Capítulo Vinte e Dois: O jardim

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Antes de iniciar a premiação, eles serviram o jantar. Era algo divino! Um risoto de frutos do mar. Eu nunca havia comido algo tão delicioso. Vinho branco para acompanhar. Eu gostei tanto que bebi três tacinhas sem nem ver.

- Não pegue uma quarta. – Menezes cochichou para mim. Era ele, meu avô, Leon e eu sentados numa mesa extremamente bem decorada.

Eu estava me sentindo num evento de ricaço. Não havia ido em algo tão fino nessa vida. Com uma decoração tão linda e bem-feita. Era incrível.

Ou talvez, eu tivesse bebido um pouco demais. Porque já estava me sentindo um pouco flutuante. Comecei a beber água para tentar afastar a brisa que pairava por cima de mim.

- Está linda. – Leon me disse no pé do ouvido mais uma vez e me fez sentir um calafrio passar por todo o meu corpo.

Eu sorri e finge que ele não estava falando absolutamente nada. Dei mais uns goles na minha água.

- Leon. – uma voz o chamou e ele se viu obrigado a se levantar. Era algum dos investidores do hostel.

Eu não olhei muito me lembrando daquele jantar estranho.

- Já volto. – ele disse se levantando. – Sinto muito, mas prefiro não te levar comigo. – falou baixinho.

Eu concordei com a cabeça.

- Esse seu namorado é protetor, não é mesmo? – Menezes riu.

Eu ri com ele. – Está aceitando que ele é mais meu namorado do que meu primo, Carlos?

Meu avô me olhou com as suas pedrinhas azuis, chamadas olhos, interessado no jeito que chamei o seu maior capacho.

- Não sabia que andavam tão próximos. – comentou de uma forma séria, mas o encarando eu vi o seu olhar zombeteiro.

- Sim, vovô.

Menezes ficou em silêncio por alguns segundos e depois deu um sorriso maroto. – É, você sabe como essa menina é. Ela tem um pouco do pai.

- Do meu pai?

- Digamos que o seu pai estava longe de ser um filho obediente.

- Imagino. Nem a minha mãe era.

- Selma não era desobediente. Ela era uma lutadora, Carolina. – vi meu avô me surpreendeu mais uma vez na mesma noite. – Digamos que ela era só um pouco teimosa. Característica que você puxou. Teimosia da mãe, desobediência do pai, não havia pior combinação. – e dizendo isso, ele riu e Menezes o acompanhou como se eles estivessem contando alguma piada interna.

- Ha ha ha... – falei virando os olhos. – Vocês são engraçados, heim?

Nesse momento, Leon fez um sinal. Meu avô se levantou. – Preciso falar com eles.

- Meu avô não parece muito empolgado. – comentei vendo-o ir até onde Leon estava com os investidores. O homem que havia me entregado o papel estava entre eles.

- Ele não gostou da atitude de um deles. – Menezes disse nas entrelinhas e eu entendi.

- Eu acho que vou dar uma volta. Estou com a bunda doendo de tanto ficar sentada e parece que nunca vai começar essa celebração de riquinhos.

- Parece que as aulas de Vera não estão surgindo efeitos. – Menezes comentou.

- Estão. Mas, é bom ser rebelde entre amigos.

Ele sorriu. – Não se meta em encrencas.

- Imagina? Eu...? Nunca faço isso. – falei rindo e me levantando.

A Herdeira - Quebrando as regrasWhere stories live. Discover now