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Harry sentiu eles puxarem suas roupas e não conseguiu fazer mais nada a não ser chorar. Viraram-no de bruços, mas tentou se levantar, procurando um meio de sair daquele desespero.

— Calma, delícia, vamos ir com cuidado. — Um deles falou. O medo dominou ainda mais seu corpo e ele começou a se debater, tentando se livrar daquilo.

Aquilo não podia acontecer. Harry estava com tanto medo.

Sentiu uma mão em sua cabeça, empurrando-a para o chão, batendo-a. Sua visão ficou turva e a última coisa que viu foi seu sangue escorrendo pelo chão sujo antes de tudo ficar escuro.

H&L

Harry abriu seus olhos lentamente, tentando se lembrar do que havia acontecido. Sentiu todo seu corpo doer e podia jurar que havia algum osso quebrado. E então se lembrou o que aconteceu. Inconscientemente, sua mão foi trêmula para sua cabeça e sentiu o corte profundo que havia ali.

Começou a chorar, olhando para suas roupas rasgadas, a dor horrível em suas regiões íntimas.

Se levantou lentamente sentindo seu corpo latejar de dor. Andou um pouco zonzo procurando pela sua bolsa, pensando o que seus pais estariam falando de si agora, já que provavelmente havia ficado bastante tempo fora. Provavelmente eles, Amanda e John, nem se importaram e esse era mais um motivo para Harry querer acabar com a sua vida.

Por que aqueles alfas não acabaram com tudo o matando de vez? Teria sido um alívio.

Achou sua bolsa, mas ela estava vazia. Ficou ainda mais desesperado. Como iria contatar seus pais se não tinha um celular?

Tentou olhar ao redor, mas sua visão estava embaçada. Seu corpo estava fraco, sentia que poderia desabar a qualquer momento. A dor o consumiu enquanto andava um pouco até uma parede suja que havia ali. Se encostou nela, andando lentamente, tentando manter seus olhos abertos, apesar da dor quase o fazer desmaiar.

Sentiu um corpo se esbarrar em si o levando ao chão.

— Me desculpa! — falou a voz. Harry tentou reconhecer, mas mal conseguiu ouvir. E então, em um tom desesperado e preocupado, ela continuou. — Oh, meu deus, você precisa de ajuda?! Quer que eu chame alguém?

— P-Por favor, me a-ajuda, eles-

Não conseguiu continuar, pois soluços o tomaram novamente.

Harry sentiu ela o segurar, o ajudando a se levantar e a caminhar lentamente. Não conseguia ver onde estava, só tinha consciência da enorme dor que sentia.

Andaram por pouco tempo, algo que parecia para Harry uma eternidade, e então ouviu um ruído, algo como uma fechadura se abrindo e logo depois o som de uma porta também sendo aberta, junto de um sininho, como aqueles que alguns tipos de lojas têm.

— Vem, entre — falou a voz, o levando pra dentro do lugar. Harry tentou prestar atenção, percebendo que era um lugar cheio de flores e algumas outras plantas. Uma floricultura? — Vou te fazer um curativo, mas acho melhor te levar a um hospital. Você está muito machucado, querido.

Ela o ajudou a sentar em uma poltrona que havia em algum lugar ali e Harry grunhiu de dor.

— O que aconteceu, querido? — perguntou calmamente, pegando uma caixinha de primeiros socorros enquanto fazia um carinho nos cabelos cacheados, tentando fazê-lo parar de chorar.

Harry não conseguiu responder. Só de lembrar do ocorrido voltou a chorar, soluçando, lágrimas descendo por suas bochechas. Fechou seus olhos com força, tentando esquecer a dor que passou e ainda passava.

— Oh meu deus, precisamos falar com seus pais — falou aflita a mulher, ao ver o estado do outro.

— Não! — respondeu ele exasperado. Não queria pensar no que seus pais fariam se soubessem. — E-eles não se importam comigo.

— Oh, meu querido, eu sinto muito. Vem, deixa eu fazer um curativo em sua testa, então eu te ajudo a tomar um banho e nós vamos ao hospital — falou com um sorriso simpático, tentando passar conforto.

Ela fez o curativo, depois o ajudou a subir uma escada que havia ali para o 1º andar, onde Harry supôs ser sua casa. Harry tomou um banho em sua banheira, com ela o ajudando a tirar todo o sangue e sujeira que estava em seu corpo. Ele não conseguia parar de chorar ao lembrar de tudo que havia acontecido, mas o carinho dessa ômega o confortava um pouco.

Na hora de ajudá-lo a pôr uma roupa, ela o deu uma calça de moletom branca e um suéter vermelho, jogando fora as roupas ensaguentadas e rasgadas dele.

Logo desceram novamente, com ela o ajudando e ele gemendo de dor a cada degrau que descia. Entraram em seu carro e ela o levou rapidamente até o hospital.

Enquanto Harry deixava lágrimas silenciosas descerem por seu rosto, sentindo a dor em seu corpo, e apertava a barra do suéter que usava, agradeceu a ômega por tudo o que ela lhe havia feito.

Ela deu um sorriso, segurando a fria mão dele.

— Não foi nada, querido. — Ficaram em silêncio por um momento, mas logo ela perguntou: — Qual o seu nome?

— Harry — respondeu. — E o seu?

— Anne. 

E novamente seu sorriso estava ali, trazendo conforto.

destinyWhere stories live. Discover now