Policial de Corredor

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Tentando me acalmar das novidades comi meu lanche em silêncio, Flan e eu resolvemos não ficar para premiação de esportes, assim, enquanto ela ligava para o motorista, fui pegar o livro de cálculo.

A biblioteca do colégio Lestyn poderia ser dita como moderna e grandiosa. Havia quatro andares, que eram acessados por uma rampa em espiral, algumas áreas eram restritas. Os alunos do fundamental só podiam acessar o primeiro andar, o colégio tinha acesso aos três primeiros andares e o último era restrito aos professores. O livro que queria se encontrava no segundo andar.

Retirei o cartão magnético, passando pela catraca, fui à seção de matemática para os alunos do primeiro ano, que ficava ao lado da de física, achei o livro rapidamente, já era um "companheiro meu". Passava cerca de 20 horas por semana na biblioteca, momento em que mais me dedicava aos estudos, dava tudo por um tempo de paz, sentada nos pufes que ficavam no extremo do segundo andar, preferia eles as salas de estudo do terceiro andar, mas hoje era sexta-feira, um dia de festa!

Ia dando a volta para acessar a catraca e registrar o livro no sensor, quando me distrai com uma música, era uma voz feminina cantarolando um refrão de rock que eu adorava. Lentamente caminhei até a voz, na seção de literatura estrangeira uma menina estava sentada no final do corredor, tinha um enorme livro de viagens marítimas lhe tapando o rosto, mas já desconfiava de quem era, seja pelas meias arrastão com tênis de cano alto preto, ou pelas unhas com glitter amarelo e os shorts mais curtos mostrando total desrespeito pelo uniforme e quando ela retirou o livro do rosto, mostrando seus olhos de lobo e uma cara de surpresa por ter sido descoberta, tive certeza de que Cinnia Lestyn realmente era muito diferente do irmão.

A menina fez menção de correr, mas bloqueei seu caminho.

- Acalme-se, não vou te dedar.

- Seriamente? – Me avaliou cima a baixo. – Pois me parece que você é uma daquelas policiais de corredor, sempre farejando os criminosos.

- Cometeu algum crime?

- Puxa. – Revirou os olhos ajeitando os cabelos castanhos repicados com navalha. – Então é do tipo chantagista, bem, quanto isso vai me custar?

- Deveria criar juízo Cinnia e não falar com os mais velhos desse jeito, se te pegam em um andar não autorizado vai levar uma advertência!

- Percebi logo que me conhecia, desde o começo, mas quem não conhece, se não vai me dedar então tome o seu caminho e não de uma de puritana para o meu lado, já não sou criança!

Respirei fundo analisando o livro na mão da menina.

- Também ansiava o segundo andar.

- O quê?

- Quando tinha a sua idade, talvez bem antes, achava os livros infantis demais, não via a hora de chegar ao colegial e ter acesso ao resto da biblioteca, quando pude fiquei quase um mês por entre essas prateleiras.

- Puxa, que nerd.

- Não sou eu sentada em um corredor pouco iluminado perto da hora do almoço.

- Não deveria responder a uma princesa dessa forma, eu poderia te punir, transformar sua vida em um verdadeiro inferno escolar.

- Pois tente piorar minha vida escolar, te desafio e exija meu respeito quando se portar como uma verdadeira princesa, majestade...

A menina abriu os olhos como pratos.

- Nunca nenhuma aluna falou assim comigo! – Aumentou o tom de voz. – Ninguém tem a ousadia... - Sorriu. – Adorei você garota!

- Gosta de mim por que te tratei mal? – Não acreditava naquilo.

A Era dos Dragões I: A Origem da Magia #degustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora