O Clã Negro

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  Ao descermos já nos deparamos com o senhor Sullivan e algum de seus convidados.

- Como estava dizendo essa é a minha preciosa filha Flan e esta é sua amiga Aimil Lace, ela é a filha do falecido Fergus Lace, mais um ano e seu pai teria sido presidente do Clã dos humanos. – Me deu dois tapinhas nas costas.

Sorri educadamente, a verdade é que por traz do terno de 15 mil rubros e o sorriso de bom samaritano eu achava Taban um interesseiro de marca maior, toda vez que me apresentava para algum de seus amigos tinha a necessidade de citar a carreira de meu pai, vivia me perguntando quando esse interesse diminuiria e ele passaria achar que eu não servia mais para ser amiga de sua filha, Flan vivia em meio a um vespeiro e eu temia por seu futuro.

Sorrimos para todos os convidados que chegavam, alguns da terceira escala, a maioria da segunda escala, sim, havia dezenas de meios gigantes e Sullivan fazia questão de elencar os dotes de sua filha para cada um, aquilo realmente cansava, me dirigi até o extremo do salão para pegar um copo de água com gás e limão, me dispondo um pouco afastada de toda aquela gente.

Vi de longe quando três homens que eu nunca havia encontrado antes chegaram ao salão, não havia como não nota-los, vestidos em ternos negros com colete de seda, pareciam transpirar riqueza, luxo e mistério. Conforme caminhavam os outros convidados abriam passagem, um deles se adiantou cumprimentando o senhor Sullivan e beijando a mão de Flan, a garota ficou imediatamente vermelha, confesso que eu também ficaria, o estranho devia ter cerca de trinta anos, tinha cabelos negros encaracolados de tamanho médio e barba por fazer, ele parecia diferente de tudo o que havia naquele salão, mas ao mesmo tempo era respeitado por todos, trocou duas palavras com o senhor Sullivan e se dirigiu para outra parte do salão. Por alguns segundos se fixou em mim, seus olhos eram extremamente negros, não consegui enxergar sua íris, meu coração disparou em um misto de medo e ansiedade, mas acho que ele não percebeu, no fim acho que não estava realmente olhando para mim e logo achou um convidado mais interessante para conversar.

Flan me encontrou.

- Aimi por que me deixou sozinha? Tive que encarar o príncipe, prendi tanto a respiração que quase morri asfixiada!

- Príncipe?

- Não finja que não o notou, toda festa o fez, aquele é Doru Neculai, o primeiro filho do rei do clã negro.

- O clã negro? Nunca os havia visto, então ele também é um meio humano?

- Sim, mas o do tipo que meu pai gosta: Rico.

- O que eles fazem no reino Rubro?

- Confesso que também fiquei surpresa, vieram tratar de política, parece que tem algo haver com uma sociedade, papai que está cuidando dos tramites.

- Nunca vi o poder desse clã, queria saber como é possível equilibrar em uma mesma áurea a força do elemento terra e da água.

- Pois então pergunte ao nosso visitante, aposto que ele vai adorar dar uma demonstração de força, parecia tão seguro...

- Até beijou sua mão...

- Você viu? – Flan colocou as mãos nas bochechas. – Hoje em dia ninguém mais cumprimenta dessa forma.

- Apoio o retorno do cavalheirismo antigo.

- Você tem meu voto.

Nós duas rimos nos dirigindo para sala do leilão.

A segunda surpresa da noite foi a chegada de Rafer Teris e de seu pai, o segundo abraçou o senhor Sullivan como se fossem melhores amigos, tirando a realeza negra, eram os únicos da primeira escala presentes no evento e o top model Rafer fez questão de salientar isso não nos cumprimentando e sentando o mais longe que podia dos humanos.

O leilão foi regado a champanhe, uma estratégia para desinibir os compradores, havia nove conjuntos de xadrez, alguns extremamente feios para meu gosto, mas conseguiram angariar oito milhões de rubros.

No jantar a entrada foi fígado de pato cozido, o prato principal foi vitela e cuscuz de cogumelos, o qual quase engasgou Flan quando percebeu que Rafer encarava-a com um olhar de implicância.

A sobremesa, um mini bolo morno de chocolate com calda de laranja e castanhas, foi servida no salão principal, onde o senhor Sullivan incentivou seus convidados a explorarem o primeiro andar de sua casa, vendo suas obras de arte e aquisições de viagens ao estrangeiro, dentro de uma hora seria servido uísque e charutos a beira da piscina. Essa era a deixa para Flan e eu escaparmos, infelizmente nosso o plano foi interrompido pelo Sr. Sullivan.

- Flan, gostaria que você mostrasse os conjuntos de louça de sua mãe para os Teris, Rafer tem interesse em dar algo diferente de aniversário para sua tia.

- Ele tem? – Encarou o jovem que parecia ainda mais incomodado do que ela.

- Não seja descortês filha, nossos convidados merecem a melhor hospitalidade.

- Sim papai eu e a Aimi...

- Aimil pode ficar um tempo sem você filha, isto é, ela já viu essa coleção centenas de vezes, deve estar ansiosa por ver outras obras de arte, trouxe uma incrível tapeçaria para biblioteca em minha última visita a cidade de Cobre, vai gostar Aimil, lembrar de suas raízes.

- Claro Sr. Sullivan. – Sorri novamente me retirando e deixando uma Flan desesperada.

Taban Sullivan tinha marcado outro ponto no quesito afastar Flan dos humanos e eu parecia ser cada vez mais uma ameaça para sua amada filha, mas nunca desistiria de Flan, seria capaz de enfrentar uma orla de advogados furiosos por minha amiga.

Dirigi-me a biblioteca para ver a tal da tapeçaria, não havia ninguém, confesso que era maravilhosa, retratava o porto principal da cidade de Cobre, com seus barcos e o mar do qual tinha tantas saudades, dei dois passos para traz, admirando a paisagem, tropecei em uma mezinha derrubando algo. Meus reflexos nunca haviam sido tão bons, peguei o objeto a centímetros do chão, era uma caixa de madeira com inscrições em elfo antigo, isso instigou minha curiosidade, não costumo mexer nas coisas dos outros, mas não resisti e abri a caixa, retirei um objeto esquisito, ele tinha uma base de vidro com uma armação metálica de quatro pontas, em cada ponta havia pesos com inscrições que consegui ler: Água, fogo, terra e vento.

Coloquei o instrumento em cima da mesa, para minha surpresa o peso de elemento fogo pendeu, tal como se fosse uma balança, sorri achando- o fascinante. Toquei de leve a base de vidro e a balança se alterou, agora o elemento mais pesado era o vento, toquei novamente esperando a mudança, nada aconteceu, mais duas tentativas e já estava desesperada.

- Ai minha nossa, eu quebrei!

- O que pensa que foi quebrado?

    Assustada, virei na direção da porta, me deparando com um par de olhos negros. 

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A Era dos Dragões I: A Origem da Magia #degustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora