Two Pieces

Apresentando a Academia, pequenas mentiras e Conhecidos

CAMILA POV

Eu sempre me perguntei, em toda a minha vida, o que raios Deus tinha contra a minha pessoa. Não, não que eu esteja reclamando de algo. Bem, na verdade estou sim, mas isso não importa. Eu só acho meio injusto, sabe? Eu sempre fui uma garota legal, oras! Eu matava pessoas, tá, eu tinha poderes, tá, mais um ponto aí... Mas e daí? Pessoas são más e poderes são legais, isso não me faz horrível... só a Supergirl. Dã. Mas as coisas não podiam dar certo não?

A minha vida nunca foi consideravelmente fácil. Eu não nasci em um berço de ouro, não tive uma infância cheia de brinquedos ou coisa do tipo. Sempre foi minha mãe e eu lutando por sobrevivência depois que meu pai nos deixou. Na verdade, eu não sabia por que ele havia nos deixado e nem lembrava direito mais como ele era já que eu era nova ainda quando ele se foi. Depois veio um homem (eu nunca conseguia me lembrar ao certo quem ele era), quando ele e a mama se conheceram as coisas pareciam que estavam realmente começando a mudar para a gente, junto com ele, anos depois veio a Sofi e nós finalmente parecíamos uma família.

Mas, como toda a felicidade em minha vida, algo surgiu para acabar com todo aquele conto de fadas.

Em uma quarta-feira qualquer, em um mês qualquer, quando eu estava para completar apenas meus 12 anos as coisas começaram a dar bem errado. No meu aniversário de 12 anos principalmente, porque ao invés de sangue começar a sair pela minha vagina dizendo de uma forma alegre "hey, olhe só, seu útero está descamando, você está tendo uma amostra de parto e isso significa que pode provavelmente poderá ter filhos!" eu ganhei poderes. E é como o tio do Homem-Aranha dizia: com grandes poderes vem grandes responsabilidades, mas eu não estava nem aí para isso. Aquilo havia sido o maior presente de aniversário do mundo! Infelizmente, a menstruação acabou chegando no dia seguinte, nem tudo são flores.

Nos primeiros meses minha família nem ao menos desconfiava de mim, eu conseguia me esconder muito bem deles e ao final da minha escola sempre ia até um galão abandonado perto de nossa antiga casa para testar meus novos poderes. E parecia incrível porque eu sempre descobria um novo a cada dia. Eu acabei parando de usar óculos e minha aprendizagem evoluiu muito, eu era capaz de aprender coisas que meus colegas só viriam a aprender na faculdade.

E então, vieram as ligações.

Minha mãe começou a receber chamadas estranhas toda noite falando para que entregassem "a garota" e de alguma forma eu sabia que era eu e ela também já que sempre que desligava o telefone seu olhar migrava para o meu. Ela e o seu novo marido começaram a agir de forma estranha e falar aos cochichos pela casa, uma vez os ouvi dizer sobre uma tal de "Base 41".

E, finalmente, aconteceu.

Em outra quarta-feira qualquer, em um mês qualquer.

Quartas-feiras são demoníacas! Deveriam tirar esse dia do calendário, ele não é seguro!

Eles invadiram minha casa, homens de terno risca giz e sorrisos estranhos juntos de uma mulher com uma roupa tão branca que era capaz de te cegar. Ela sorria para mim de forma estranha e encarava minha mãe com seus olhos castanhos assustadores com um tipo de repulsa. Eu lembro até hoje de suas palavras... Ela dizia que eu deveria ir com ela e que ela me ensinaria sobre aquelas mudanças em meu corpo, que a Divisão poderia me salvar. Eu não sabia o porquê no momento, mas algo dentro de mim me dizia para não confiar naquela mulher.

Mas agora eu só queria ter aceitado ir com aquela estranha...

Eles tentaram me pegar e eu gritei "não" como uma completa e patética criança assustada. O homem que eu não lembrava o nome não estava em casa, só estávamos eu, Sofia e minha mãe e eu nunca quis tanto saber me defender ou usar meus poderes. Minha mãe me protegeu, a mim e Sofia, e eu nunca estive tão surpresa ao saber que ela conseguia fazer os objetos ao seu redor "voarem" ou que ela conseguisse se correr tão rápido daquele jeito ou enlouquecer seus inimigos, mas não foi o suficiente. Mamãe salvou a mim e a Sofi, mas esqueceu de se salvar.