- Cadê meu irmão ? - sussurrei para ele.

- Eu não sei! Os capangas quase me viram, tivemos que nos dispersar.

Olhei para ele e voltei o olhar novamente para Adriana que encarava Alice com desprezo.

- Sabe Matheus, depois de todos esse tempo eu não me arrependo por insistir em você, tenho tantos aos meus pés. Quero desafio!

- Nós fomos um erro, Adriana.

- Eu amava ir até as boates do meu pai, não para me divertir, mas para ver aquelas mulheres sendo usadas como objeto. Era prazeroso ver que eu não era descartavel como elas. Muitos me desejavam, mas poucos me tinham, bem diferente delas. Bastava pagar uma boa quantia que qualquer homem detinha o corpo delas - Adriana sorria, mas seus olhos estavam marejados - Tudo mudou quando te conheci, ou melhor, quando você me deixou. Percebi que sou tão descartavel quanto elas, porém também notei uma grande diferença. Aquelas mulheres são raptadas ou levadas com a promessa de uma vida melhor, e quando descobrem o real motivo de estarem naquelas casas de festa não possuem mais escolha. Quando me dei por apaixonada eu ainda poderia ter dito não à você, mas eu fui boba e aqui estou eu. Fui abusada sexualmente e largada como lixo - ela sorria abertamente. Essa mulher possui algum distúrbio, isso está evidente.

- Você sabe muito bem que não violentei você - gritei, e o eco me fez temer pela minha vida.

- Violentou tudo. Meu amor, minha alma, meu corpo. Eu te amo tanto, Matheus! Sonhei com nossa casa e filhos por tantas noites, até que me dei conta que você só queria me usar.

- Não! Eu te amava, e amava de verdade. Mas seus ciúmes, suas futilidades e principalmente seu consentimento quanto às atrocidades que seu pai faz acabou com todo o encanto que eu tinha por você, eu vi que estava apaixonado por sua máscara, não por você. Eu sofri também.

- Sofreu é? Você se recuperou muito rápido então! Arranjou essa vadia que ainda por cima está esperando um filho seu - ela falou, e eu encarei Alice, que desviou o olhar.

- Filho? - perguntei incrédulo.

- Pela última vez! Cadê o Taylor? Porra! Eu estou aqui não estou? Não era isso que você queria?

- Vê como fala comigo, advogada de porta de cadeia, posso estourar o cérebro dele a qualquer momento. Na verdade é o que eu mais quero! Você precisa sentir alguém que você ama sendo arrancado de você tão brutalmente como matheus foi de mim.

- Não fui eu quem arranquei ele de você. Sua idiotice fez isso!

- Claro que foi você! Eu que deveria estar grávida dele, não você!

Grávida? Como Adriana sabe disso e eu não? Será que estava por perto esse tempo todo? Não consigo entender a atitude de Alice. Não acredito que ela está grávida, e ainda por cima está arriscando a vida do nosso filho desse jeito! É muita irresponsabilidade! Por que ela negligenciou isso? Uma raiva sem igual começou a tomar conta de mim.

- Alice eu nunca vou te perdoar por omitir algo tão importante! - explodi.

- Tragam o Taylor! - ordenou Adriana dando palminhas. Como se tudo fosse um circo e ela fosse a única na plateia.

Um dos capangas que nos trouxe até aqui seguiu para um canto atrás de Adriana. Olhei ao redor e o delegado continuava agachado de forma que nenhum dos outros pudessem vê-lo. Comecei a observar tudo, dentro do depósito havia 5 homens e do lado de fora devem ter ficado uns 3. Será que há outros escondidos esperando ordens da patroa? Nada mais me surpreende vindo dela.

- Alice, você é bonitinha se essa criança fosse nascer, como seria? Com certeza teria olhos azuis e cabelo escuro.

- Como assim fosse nascer? O bebê vai nascer, Adriana! - falei, ela me olhou e em seguida voltou a atenção para Alice novamente.

Defesa Quase PerfeitaWhere stories live. Discover now