-Peça para alguém subir com as malas de minha prima! -Ordenei. -Venha Nicole! -Peguei em seu braço com a mão que estava livre.

-Não consegui chegar a tempo para se despedir de minha prima. E... De sua noiva.

-Não há problemas. De qualquer forma. -Dei de ombros. Nicole me seguiu até o quarto, como ela sempre fez, quando tínhamos bem menos de dez anos, jogávamos tênis toda tarde, mesmo depois que eu cansava, a Nicole vinha atrás, insistindo para jogarmos só mais uma vez, e dessa mesma forma ela seguia-me até o quarto.

-O que tem ai? -Ela gesticulou para caixa.

-Isso é o que eu ia ver, assim que você deixar. -Empurrei a porta com a outra mão. Sentei na cama, Nicole também. Abri a tampa da caixa e ela chegou mais perto. -Pare, Nicole! -A encarei. -Você nunca muda! -Fingi estar chateado.

-Abre isso de uma vez. -A olhei e abri a caixa.

Dentro estava o celular de Aliça juntamente com as chaves da casa e do que ela chamava de carro. 

-Posso dormir aqui? -Ela olhou-me com aqueles olhos de criança.

-Pode! -Baguncei seu cabelo.

-Certo! -Irei banhar em meu quarto e volto para fazer companhia. -Ela levantou. -Se eu ainda conheço o moleque que banhava de roupas engomadinhas no rio do palácio... ele não irá dormir hoje. -Arthur? -Eu a olhei ainda sentada em minha cama. -Eu estarei aqui com você, de verdade.

-Obrigada Chihuahua! Precisava de você aqui. -Sorri gentil. -O dia de amanhã será difícil.

-Sei. -Ela pensou. -O concelho?

-Sim.

-W370?

-Não! -Sorri. O primeiro sorriso sincero em meio a esse buraco na vida.

-Já volto. -Ela sorriu e encostou a porta.

Aproveitei o tempo que Nicole deu-me para banhar. Eu deveria ter mais respeito por Aliça. –Pensei enquanto banhava. –Mas sim, eu iria vasculhar o aparelho celular dela.

Depois de banhar, passei a mão em meus cabelos para tirar o excesso de água e enrolei a toalha na cintura. Vesti a cueca e em seguida um short, Nicole sempre foi o moleque da família, sempre dormimos juntos, e ela sempre me via nessas roupas de plebeu.

Sentei na cama com as pernas cruzadas e peguei o celular de Aliça. Enfim eu poderia usufruir de alguma intimidade dela. O aparelho já não possuía digital, o tenente já devia ter pensado nisso.

-Cheguei! –Um sorrisinho vestindo um macacão masculino surgi na porta.

-Você nunca perdeu o dom de chegar nas horas erradas?

-De quem é isso ai? –Ela gesticulou com a cabeça.

-Isso é sigiloso.

-Ah Arthur! Sem essa! –Ela puxou o aparelho de minhas mãos. –Aliça Hamkins! –Ela sorriu.

-Minha noiva!

-Eu sei.

-Você sempre sabe de tudo. –Deixei a ironia no ar. –Agora me passe.

-Espera! Trezentas e vinte fotos. –Ela me olhou. Peguei o celular e deitei na cama, como um bom imã, ela fez o mesmo e encostou a cabeça em meu ombro. Abri a galeria da câmera.

-Calças? As coisas evoluíram por aqui?

-Não. Essas coisas ela adquiriu na casa da família Hamkins. –Sandy estava no colo de Yan, recebendo abraços de outras pessoas ao redor, conheci o rosto de nossos funcionários. Os pais de Aliça estavam na esquerda ao lado da porta da cozinha e todos estavam de branco. San usava calça e uma blusa comum.

-Passa! –Minha prima passou o dedo.

-Nicole! –Repreendi.

-Sim. –Ela tirou a mão do celular. Mais fotos da festa, dessa vez a imagem estava um pouco borrada, e o rosto de Aliça aparecia por trás da mão que ela punha na frente, apesar de parecer não querer tirar a foto, ela sorria, o rosto estava iluminado e cheio de vida.

Nicole já estava com os olhos fechados, o que foi um presente divino no momento. Ajeitei ela e joguei a coberta branca em cima.

Passei os dedos no rosto de Aliça, o cabelo lisinho caia sobre seu rosto, e os lábios estavam naturalmente corados. Essa é a mulher que eu amo. E esse aparelho celular seria agora... Da realeza.
  Lá fora a chuva ja caia... O único erro: Era a pessoa errada que estava ao meu lado agora. Porém, era o que tinha para hoje. Beijei os cabelos de minha prima e fechei os olhos.

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ImpérioWhere stories live. Discover now