Capítulo XXIII

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Lauren POV

Quando sua vida depois de muito contratempo começa a seguir em uma direção calma e seu destino parece estar perto, aperte o cinto, pois algum obstáculo será posto ou aparecerá para tardar sua viagem ou fazê-lo desistir de seguir caminho. Como eu sei? Palavras de uma viajante que desconfiava do asfalto novo e da calmaria que o entardecer trazia. Minha viagem parecia tão utópica que quando avançava dez quilômetros, meu destino parecia afastar-se quinze, mas a estrada tranquila desestabilizava meus nervos de motorista preparada para o pior.

Camila e eu apenas seguíamos um dia após o outro, sem planos para o futuro, sem rotular e nem forçar. Eu tinha a paciência que ela buscava e como recompensa tinha sua presença, seus conselhos de como eu deveria agir com David, eu tinha lindos momentos em família, de um jeito estranho, pois além de sermos lésbicas e mães de um garoto, meu papel na família era como o da tia. Esse papel me torturava todos os dias que eu levantava ou quando chegava o momento de dormir, pois tinha que voltar para casa, pois não me era concedido o direito de ficar e quando ficava o quarto de hóspede era meu destino, frustrante eu sei, mas meus melhores momentos eram quando Camila me permite ficar, pois além de poder contar uma história e ver meu filho cair no solo lentamente junto com minhas palavras, às vezes escapava para o quarto de Camila no meio da madrugada para atormentar seu sono.

A campainha tocou tirando-me de meus devaneios. Quando abri a porta David entrou correndo. – Boa tarde! – ele gritou, sua voz vindo já distante. Olhei para a porta e vi Camila rindo.

- Ele aprendeu ontem na escola que deve está sempre se hidratando, então não se assuste ele estiver sempre bebendo água. Eu já disse que ele não precisa se entupir de água, mas tem seu gene. – resmungou e me entregou a mochila dele. – A consequência é que ele passa mais tempo indo ao banheiro. – gargalhou. Olhei para cima e depois voltei a encará-la.

- Porque as coisas ruins sempre são consequências de meus genes? – cruzei os braços abaixo dos seios. – Ele pode ter muito bem adquirido isso de você com suas manias estranhas. – informei séria. Camila apertou meu nariz e sorriu boba como se eu fosse uma criança birrenta.

- Bom, eu tenho que ir, pois as meninas nesse momento estão à beira de um colapso porque ainda não cheguei. – olhou as horas.

- Eu pensei que tivesse ganhado uma carteirinha de membro do clubinho de vocês... – comentei. Troquei o peso do corpo. – Mas não se preocupe – desdenhei. – eu que sou boa demais para permitir que vocês andem comigo, só David é descolado o suficiente. – dei de ombros.

- Idiota! – Camila olhou para escada e viu David descer calmamente. – Ele está entregue. – disse a mim. - Comporte-se mocinho. – avisou e David afirmou com a cabeça. – Mais tarde venho buscá-lo e vê se você coloca limites nesse consumo de água... – sussurrou.

[...]

David brincava com Banana na sala. O chão estava com uma quantidade, que eu julguei ser impossível de existir, enorme de lápis de cor e inúmeras folhas com seus desenhos. Eu apenas apreciava a leitura de um livro enquanto ele se divertia em seu próprio mundo.

Ouvi a campainha tocar e deixei a sala para abrir a porta julgando ser Camila. O rosto que eu vi na porta foi o que eu menos imaginei e minha surpresa foi tanta que fiquei sem fala.

- Você é uma puta de uma vadia! – Alexa bufou. – Eu preciso encontrar a Taylor no shopping para descobrir que você nunca foi embora.

- Eu fui, mas voltei para ficar. – expliquei envergonhada.

SecretsWhere stories live. Discover now