Capítulo 4| Me Salve

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— Falei com o Querido Alfa. A luta está marcada para daqui sete dias, tempo suficiente para você me passar os segredos dele, como gosta de lutar e seus pontos fracos.

Pego meu celular no chão e sento no sofá, voltando a jogar.

— Você disse que me avisaria com antecedência quando fosse o encontrar, mas apenas hoje passou um recado para ele. Pensou que eu não iria ler o bilhete?

Sorrio e olho para Peter, que estava enchendo um copo com uísque.

— Gosto do suspense.

— E eu da parceria. Coisa que você evita ter.

Tento me concentrar no jogo, mas as palavras de Dulla voltam a me atingir.

Ultimamente estava impossível eu ter paz, aquelas palavras sempre me atormentavam.

"Ele te ama, sempre amou."

Me dava raiva.

Era um absurdo Zac me tirar a paz.

Não! Não.

Dulla que estava tirando a minha paz.

Era ela que deixara um caos, foi ela que dissera tudo aquilo.

Invenção da cabeça dela que me fez acreditar em cada palavra dita.

Tudo culpa dela e de mais ninguém.

Sinto uma fisgada no meu dedo, voltando para a realidade.

A merda do celular havia trincado, pela quantidade de forma que coloquei sobre a tela, fazendo com que um pequeno caco de vidro entrasse no meu dedo.

Resmungo baixinho. Não pela dor, mas sim por ter deixado que Zac controlasse meus pensamentos.

Zac não! Dulla!

— Boa ideia. — Peter diz, brincando com o copo nas mãos, sem tirar os olhos de mim.

Deixo o celular na mesa de centro, trincado e sujo de sangue e levanto do sofá, caminhando até o homem a minha frente.

— Como?

— Se cortar para bancar a vítima. — Ele sorri, sutilmente.

Meus olhos ardem de ódio. Peter sabia que algo me incomodava, de modo especial, que alguém me incomodava.

— Hoje não é o seu dia, garoto. Não brinque com o destino.

Ele arqueia a sobrancelha, em desafio.

Eu não iria jogar tudo fora. Não agora.

Depois do tempo que levei para alcançar o que queria, e quando tinha praticamente em mãos, não iria deixar qualquer imbecil estragar tudo.

Mesmo que o imbecil precisasse imediatamente de uma punição.

Uma queda que levasse a morte...

Talvez excesso de álcool o fizesse cair em uma galho extremamente nocivo a integridade física deste mesmo imbecil...

Seguro o pequeno caco de vidro que havia tirado a instante do meu dedo, poderia colocá-lo no drink dele, o cortaria por dentro.

— O que você tem a esconder?

Ele pergunta, e deixo que a ideia caísse da minha mão.

Não iria jogar tudo para cima, tão perto do final.

— Depende do que procura, lobinho. — Respondi.

O deixo sozinho e me vejo caminhando para o meu cantinho de paz.

Entro no meu quarto. Não tinha espaço para muita coisa ali, apenas uma cama no centro encostada na parede com um guarda roupa ao lado, que também não era grande, mas servia para guardar as poucas coisas que tinha. A janela, que só não era maior que a cama, deixava que a luz do luar iluminasse o pequeno cômodo. Assim, eu não precisava me importar com luz.

Me jogo na cama e encaro a lua. Meus pensamentos a mil. Meu dedo não tinha machucado, nem chegava a ser um arranhão. Mas poderia ser, talvez a dor física me fizesse parar de pensar.

Nele.

Tudo voltava a ele.

O irmão dele estava na minha sala.

A ex noiva dele parecia estar deitada ao meu lado me contado coisas que eu não queria saber. Eu não me importava.

Deveria estar ficando louca. Ou talvez era ansiedade para que amanhecesse logo o dia e eu colocasse um ponto final em tudo isso.

Certeza que era.

Certeza que esse calafrio que percorria o meu corpo era por causa da luta.

Que lembrar de cada toque dele sobre a minha pele a fazia queimar.

Certeza!

Certeza que querer mais, me deixava em chamas.

Era óbvio!

Era óbvio que a vontade de poder voltar no tempo para viver aquilo de novo, me fazia estremecer. Eu precisava sentir novamente.

Claro que era ansiedade me fazendo pirar! O que mais faria eu ficar remoendo cada palavra do que ele me disse? Que as lembranças do rosto dele fosse tão nítida? Que eu tivesse reparado que ele passava a mão no cabelo e puxava a barra da blusa para baixo logo em seguida. Talvez nem ele reparasse nisso.

Era meu dever estudar ele. Por isso sabia disso. Era uma preparação.

Mas e o que senti por Dulla ao vê-la na minha frente? Era inveja. Inveja por ela ser a escolhida, pela sorte grande que ela teve de ficar tanto tempo ao lado dele, de ter o visto sorrir, ou ficar irado. De poder toca-lo quando quisesse. De ter a atenção dele, de forma genuína.

Eu só queria...

O que diabos eu queria?

Merda!

O que estava acontecendo comigo?

Fecho os olhos com força. Precisava descansar, o sono estava me deixando paranoica. Ainda bem que havia bebido um remédio para dormir quando cheguei em casa, esse deveria ser o efeito dele.

Era isso! O remédio fazendo efeito.

O corpo já estava relaxado e a mente parava de girar aos poucos.

Quando os "e se" a invadiram.

E se ele pudesse me salvar.

E se fosse isso que eu queria, bem lá no fundo.

E se terminasse de outra forma.

Eu esperava que Zac me salvasse? E se ele fosse a minha única salvação?

IndômitoWhere stories live. Discover now