{thirty-nine}

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Abro a porta de minha casa, tentando ser o mais silenciosa possível, para que as minhas colegas de casa não notassem na minha presença. A viagem de carro com Luke, visto que este me tinha dado boleia, tinha sido silenciosa. Depois da notícia que Calum poderia emigrar, o ambiente tinha ficado pesado em casa de Luke. Obviamente, todos tinhamos ficado orgulhosos do nosso amigo e estavamos contentes por ele. Porém, creio que nenhum de nós queria que ele saisse da Austrália.

Faço sinal a Luke, que ainda estava com o carro parado à porta de minha casa, e ele retribui, acelerando rua fora. Tranco a porta à chave e o que parecia ser um nó na minha garganta pode finalmente desatar-se. Lágrimas começam a escorrer pela minha face enquanto eu me sento no chão da sala, desabafando todo o aperto que sentia. Abraço os meus joelhos, numa tentativa de ser mais silenciosa. Todos os momentos que tinha passado com Calum passavam na minha cabeça como um filme em fastforward. A ideia de que a pessoa que mais importava para mim naquele país se podia ir embora fazia o meu nó na garganta parecer ainda mais apertado.

"Nana?" ouço uma voz feminina chamar por mim, mas não sou capaz de reagir, mantendo a cara entre os joelhos.

Passos apressados andam até mim e um corpo senta-se à minha frente no chão da entrada.

"O que se passa, querida?" a voz preocupada, que eu agora consegui reconhecer como a de Ashley, perguntou.

Limpo a cara com a manga da camisola que trazia vestida e inspiro fundo antes de responder.

"O Calum... Ele... Eu acho que ele vai para os Estados Unidos." consigo dizer entre hesitações.

O queixo de Ashley cai ligeiramente ao ouvir as minhas palavras e os seus olhos arregalam-se.

"Para os Estados Unidos? Fazer o quê?" ela pergunta, passando a sua mão pelo meu cabelo numa tentativa de me confortar.

"Ofereceram-lhe uma oportunidade para jogar futebol lá. E... e eu não sei se ele vai aceitar ou não." suspiro, abanando ligeiramente a cabeça.

O olhar de pena de Ashley, que entendia bem o que aquilo significava, estava pousado sobre mim.

"Oh querida, eu la-"

"Eu gosto tanto dele, Ashley..." eu digo, olhando a rapariga nos olhos, sentindo o meu queixo a tremer. "E não é o gostar que passa de um dia para o outro. Eu já não consigo imaginar o que é o meu dia sem ele. É o gostar que eu não queria que existisse, mas acabou por nascer." as palavras ditas por mim formam novamente um nó na minha garganta. "Eu consegui voltar a apaixonar-me por alguém depois de me terem feito pensar que isso já não era possível, e agora há uma séria possibilidade de essa pessoa mudar de país. Eu estou apaixonada pelo Calum, Ashley." as lágrimas que se acumulavam no canto dos meus olhos caem quando profiro estas palavras, sem parar.

A rapariga sentada no chão à minha frente abraça-me, tentando acalmar-me. Sabia que esta informação não era totalmente nova para Ashley, pois já por várias vezes os meus amigos me tinham dado a entender que sabiam que os meus sentimentos pelo australiano tatoado eram muito fortes, mais fortes que apenas amizade. Contudo, era a primeira vez que admitia a alguém o que sentia.

Ficamos naquela posição durante minutos que parecem horas, dias, meses.

"Quando é que ele tem que dar uma resposta?" ela pergunta, com uma voz calma.

"Daqui a uma semana." respondo num tom de voz quase inaudível.

"Vais-lhe pedir para ele ficar?" Ashley faz-me encará-la.

Um sorriso, que não era um sorriso, aparece nos meus lábios.

"Não o posso fazer. Não lhe posso pedir para desistir do sonho dele por mim. Isso não é gostar de alguém. E eu gosto muito dele."

babygirl | calum hoodWhere stories live. Discover now