Capítulo 3

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Camilla

Entro em uma lanchonete e compro uma água, volto em direção a praça, sento em um banco e fico esperando a Malu.

- Você é nova aqui né? – Um menino se aproxima e me pergunta sem jeito.

- Sim! – Falo sorrindo.

. - Me chamo Gustavo. - O garoto fala estendendo a mão e sentando em minha frente.



Ele tem vinte anos, seus pais são donos do restaurante aqui da frente, e ele também é da universidade pública da cidade, já sei de tudo isso porque ele está tagarelando enquanto me faz sorrir,  descobri que as pessoas aqui são bem receptivas e meu novo colega está me deixando bem a vontade.

- Mila! - A Malu fala se aproximando. - Guga?, vocês se conhecem? - ela fala enquanto abraça ele, em seguida me dá um beijo no rosto e se senta ao meu lado.

Conversamos e comemos o resto da noite, nunca foi tão fácil fazer amizades, sorri tanto que me dói o estômago..

Voltando pra casa me despeço do Gustavo, ele mora uma rua abaixo da minha, ando descontraída já perto de casa, mas paro ao ver que a camionete ainda está parada no mesmo lugar, meu corpo congela instintivamente, tento voltar a respirar e forço minhas pernas a continuarem, mantendo na cabeça o pensamento de que sou uma boba, e qualquer policial ou segurança guarda uma arma na mochila, ou duas.. Fecho minhas mãos em punho e ando rapidamente com uma vontade enorme de correr, mas isso chamaria atenção, então ando apressadamente me odiando por não ter pedido pro meu pai me buscar, ou pro Gustavo me acompanhar, não gosto de pedir nada a ninguém, e como a Jessica sempre me diz, esse orgulho ainda vai acabar me matando, droga! espero que não literalmente..

Suspiro ao passar pelo carro, mas ainda não diminuo a velocidade dos meus passos.

- Espera! - Escuto a voz de um homem atrás de mim, então me viro cautelosamente.

- Só queria te agradecer, por ter me avisado que.. Bom..- ele fala sem jeito, seus olhos são intensos, está escuro mas consigo analisar o homem lindo e assustador em minha frente, seus cabelos são meio espetados, bagunçados e escuros, seus olhos são pretos e possuem um mistério, sua barba está por fazer e ele é alto e forte, veste uma blusa de manga longa preta, que marca os músculos de seu peito, ele está parado na calçada e suas pernas entreabertas, veste uma calça jeans e se escora no carro, sua expressão é assustada e ele é assustador, mas muito, muito gato.

- hmm, por nada, eu acho.- A última palavra sai em um sussurro, e minha voz falha em toda frase. – Você é policial? – Pergunto sem pensar muito.

- Não..- Ele fala se aproximando e instintivamente dou um passo para trás.- Mas uso aquela.. Arma, por defesa, já fui assaltado várias vezes.. Você me entende né? - enquanto fala ele se aproxima mais.

.

- É só por precaução com minhas lojas sabe..

O silêncio paira sobre nós e sua expressão se suaviza.

- Você é nova aqui? - Ele pergunta a um metro de mim.

- Sim, é.. eu preciso ir. - Falo colocando o cabelo atrás da orelha enquanto me viro.

- Espera, você quer que eu te acompanhe? - Ele pergunta apoiando sua mão em meu braço fazendo o lugar formigar com seu toque. - Já está tarde, pode ser perigoso.

Que ironia, a dois minutos atrás ele era o perigo.

- hã não precisa, eu moro naquela árvore.- Falo apontando. - Não na árvore, é.. Na casa atrás dela, enfim, é perto, obrigada. - Falo desajeitada.

- Mas lá não é a casa do Carlos Eduardo? - Ele pergunta curioso.

- Sim, ele é meu pai. - Falo indiferente.

- Sério? que bom! Não sabia que ele tinha filha..

O Cadu é o gerente da minha oficina, trabalha comigo a anos, é uma ótima pessoa. - Ele sorri, e então vejo seus dentes branquinhos, e pisco para me concentrar, que sorriso desconcertante.

Sem perceber estou sorrindo também com um frio estranho na barriga, ele parece tão novo, na verdade parece ter uns vinte e quatro anos mas para já ter uma oficina, é novo..

- Me chamo Filipe. - Ele estende a mão pra mim, e sinto meu rosto esquentar, estou agindo feito uma menininha assustada que não sabe o que falar.

-Muito prazer sr Filipe, sou Camilla. - Consigo falar sem que minha voz falhe, enquanto sinto o aperto de sua mão grande e quente.

- Ah por favor, nem mesmo seu pai me chama de senhor. - Ele sorri de canto e pisca um olho.

Sorrio completamente sem jeito e falo. - Preciso ir Filipe, como você me lembrou, está tarde, o senhor Cadu é gente boa mas nem tanto. - Sorrio amistosa.

- Não quer mesmo que eu te acompanhe? - Ele pergunta.

- Não precisa, obrigada. - Falo simpática.

E saio andando em direção a minha casa, tentando reprimir todo o emaranhado de pensamentos confusos que se formam dentro de mim.

- Boa noite pai. - dou um beijo em sua bochecha enquanto ele me cumprimenta e vou pro meu quarto, coloco um pijama confortável e me deito na cama

AMOR PROIBIDO - CONCLUÍDO Where stories live. Discover now