A Danceteria das Fadas

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  Quando a noite chegou Flan e eu nos produzimos cada qual do seu jeito, o que arrancou suspiros e reclamações de Alanis.


- Por que não usa roupas mais femininas Aimil? Olhe como Flan está bonita e esse colar de falsa escama, nunca mais vai ser removido?

- Não suporto mais seus humores de grávida Alanis, não sei como Malloy te aguenta. – Ajeitei minha jaqueta jeans. – Já disse que tenho meu jeito, não nasci embonecada como você.

- O que quer dizer com isso? Mãe olha a Aimil me provocando!

- Quem está te provocando são esses hormônios filha. – Edna sorriu para nós. – As duas estão muito bonitas. Por favor, não voltem tarde e assim que chegarem à casa de Teobard me liguem e nada de álcool Aimil!

- Já sei de tudo isso mãe, você sempre diz a mesma coisa.

- Para ver se consigo inserir alguma boa instrução nessa cabecinha de vento, não gosto dessa situação do pai de Flan não saber para onde vocês vão, isso é insustentável.

- Mãe, sabe que o senhor Sullivan não permitiria que Flan saísse, ele a mataria.

- Por isso mesmo não gosto de mentiras, não se preocupe Flan, vou pensar em uma forma de contar ao seu pai, com jeito é claro.

- Ó senhora Lace, ele definitivamente me trancaria para sempre.

- Não seja exagerada mocinha, os pais só querem o melhor para seus filhos – Sorriu ternamente. – Conan vai levá-las e, por favor, se cuidem.

- Sim senhora. – Dissemos em coro.

Após um trajeto de quarenta minutos com Conan bancando o irmão mais velho e dando uma verdadeira palestra de como se portar para não atrair atenções indevidas, chegamos à casa de Bard. Claudia já estava lá, cumprimentamos seus pais, deixamos nossas coisas e fomos à tão sonhada Danceteria das Fadas.

A danceteria não era um local fechado como o nome sugeria e sim um imenso terreno descampado repleto de tendas, cada qual com sua música: Eletrônico, Black, rock, folk, havia o que você desejasse. Sempre ficávamos na pista principal, Conan dizia que era mais seguro, em casa tínhamos uma regra quanto a não entrar em tendas de festas organizadas por bruxos, lobos e vampiros, com risco de castigo caso desobedecêssemos, nessas festas em especifico, alem de bebidas costumavam circular drogas, tráfico de sangue e magias mundanas, todos o sabiam, menos nossos pais é claro, mamãe mataria se descobrisse que Alanis e Conan já frequentaram um lugar assim e agora deixavam sua doce caçula ir às festas.

Na pista principal havia um DJ novo e a platéia estava em delírios. Fadas voando para todos os lugares, lobos uivando e doendes saltitavam. Curtimos o som por alguns minutos e nos dirigimos para o bar onde algumas ninfas dançavam sensualmente no balcão, já aturdidas pelo álcool. Bard e Flan pediram cervejas enquanto eu quis um refrigerante diet.

- Qual é Aimil, aproveite que ninguém pede a identidade por aqui e sirva-se de uma cerveja, não vai te fazer mal. – Bard replicou.

- Estou bem assim Bard, sabe que nunca bebo aqui, não quero perder a compostura.

- Nunca perdi a compostura com um copo de cerveja Aimi. – Flan protestou.

- Isso porque você é uma ladie senhorita Sullivan e uma baita enrolona, vai ficar com esse copo de cerveja até esquentar e depois jogará metade na grama, como sempre!

Antes que Flan reclamasse nos dirigimos para pista, onde dançamos por cerca de duas horas sem parar, depois Claudia e Bard foram se encostar em alguma àrvore para namorar, Flan jogou o resto da cerveja fora e quis comprar água, quando estavamos na metade do caminho para o bar trombei com um mulato de um metro e oitenta e dreads, cheirava a hortelã e couro crú, ele me segurou pelos braços para que eu não perdesse o equilíbrio.

- Me desculpe Garret. – Fiquei imediatamente vermelha.

- Que é isso Aimil, eu é quem devia me desculpar, ou não, a verdade é que é sempre um prazer trombar com você, então, hoje vai me deixar te pagar uma bebida?

- Nada de bebidas hoje, preciso estudar amanhã.

- Essa foi a pior mentira para me dispensar Aimil, definitivamente a pior.

- Mas é verdade, já lhe disse o quanto estudo.

- Conversamos há séculos Aimil. – Se aproximou mais passando a sussurrar em meu ouvido. – Acho que devíamos ir para algum lugar mais reservado para botarmos a conversa em dia.

- Pensei que ia tocar hoje. – Engoli seco, Garret tinha o dom de me deixar encabulada.

- Pois vou, daqui a pouco, dedicarei uma música para você.

- Não é necessário...

- Faço questão. – Afagou meu cabelo. – A verdade é que não sei muito bem, mas você me enfeitiçou Aimil, esse seu cheiro é de deixar qualquer lobo de pelos em pé, não quer nem dançar comigo?

- Estou com uma amiga Garret, não vou deixá-la sozinha.

- Que seja, depois nos falamos, não vou ficar te rodeando como um cachorrinho, mas também não desisto da minha presa tão fácil. – Deu um beijo em minha bochecha e desapareceu no meio da pista.

Flan voltou para o meu lado.

- Puxa, esse lobinho é mesmo insistente, não vai te causar problemas?

- Não, ele parece inofensivo.

- Aimil, diria que Garret é tudo menos inofensivo.

- Esqueça o que passou Flan, eu já o dispensei, agora vamos para o bar pegar sua preciosa água!

A fila para o bar mais próximo era gigantesca, então nos dirigimos para a tenda dos humanos, que parecia um pouco menos caótica, uma banda de pop tocava. Encostei-me em uma pilastra buscando ar, sentia-me novamente cansada, como se uma força invisível estivesse sugando minhas energias, não estava prestando muita atenção com o que acontecia na tenda.

Olhei para saída, um pouco mais longe, próximo a floresta, havia uma tenda maior recoberta com um tecido negro, de lá podia se ouvir um metal pesado, todos próximos a tenda estavam vestidos de preto, com uma tez pálida, pareciam fantasmas em meio à multidão. Eram vampiros, tinha certeza, tão distantes de tudo e ao mesmo tempo próximos, a espera de sangue novo, por isso sempre se colocavam perto da tenda dos humanos, eram mais fáceis de persuadir do que os outros seres, alguém teria que ser realmente idiota para ir à tenda dos vampiros sozinho.

Mal tive tempo de pensar, quando vi uma garota de botas e shorts com tachinhas, ela parecia realmente pequena e frágil de costas, seu braço era sustentado por um rapaz de sobretudo, o garoto loiro devia ter cerca de dezesseis anos, pela brancura percebia-se que era um vampiro e agora usava de seu ar mais encantador, sussurrando ao ouvido da menina de cabelos castanhos e quando ela se virou para ele, sorrindo com seus rasgados olhos de lobo, entrei em pânico. Cinnia Lestyn era uma enorme fonte de problemas!

 Cinnia Lestyn era uma enorme fonte de problemas!

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A Era dos Dragões I: A Origem da Magia #degustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora