Prólogo

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"Ela ficou esperando para atacar?

Eu era a isca para atrair você?

A emoção da morte

Você sente, é um pecado

Eu me deito com os lobos

Sozinho, ao que parece

Eu pensei que eu era parte de você

Você me amou, e eu congelei no tempo

Faminto pela minha carne

Mas eu não posso competir com a loba

Que me pôs de joelhos

O que você vê naqueles olhos amarelos?"

(David Guetta feat. Sai – She Wolf)

Os homicídios não pareciam ter fim. Estava amanhecendo quando fui informado do corpo que fora encontrado nas proximidades da alcateia, junto com o mesmo modelo de broche que estava perto do corpo das outras vítimas, um M de prata. Nunca havia encontrado alguém que fizesse algo tão belo e cruel ao mesmo tempo. Aquele broche era delicado, bem trabalhado. Trazia consigo beleza impecável e uma história perversa.

Era a marca dela.

Não era o primeiro ataque, aquele M parecia fazer parte da minha vida. Estava aborrecido pela quantidade de vezes que o encontrei deixado estrategicamente ao lado dos corpos. Às vezes, ela mostrava sua criatividade ao fechar o punho das vítimas com o broche dentro, na boca, colocá-lo no pescoço como um colar, ou usá-lo como brinco. Cada cadáver era encontrado de uma forma, nunca do mesmo jeito.

Eu só não entendia o motivo de ser um M. Senso de humor? Ela não podia simplesmente acabar com esse teatro? Parar com todo o drama e a matança? Era o meu povo. Eu tinha o dever de protegê-lo, e com esses ataques me sentia incapaz de fazer isso.

Ela não tinha critérios.

No primeiro ataque, foram três corpos mortos. Eu tinha dezessete anos quando um homem entrou correndo no Palácio, cercado por guardas que o levaram para a sala dos ministros. Segui eles pelos corredores e fiquei perto o suficiente para escutar o que ele falava. Naquele dia, soube que meu pai fora assassinado por uma garota de quinze. É insano pensar que uma menina desprovida de treinamento tenha matado um alfa. Não me permiti ouvir o resto, estava em choque. Sai dali e me tranquei no quarto até minha mãe aparecer. Marcus não era um exemplo de melhor pai do mundo, mas era o meu pai.

Depois do luto, resolvi buscar por informações sozinho, quando minha mãe as negou para mim. Descobri o básico, Scholz de 37 anos traiu o marido com o meu pai. O corno, teve a grande ideia de matar Marcus, ele seguiu a mulher e o amante até uma casa próxima a hotelaria. Era simples, assim como a família que ali morava. Norman Nieto, outra amante de Marcus e peça primordial do jogo. A pobre mulher se jogou na frente do meu pai, para salva-lo. Foi atingida e morta no mesmo instante. O otário, insatisfeito com o erro, atirou outra vez, acertado o que almejava, finalmente. Sua filha viu tudo, e em um ataque de ira, matou os dois amantes e deixou o galhudo para nos informar sobre as mortes. Marcus já estava fraco por causa da bala de acônito, isso favoreceu a garoto.

Quando obtive tudo aquilo, chorei. Safrina Nieto era a mulher que eu me imaginava tendo uma família. Foi por ela que meu lobo sofreu imprinting, e a quem eu havia doado o meu coração. Ela não merecia passar por tudo aquilo, mas aconteceu. Escolheu o caminho errado para seguir e se perdeu.

As investigações não trouxeram algo certo, na verdade não trouxeram nada. As vítimas não tinham ligações entre si, pelo menos não algumas. Além do meu pai e Suyane, os amantes, houve duas famílias atingidas. Brandt Krause de seis anos, filho de Haas Krause, 43 anos e Thomas Hahn de sete anos, filho de Keller Hahn, 49 anos. Fora eles, nada se ligava. Então começamos a fazer suposições, pensamos que ela estava obcecada por mulheres, talvez tinha levado um fora de alguma e queria vingar ou, seguindo a lógica do que aconteceu com ela, era uma forma de "tornar o mundo puro" tirando as infiéis dele. Porém, duas crianças foram mortas, CRIANÇAS! Na terceira vez que ela atacou, fora tirado a vida de uma grávida. Atitudes insanas, então creio que não estaria fascínio por algo.

IndômitoWhere stories live. Discover now