Capítulo XL

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- Mas isso não é um assunto para adultos da sua idade. – Camila explicou. David pôs um bico lindo no rosto, mas logo o tratou de tirar com os inúmeros beijos que Camila dava em seu rosto.

Descer as escadas lembrou-me vagamente da minha caminhada até o avião, quando embarquei para Londres anos atrás. A lembrança surgiu das profundezas de meu desespero ou do medo do que eu estava para enfrentar. Estranhamente podia ouvir minha mente gritando para voltar, mas fugir não constava em meu vocabulário. A vida é muito mais que isso. Fugir é desperdiçar a felicidade, acovarda-se diante de uma barreira. Ergui a cabeça e respirei fundo, não sabia o que estava por vir, mas estava preparada para a brisa como para a ventania.

Nos últimos degraus pude ouvir a voz alterada de minha mãe vindo da cozinha. Não consegui compreender o que ela falava, mas a julgar pelo seu tom não seriamos recebidas com flores.

- Por que vovó está gritando?

- Ela está muito chateada... – deixou a frase morrer. David olhou para Camila e depois para mim como se buscasse respostas àquela gritaria.

- Vai ficar tudo bem meu anjo. – completei mesmo achando que nada ficaria bem. David parecia não acreditar em minhas palavras.

- Você precisa conversar com ela... – Camila murmurou. – talvez eu deva subir até as coisas acalmarem...

- Eu vou atrás delas. – minha mãe surgiu no corredor, mas parou bruscamente assim que nos viu. Camila apertou mais nossas mãos. – Vocês... – apontou o dedo em nossa cara. – eu exijo uma explicação. – Sinu e meu pai apareceram logo em seguida. Dona Clara estava com o rosto vermelho e as narinas infladas.

Camila colocou David no chão e baixou-se para ficar na altura dele.

- Por que você não vai à cozinha e pede a vovó Sinu colocar algo para você comer. – sugeriu.

- O que você está dizendo para ele? – minha mãe exigiu. – Já está o entupindo de mentiras? – David encolheu seu corpinho como medo dos gritos da avó.

- Por favor, Clara, nós podemos conversar calmamente...

- Não me venha com, por favor, sua grande mentirosa. – minha mãe urrou.

- Não chame minha mãe assim. – Camila se levantou. David murmurou e postou-se em frente à Camila como se a protegesse.

Minha mãe olhou para David e depois para mim.

- Você sempre soubesse dessa palhaçada? Responde Lauren. – gritou. - Você fugiu por que não queria ser mãe? Você foi covarde ao ponto de deixar esse menino sozinho? Ou essa aí – apontou para Camila. – é uma mentirosa de primeira linha? Como pude ser tão cega? Esse menino é a sua cara! – exclamou. - Por que você voltou com ela? Ela mentiu! – minha mãe gesticulava furiosamente com as mãos. - Você é tão trouxa assim? Camila não vale nada... Não passa de carcaça oca, por dentro deve ser podre por causa das inúmeras mentiras que criou...

- Não fala assim da Mama. – David disse amuado.

- CHEGA. – Camila gritou. – Você está na minha casa e eu exijo respeito!

- Mãe, por favor, mantenha a compostura...

- Clara se acalme! – meu pai pediu.

Minha mãe olhou para meu pai e depois me encarou. Seus olhos estavam vermelhos e repreensivos.

- E no fim das contas eu sou a vilã? – perguntou exasperada. – Chris sempre me alertou ao me dizer que a Camila não era a santa que dizia ser. – negou com a cabeça freneticamente.

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