Capítulo 1

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CAMILLA.

Você já foi dormir imaginando uma vida perfeita? Situações perfeitas em sua vida, onde só acontece o que você quiser? Era o jeito mais fácil de dormir sem ficar pensando em toda merda que está acontecendo, quando não estou com sono suficiente para deitar e simplesmente deixar o cansaço me consumir, eu fico pensando em coisas nada relevantes, ou tentando descobrir como será o próximo capítulo da série, ou coisas mais bestas ainda, então prefiro imaginar que sou linda, rica, e que tem alguém terriveldemente apaixonado por mim, alguém assim mais velho, e gato .. é claro que é pedir de mais pra Deus, por isso não sorria da minha cara, até porque não divido isso com ninguém.

Sempre fui alguém muito difícil de fazer amizades, acho que pela minha timidez, ou por ter a capacidade de falar besteira em certos momentos, mas tenho uma melhor amiga, que me aceita e me entende do jeito que eu sou, e agradeço muito a ela por isso, pois não tenho muito com quem conversar.

Já passa de duas horas da madrugada, e o sono não vem, pensando besteira, pensando na vida, pensando na nova vida que me espera, meu vôo é as 7:45, e talvez esteja com insônia pela ansiedade.. Ansiosa por uma nova vida, ou só por uma nova cidade, qualquer coisa pra sair da mesmisse que me encontro, desde que nasci moro em uma cidade grande calorosa, e com uma grande população, mesma escola, mesmos colegas de classe que não devem saber da minha existência, enfim tudo o mesmo, não sei se me mudar para o interior, para uma cidade fria, com pontos turísticos e com pessoas que nunca vi na vida será uma mudança boa ou ruim, morar apenas com meu pai, me dá um ponto de vista melhor disso tudo, não entendo como minha mãe pode ter se relacionado com duas pessoas completamente diferentes, meu pai é um trabalhador, corajoso, simples, meio bruto e sonhador, e não por ser meu pai, mas é um gato;
Bem diferente do meu padrasto, folgado, ignorante que se escora no trabalho pesado da minha mãe, me julga e briga comigo por tudo, se não fosse por minha mãe já teria me mudado a tempos, mas não fiz por medo de deixa-lá sozinha, com ele.

Foi na noite de sexta, da semana passada, que minha mãe decidiu meu destino de amanhã, briguei feio com o João, meu padrasto, sempre tive liberdade e a confiança de minha mãe para tudo, mas de um tempo pra cá o João resolveu me infernizar, sexta fui a uma festa com a Jessica e quando cheguei ele estava me esperando com uma cara enorme de reprovação, como se ele fosse algo meu, foi muitos gritos e discussões, até ela decidir ligar pro meu pai e mandar ele comprar minha passagem, como se eu fosse o problema.

Mas no fim já fazia planos, lá poderei trabalhar meio período, coisa que aqui minha mãe não permite, terei meu dinheiro. Sei que vou sentir muita falta dela e da Jessica, e que posso não fazer novas amizades lá, mas posso vê-las nas férias, preciso dar um novo rumo a minha vida, pois se você não muda, nada muda.

**

- Como foi a viagem? - Meu pai pergunta enquanto coloca a última mala no carro.

- Tirando a dor no ouvido que tive na decolagem.. Foi boa, dormi quase todo tempo. - Falo colocando a caixa de viagem com o meu cachorrinho Thor no banco de trás.

- Você vai gostar da cidade filha, a universidade pública fica perto, e você pode conseguir uma vaga.. - Ele começa a tagarelar e fico feliz por sua empolgação.

Enquanto conversávamos o tempo passou rápido, passamos por uma rua repleta de casas, de todos os modelos, algumas de aparência mais antiga, outras mais modernas, algumas grandes parecendo mansões e outras mais simples, passamos por uma praça típica de interior e um comércio grande e movimentado até ele entrar em outra rua que parecia idêntica à última, ele para em frente um grande portão branco com um gramado bem cuidado verdinho e uma árvore na frente, sinto um frio na barriga, minha nova casa, nova cidade.

O portão se abre e ele entra estacionando o carro em uma grande garagem, e logo vi a casa, ela tem a pintura de um cinza claro desgastado, as janelas e portas são brancas e diversas plantas e flores rodeiam ela, olho maravilhada.

Depois de entrar com minhas malas meu pai  apresenta meu novo quarto,  é simples e arrumado, fico feliz com um banheiro só pra mim dentro do quarto, regalias que não esperava, há uma cama de solteiro, porém grande, um guarda roupa branco e uma escrivaninha com um notebook em cima, tudo em tons claros, nada rosa, acho que ele finalmente entendeu que ja não sou mais uma menina, sorrio lembrando dos presentes que ele me mandava.

- Vou colocar água e ração  pro seu cachorro, fique a vontade, essa casa agora é mais sua do que minha. - Ele sorri desajeitado.

Passo o resto do dia arrumando minhas coisas no guarda roupa, enquanto escuto música animada.

Saio do meu quarto analisando a casa, é tudo bem simples porém bem organizado e limpo, com certeza ele paga alguém pra isso, ao menos terei uma serventia enquanto não começo na faculdade e consigo um trabalho..
Entro na cozinha e começo a procurar algo para comer, meu estômago roncando me lembra de que não comi quase nada hoje.

- Preciso ir ao supermercado amanhã filha.. - Ele fala sem jeito entrando na cozinha. - Hoje teremos que comer fora..

Dou um sorriso em resposta, talvez assim conheça mais um pouco da cidade.

Tomo um banho e me arrumo rapidamente, pois agora que percebi a fome, estou com bastante pressa, coloco uma calça jeans, justa na cor preta e destroyed, uma regata branca e calço um tênis vanz, deixo o cabelo solto, pego um casaco fino cinza e saio de encontro ao meu pai.

No lado contrário ao comércio tem uma rua cheia de restaurantes, bares e  lanchonetes, meu pai estaciona o carro e seguimos andando até um fastfood, talvez o único da cidade, o lugar está lotado e as mesas da parte de dentro todas ocupadas, fazemos nosso pedido e nos sentamos ao lado de fora..

Fico feliz que a noite está fria e sem chuva, adoro esse clima, não fico suando e nem com o cabelo oleoso, e o melhor, é ótimo pra dormir!
.. meu pai sorri e conversa despreocupadamente, acompanho ele em cada assunto me sentindo cada vez mais, "em casa", mesmo sem saber se conseguirei a bolsa de estudos, sem saber nem mesmo qual curso vou fazer, nunca fui boa em nada, sou um desastre em esportes, em cálculos e em várias outras coisas onde eu sempre percebo que não é minha praia, queria ser aquele tipo de pessoa que desde criança tem em mente o que quer ser quando crescer, que já sabe que tem um dom, talvez meu dom seja ser a única a não te dom nenhum, mas se a esperança for a última que morre, ainda tenho chance de nessa cidade descobrir algo que eu goste, começar a faculdade e conseguir um trabalho, afinal só tentando pra saber.

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AMOR PROIBIDO - CONCLUÍDO Where stories live. Discover now