27. Um lago de verdades

Start from the beginning
                                    

— Amor? — murmurei, enquanto roçava meus lábios devagar contra os seus— Me diga: Isso não é bom?

Bonnie arfava, parecendo desesperada, como se estivesse com um conflito interno muito forte.

— Sim — arfou.

Meu coração disparou.

— Então por que sempre tenta se afastar quando a toco?— questionei, com medo de sua resposta.

Dei um beijo carinhoso no canto de sua boca.

—Eu… Eu… — tentava dizer — Eu tenho medo.

Parei, abrindo os olhos e encarando.

Bonnie abriu os seus, saindo do transe aos poucos.

— Você tem medo de mim? — questionei, não querendo que a mágoa transparecesse em minha voz. Falhei. Ela assentiu.

— Sim… — sussurrou, quase inaudivelmente, como se estivesse confessando algo muito vergonhoso.

Acariciei sua bochecha.

— Amor, eu não vou machucá-la — prometi — Nunca mais — Bonnie ainda parecia não confiar em mim — Eu prometo — murmurei, olhando intensamente em seus olhos verdes como folhas no verão.

A bruxa desviou o olhar e saiu de cima de mim. Foi até perto de sua mochila, guardando as roupas que ela havia jogado por todo o chão da barraca.

— Você… — disse ela, mexendo nas roupas — está se sentindo melhor?

Suspirei pesadamente.

— Sim, estou — murmurei, mas ainda sentia minha pele arder.

Eu não queria que ela ignorasse aquilo, mas também não queria começar uma discussão.

Me estiquei, ignorando a dor lancinante em minha pele, pegando uma camisa cinza. A vesti mordendo o lábio por causa da ardência. Me levantei, abrindo o zíper da entrada da barraca.

— Onde você vai? — murmurou Bonnie, alarmada.

— Eu vou… caminhar um pouco — inventei, sem olhar para ela. E saí da barraca.

O ar da noite me pegou fazendo a pele do meu rosto e de meus braços protestar, mas preferi ignorar aquilo. 

Sentir dor física era melhor do que sentir a dor de ser rejeitado por Bonnie. Aquilo estava acabando comigo.

Eu sentia raiva. Porém, não de Bonnie. Eu nunca conseguiria ficar bravo durante muito tempo com ela.

Ela era o meu amor. Eu estava com raiva de mim  mesmo, por ter sido um monstro com ela, por tê-la machucado tanto. Bonnie nunca mereceu toda minha raiva e meu ódio. Eu descontei tudo nela, porque não tinha mais nenhuma outra pessoa no Mundo Prisão. E agora, eu estava sendo castigado, pois a desejava e a queria tanto, mas não podia tê-la.

— Argh! — esbravejei, chutando uma pedra.

Só que eu estava descalço. E aquilo doeu pra… Bom, doeu muito.

Agarrei meu pé direito, pulando no outro.

— Argh! Sua pedra idiota e… ridícula!— esbravejei mais.

Me abaixei, pegando a tal pedra, querendo jogá-la no fundo do lago, para que ninguém pudesse mais dar topadas nela. E já estava pronto para jogá-la longe, quando alguém gritou.

— Você ficou maluco?

Parei, abaixando a pedra e olhando para a pessoa que estava a alguns metros de mim.  Ela estava escondida entre algumas árvores, mas pude reconhecer sua voz.

Convergência Sombria | Bonkai | EM REVISÃOWhere stories live. Discover now