Você me pertence...

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Novamente me deparei com o precipício. Já perdi a conta de quantas vezes sonhei com esta cena. Meu subconsciente me alertava de que aquilo não era real, porém meus sentidos diziam o contrário. Podia sentir o cheiro do orvalho, a terra úmida entre meus dedos dos pés e o vento bagunçando meus cabelos.

Olhei para baixo, o aglomerado de nuvens impedia que visse o fundo. Não tinha a mínima noção da altura nem do que o abismo escondia, o vento estava mais forte, sentia vertigem, como se fosse perder o equilíbrio.

Sentia-me cansada, meu corpo fazia um apelo silencioso para que desistisse de tudo, do medo, das ilusões, de lutar contra o vento e simplesmente me deixar cair, entregando minha mente ao desconhecido. Senti uma força invisível me puxando, apenas mais um passo, um único passo e estaria livre da terra.

Diferente dos outros sonhos uma voz sussurrou em meu ouvido.

- Aimil, venha para mim Aimil...

- O quê? – Olhei para os lados, mas estava só. – Quem disse isso?

Olhei para baixo, as nuvens pareciam se agrupar, ficando cada vez mais densas.

- Aimil, Aimil... - O sussurro provinha debaixo. – Venha para mim Aimil.

- Eu não posso. – Surpreendentemente não sentia medo e sim um sentimento de ansiedade, que me doía o estômago. – Me diga quem é você e por que fico tendo esses sonhos?

- Eles estão cada vez mais perto Aimil, venha para mim, eu te protegerei.

- Eles quem? Do que está falando? – Me ajoelhei procurando achar o dono da voz. – E por que você se esconde?

- Eu não me escondo Aimil. – A voz foi ficando cada vez mais grave. – Sempre estive aqui, aguardando-a.

As nuvens tornaram-se negras, lançando raios como em uma tempestade.

- Você me verá quando estiver pronta.

- Eu não vou pular, não posso!

- Está em sua natureza Aimil. Você me pertence e isso fica mais visível a cada dia.

- Não, eu não pertenço a ninguém! – Me virei para correr, mas fui atingida por um morcego em pleno voo.

As unhas do animal machucaram o meu rosto. Sentia o sangue quente escorrendo pela bochecha, ainda sim corri apressada tentando me afastar ao máximo daquele local, mas o meu caminho foi impedido por um enorme lobo negro. A criatura era moldada por músculos e força, seu rosnado indicava perigo e seus olhos amarelos demonstravam terem achado a caça.

Não conseguia me mover, o medo me congelou por completo e quando o lobo saltou sobre meu corpo indefeso, o recebi com um grito.

Despertei suando frio, meu coração parecia querer sair pela boca. Olhei para cama a minha esquerda, vovó dormia calmamente. Respirei fundo, tinha certeza que ia enlouquecer com aqueles sonhos, aceitaria o conselho de Flan e procuraria um médico na semana seguinte. 


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A Era dos Dragões I: A Origem da Magia #degustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora