágil que impressionou Bastian.
Kate havia ficado realmente cansada daquilo e furiosamente o atacou com sua espada, quebrando a dele ao meio.
Os olhos de Bastian ficaram atônitos ao presenciar aquela cena. Ele foi derrotado por uma mulher? E nem sequer uma mulher com uma aparência robusta, ainda por cima. Ela era em torno de uns vinte centímetros mais baixa do que ele e aparentemente magra, apesar das roupas largas.
–Touché – ele comentou simplesmente, assentindo com a cabeça com aparente satisfação. Aquilo a deixou desconcertada. Ele devia estar furioso, no entanto parecia impressionado com a habilidade dela. – Uma mulher que luta tão bem merece meu respeito.
– Então posso ficar... por um tempo? – Kate perguntou, ainda tensa e preparada para um ataque, mas ele não parecia disposto a fazer isso. Seus olhos denotavam confusão então ele resolveu explicar a sua proposta.
– Bem, pode, mas... – Ele deu um olhar malicioso e ela sentiu seu rosto corar, embora isso normalmente nunca acontecesse quando homens em geral olhavam para ela. Talvez porque normalmente ela não se sentia atraída pelos homens que a fitavam.
– Mas o quê? – resmungou ela, revirando os olhos com desconfiança.
– Ainda me deve uma espada.
Kate riu quando ele começou a dirigir-se para o chalé. Ao ver que ela continuava parada no mesmo lugar, virou a cabeça, jogando os cabelos sedosos para trás e disse:
– Você não vem? Pagou a sua estadia, querida.
Ela então o seguiu entrando no chalé de madeira rústica.
A casa estava bem aquecida devido ao fogo na lareira e apesar de pequena e simples, era aconchegante. Para um homem, ele até que era bem organizado. A casa estava limpa e tinha um cheiro de carne assada. Aquele cheiro a fez lembrar que não havia comido o dia inteiro e seu estômago já tinha até desistido de reclamar.
Olhou em volta, era pequena ao ponto de ela poder ver todos os ambientes da casa, menos o quarto. Ao observar as escadas na pequena sala, pôde entender que só devia subir para o quarto dele. Ficou curiosa a respeito, mas logo obrigou-se a pensar em outra coisa.
– Posso tomar um banho? – Perguntou ao ver a porta da sala de banho aberta e uma tina bem convidativa aparente.
– Ah, engraçadinha! – Ele riu. – Minha tina não é para ladras de cavalo que quebram minhas espadas. Se quiser banho tem um lago bem extenso ali fora, vê? – Ele apontou com ironia.
– Como é? – Ela pôs as mãos na cintura irritada.
–Você pediu para ficar, mas quem impõe as regras sou eu! Se quiser banho, vai ser no rio; se quiser suas roupas limpas, você mesma vai ter que lavá-las, e está bem claro que aquele sofá atrás de você será sua cama. A única regalia a qual você terá direito é comida, pois posso ver pela sua cara que não come há um bom tempo, não?
– Quem disse que eu esperava dormir na sua cama? – Agora foi a sua vez de dar um riso de escárnio. Abriu a porta para falar aum palavrão mas desistiu e saiu batendo os pés com força até o lago. Bastian balançou a cabeça rindo. Aquilo seria com certeza uma experiência diferente. Era engraçado irritar aquela mulher e ele aproveitaria muito bem aquela oportunidade.
– Ei! – gritou ele da janela enquanto arrumava a mesa. – Você esqueceu o sabão! Jogou na direção dela um sabão e uma toalha, tentando entender porque ainda estava sendo solidário com aquela mulher.
���.L�y
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LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)
Historical FictionLIVRO REGISTRADO! PLÁGIO É CRIME! Inglaterra, 1740. Num mundo dominado por longos vestidos, joias, bailes e sutilezas, Kate e Bastian são duas exceções, cada qual a seu modo. Enquanto todas as mulheres busca...