Balança de Poderes

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  Nervosa, bati com o joelho na quina da mesa.


- Ai! – Saltitava em uma única perna, quando me lembrei de que o príncipe Doru ainda está ali. Xinguei mentalmente, tentando assumir uma postura ereta.

O homem continuava parado em frente à porta, me encarando, não fez nenhum comentário, sua expressão era como uma folha em branco, o que me desestruturou completamente.

Levei cinco segundos para ir de ladie a uma perfeita criança sendo pega em flagrante.

-Ó, por favor, por favor, não conte ao Sr. Sullivan, prometo que darei um jeito de concertar, não deve ser difícil, tenho um amigo que é bom com essas coisas, falarei com Flan e tudo ficará bem... A não ser que minha mãe descubra ai tudo ficará negro. – Tapei a boca. – Eu não quis dizer negro no mal sentido, quer dizer, não me referia a um clã e sim a algo nublado, nada haver com o senhor é claro. – Tapei a boca novamente, nunca me sentira tão idiota em toda a minha existência.

A expressão de Doru Neculai se suavizou, por um instante seus olhos pareceram brilhar de divertimento. Entrou na biblioteca encostando a porta, fiquei histérica.

- Vejo que já sabe quem eu sou. – Doru se dirigiu ao meu lado, sem me olhar, apenas observava a peça que eu havia quebrado. – Que interessante, não via uma dessas há muito tempo.

- E o que é? Acha que custa quanto? – Entortei os lábios de desgosto.

Doru não resistiu e sorriu, acho que nunca tinha visto dentes tão alinhados e brancos.

- Isso é uma balança de poderes senhorita...

- Aimil, Aimil Lace.

- Dando-me o nome completo, posso pressupor que não fugiria da cena do crime sem deixar vestígios?

- Crime? – Engoli seco. – Juro que não, a minha melhor amiga é a filha do senhor Sullivan, você a conheceu na festa.

- Sim, eu a vi, vocês sentaram juntas durante o leilão e no jantar.

Meu coração deu um salto. Ele havia reparado em mim? Mas será que tinha tido uma boa impressão? Com o último acontecimento tinha certeza de que não.

- Eu não queria quebrar essa tal balança, acho que deve estar desregulada, quando a toquei não se moveu de novo.

- Interessante... – Doru tocou o peso que estava pendendo, o com o símbolo vento. – Esta balança não é fabricada há mais de vinte anos, é uma invenção élfica, ela representa os quatro elementos que habitam na áurea dragoniana: Terra, fogo, água e vento.

- E porque ela pende para o vento?

- Não o sabe?

- Não tenho a mínima ideia. Eu realmente a quebrei não foi?

- Bobagem, ela são extremamente resistentes, deve estar desregulada.

- Está falando sério? – Não aguentava de tanta felicidade.

- Sendo amiga da filha de Taban pressuponho que também seja do clã vermelho. – O príncipe dirigiu seu olhar para mim. – Um exemplar da terceira escala?

- Sim, sou meio humana assim como você. – Tapei a boca novamente. – Desculpe, não queria ser grosseira.

- Não está sendo grosseira, sim, também sou meio humano e tenho orgulho de meu sangue, meu bisavo é o grande dragão negro, que se apaixonou por uma humana camponesa, gerando a família Neculai.

- Você disse bisavo? É surpreendente, no clã vermelho estamos distantes do dragão vermelho por pelo menos 10 gerações, sua áurea deve ser extremamente forte.

- Vejo que seu nervosismo deu lugar a um interesse histórico, ou pode ser biológico? A realidade é que minha família é a mais próxima do contato com os dragões, talvez por isso sejamos tão temidos.

- Temidos por quem?

Doru sorriu novamente. Com seu um metro e noventa abaixou-se ficando próximo de meu rosto.

- Por você tenho certeza de que não é senhorita. – Sussurrou. – Acho que já está na hora de se retirar Aimil, hora de boas meninas irem para cama.

- Mas e a balança?

- Não foi sua culpa, está tudo bem.

- Mas eu não devia ter mexido nela.

- E qual seria a emoção da vida se não quebrassemos regras? Está tudo bem, esse será o nosso segredo. – Piscou.

- Obrigada.

- Eu é que agradeço pela conversa Aimil, foi o momento mais divertido da festa.

Aimil fez um aceno de cabeça se retirando, sentia-se uma perfeita palhaça.

A menina mal saiu e um dos homens de terno caro que acompanhavam Doru entrou na biblioteca.

- Meu senhor. – Fez uma leve inclinação. – Sua presença está sendo solicitada na piscina.

- Espero que sejam bons charutos.

- Não está contente com a festa, algo lhe desagrada?

- Muitas coisas me desagradam nesse reino, estou aqui por extrema necessidade, mas algo me diz que minha vinda aqui vai ser mais proveitosa do que pensava. – Doru tocou na base de vidro da balança, que mudou de posição, agora dois elementos pendiam: água e terra. – Adoro surpresas. – Sorriu pretensioso.

 – Sorriu pretensioso

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A Era dos Dragões I: A Origem da Magia #degustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora