- Saiu para levar o David ao shopping.

- Que meigo... Mãe e filho. – Lucy prendeu seu cabelo. – Deve ser uma verdadeira bobona perto dele. – concluiu. – Como foi que todo esse mundo de segredos foi revelado. – refez o coque em seu cabelo. – Confesso que estou com certa curiosidade... – Vero abafou um riso.

- Chegando a minha casa eu conto cada detalhe sombrio. – imitei a voz de Vero. - Aqui não é bem, na verdade... – olhei ao redor. – Não gosto muito de aeroportos, pois tenho péssimas lembranças. – fiz careta. – Mas sobre David e Lauren, ela definitivamente não consegue nem colocá-lo de castigo... – neguei com a cabeça. – E morre de ciúmes dele. – sorri discretamente. – Então não se surpreenda se ela se arder ao ver David e Anne interagindo. – Lucy arregalou os olhos e Vero gargalhou, mas tampou a boca assim que a garotinha remexeu em seus braços.

- Ela vai acordar com um humor do cão, então diminua seus escândalos. – Lucy repreendeu. Vero baixou a cabeça, ela podia ser o que for, mas bastava apenas a sua mulher aumentar o tom de voz, que ela sabia que tinha que parar.

[...]

Em casa Vero acomodou Anne no sofá enquanto eu preparava um café quente na cozinha. Lucy acomodou as bagagens maneiras no quarto de hóspede, que aguardava por elas, as mais pesadas ficariam para Veronica.

- Meu bebê está aquecidinho e ronronando na sala... – Vero entrou na cozinha. Lucy estava sentada, apenas a esperávamos para eu começar o relato. – Passou a viagem quase toda tagarelando, pensei que a bateria fosse eterna. – fingiu limpar o suor da testa. – Ela está na fase do por que e isso é tão fofo e constrangedor. – suspirei ao lembrar-me dos momentos vergonhosos que as perguntas de David me fizeram passar. – Tudo é um grande por que!

- Sei como é isso! – abri o armário e peguei três xícaras.

- Como você lida com esse momento? – Lucy levantou e foi ao armário pegar o pote de biscoito.

- Nos primeiros por quês eu respondia pacientemente, mas não importava a resposta sempre aparecia outro por que até que eu ficava sem argumento. – servi-nos de café. – Depois aprendi a contornar as respostas ou desviar sua atenção. – Lucy pegou um prato e colocou na mesa. – Comida o distrai rapidamente, então tenho isso ao meu favor. – vanglorie-me. Coloquei alguns biscoitos no prato. Vero levantou e pegou adoçante, elas eram uma parte da família e conhecia cada pequeno detalhe da casa.

- Pronto. Comida e bebida na mesa então comece sua história. – colocou algumas gotas de adoçante. – Garota eu te ligo sempre que posso e você nunca se lembrou de mencionar algo como... – mordiscou o biscoito. – Eu terminei com o Seth ou... Sabe aquela branquela gostosa e amiga de vocês? Eu voltei pra ela... Mas não as respostas eram as mesmas. Sempre falando como se ainda estivesse com Seth, "Está viajando", "Está trabalhando", "Está bem...", sempre coisas vagas e a última, que não foi resposta ensaiada, disse que ele mudou o visual... – revirou os olhos. – Custava um relato menos vago da sua vida?

- Queria que eu relatasse todo meu drama pessoal por telefone? – me defendi. Bebi um pouco de café. – Na verdade foi tudo tão confuso. Lembro que eu só conversei com meus pais sobre a Lauren está na cidade dois meses depois que ela descobriu ser a mãe do David. Ela já estava morando com a Taylor e decidida a entrar na vida do filho e infernizar a minha.

- Minha amiga desestruturou o seu mundo de faz de conta. – concordei com o comentário de Lucy.

- Como ela descobriu? – Vero questionou visivelmente curiosa.

- A história é tão longa que vou contar ao longo dos dias que estiverem aqui porque ela deve está para chegar e eu não quero estar aqui nesse momento de vocês. – peguei um biscoito. – Certo dia a Normani ficou de pegá-lo na escola e esqueceu, ele independente como sempre saiu sem ninguém ver e graças a Deus chegou a salvo na casa da Tay, Lauren estava lá e de malas prontas para ir a Miami. Foi nosso primeiro reencontro, trocamos algumas farpas e insultos. Naquele momento eu a tratei como se não me afetasse, mas meu coração e cabeça entraram em choque, em uma pequena batalha que a cabeça ganhou. Ela foi pra Miami e juntou algumas peças soltas e voltou... – bebi um pouco mais. – Quando nos enfrentamos novamente ela já sabia a resposta, mas mesmo assim fez a minha temida pergunta, se David era filho dela. Depois nós éramos gritos e grosserias, eu era. Trocamos ameaças, insultos, às vezes eu queria matá-la, mas nunca soube se na época era porque sua presença me irritava ou abalava o que eu julgava ser uma estrutura bem montada. – olhei para xícara e depois para as mulheres a minha frente. - Meu relacionamento com o Seth, que para mim era feito de aço, no fim foi construindo em cima de areia movediça. Seth decidiu ser engolido e levou consigo tudo o que tínhamos para que Lauren e eu nos acertássemos. E hoje vejo o quanto fui tola ao tentar renegar esse sentimento, ao tentar silenciar meu coração. – sorri boba. Vero e Lucy me olhavam de forma concentrada, acompanhando cada vírgula do meu relato. – Porque eu amo Lauren, eu não amo sua beleza, na verdade suas risadas provocam o rebuliço em meu estômago. Eu não amo seus olhos, não me entendam mal – tentei procurar as melhores palavras. -, quer dizer eles são lindos, mas eu amo o que eles transmitem... O universo de sentimentos particular dela. Eu não amo sua boca, me delicio com as palavras que ela profere. Não há como negar o óbvio. Lauren é minha liberdade ao mesmo tempo em que é minha prisão. Ela me irrita, me provoca, me desloca e faz com que eu me reinvente... – suspirei sem mais palavras ou com palavras demais para ser exposta. Algumas palavras devem ser guardadas para ser contempladas na solidão das lembranças, na nostalgia dos momentos porque quando Lauren não está presente são essas palavras que me acalentam, me ninam e agitam minhas memórias.

SecretsWhere stories live. Discover now