Capítulo XXXIX

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- Não... – David murmurou. As lágrimas escorrendo aos montes por seu rosto. – Eu sou filho dela... – apontou para mim.

- Você é filho dela! – Chris apontou para Lauren. – A verdade é tão corrosiva quanto purificante... – olhou no fundo dos meus olhos. – Não imagina quantas vezes estive quase ao ponto de dizer... Sempre ruminando porque você disse que sumiria com o garoto. Essa palhaçada precisava de um fim. Eu regurgitava a verdade, mas contra a minha vontade engolia... Diga que estou mentindo Camila Cabello?

A casa estava uma bagunça. Não, minha mente estava uma bagunça. As palavras embaralhavam-se. O silêncio era a confissão, o olhar era a entrega, as lágrimas o grito.

- O silêncio diz muito mais... – as palavras de Chris foram cortadas por um soco certeiro em seu nariz. O grito de horror escapou da boca da mãe de Lauren, olhei para David e ele se encolheu de medo. E naquele segundo, anos e vidas se passaram. Eu me sentia outra pessoa.

- Saia da minha casa. – Lauren apontou para a saída. Chris segurava o nariz que sangrava, tentou revidar, mas Troy segurou seus braços. Não me lembro de tê-lo visto naquele ambiente.

- Calma... – pediu com toda sua paciência. – Você já bebeu demais. Eu te mostro a saída! – o irmão de Lauren tentou sair do aperto de Troy, mas por fim desistiu. Troy afrouxou o aperto e ele se soltou e trotou até a saída.

David chorava compulsivamente e meu coração sangrava com a cena. Dei um passo para próximo e dele e ele saiu correndo.

- David. – supliquei por sua atenção, as lágrimas rasgando meu rosto.

Lauren POV

E de repente eu queria sumir, ser devorada por meus medos. Queria a loucura dos meus sonhos. Eu queria ser acolhida pelas minhas fantasias. Eu queria o equilíbrio e a razão, mas a questão que Chris havia libertado fantasmas, estes que eu trabalhava diariamente para enfrentar, mas ninguém está cem por cento pronto para enfrentar a escuridão de sua cabeça. O impacto das palavras dele podia ser mais devastador que um terremoto.

Troy levou o Chris para a saída.

David saiu correndo e Camila seguiu atrás dele. Tentei fazer o mesmo, mas a mão de minha mãe me segurou.

- Lauren é verdade? – a pergunta foi retórica. Eu só queria correr e saber como estava à cabecinha do meu filho. Se a minha estava um turbilhão a dele devia estar um inferno.

- Eu... – solucei. – Eu preciso ver como ele está... – afastei-me de sua mão.

- Lauren Michelle. – repreendeu. – Eu quero a verdade? – exigiu. O latejar havia dado lugar ao esmagar. Sentia que meu cérebro era esmagado, e até o som mais baixo parecia dez vezes mais alto. O inspirar e expirar irritado de minha mãe pareceu uma ventania dentro de meu ouvido.

- Você já tem a porra da verdade. – fui rude.

- Olha a boca mocinha. – a voz de meu pai trovejou em minha cabeça.

Olhei para a saída e depois encarei meus pais.

Naquele momento me senti em um conto mal escrito, rabiscado por um velho escritor em decadência. Lembrei-me de tudo, te todas as vezes que acordei desejando que a verdade fosse dita, mas eu não a queria daquele jeito. Tão cruel e tão fria. Eu revivi os mesmos sentimentos que tive quando a verdade chegou a minha consciência. Eu relembrei minhas promessas e engoli o medo. Eu era mais forte que os fantasmas que circulavam aquele ambiente. Em minutos eu contemplei a euforia da descoberta, eu não estava só. Senti-me como se visitasse meu cemitério, onde a antiga Lauren, medrosa e covarde encontrava-se enterrada. Eu não desenterraria um passado de fugas, eu seguiria em frente. Eu lamentei por dias minhas escolhas, mas a antiga Lauren continuaria enterrada.

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