Uma Nova Era

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  Todos se dirigiram para outra lateral do estádio onde ocorria a disputa de arco e flecha, um dos esportes mais tradicionais do colégio, representava uma amostra de poder da áurea dragoniana. Era sabido que os meio dragões treinavam a magia das chamas, prática exclusiva do gênero masculino, já que as mulheres eram consideradas fracas nesse quesito. Quem mais se dedica a obtenção da força através da magia são os militares e a realeza, suas práticas e disputas, são extremamente exclusivas, na maioria das vezes realizadas no palácio, onde geralmente só os da primeira escala podem assistir, restava ao resto dos alunos aproveitar pequenas exibições como o arco e flecha.


A regra era clara, o competidor se posicionava na marcação e tentava atingir a flecha o mais longe que podia dentro de um percurso pintado de branco com 500 metros de comprimento por quatro de largura, o perímetro havia sido enfeitiçado para que ninguém pudesse se aproximar, senão seria sugado pelo chão, isso também acontecia com as flechas, as únicas que permaneciam eram as três que foram mais longe, o encanto nunca era quebrado, portanto havia a flecha do príncipe Killian, 450 metros a frente seguida pela de Kieran na marca 410 e uma terceira da qual o dono não me era importante, na marca 408.

Sentamos-nos para assistir o final da prova bem quando Raegan Lestyn, o primo de Kieran, preparava seu arco. Ele se posicionou na marcação, seus olhos assumiram a cor de chamas vermelhas e a flecha passou a produzir fogo, ele aguardou o sinal do professor e a lançou, a flecha de metal dirigiu-se ao ar caindo e fincando na marca 370, todos aplaudiram, flechas mágicas eram extremamente pesadas, considerava um milagre eles passarem a marca dos 100 metros, em alguns segundos a flecha afundou no piso, a mágica do local era muito forte.

Vi quando Kieran cumprimentou seu primo com um abraço e depois se posicionou na marca, estava extremamente atraente com o uniforme de ginástica colado ao seu corpo, lhe ressaltando as costas largas e pernas musculosas, quando ele se concentrava adquiria uma face mais masculina, com olhos quase felinos, ficava impressionada de como ele podia mudar de sorridente para competitivo em questão de segundos. Certa vez Conan comentara que Kieran era quase tão bom em lutas de mágica quanto os militares, fazia questão de participar das disputas e provar o quanto era forte e meu irmão torcia para nunca vê-lo zangado.

Duvidava que Kieran pudesse ser bruto com alguém, ele era uma das pessoas mais doces que conhecia, o fato era que eu não o conhecia muito bem e não ajudava quando toda a escola também queria conhecê-lo melhor. As líderes de torcida não paravam de gritar seu nome, reconheci em meio a elas uma não tão animada Paige, a prima de Kieran e Kassadi, a chefe dela, vulgo a magrela que saltava e gritava mais alto, parecia transbordante de felicidade, lançando seus sorrisos de propaganda para o príncipe segundo.

Kieran ajeitou seu arco, todos fizeram silêncio, ele fechou os olhos enrijecendo os músculos da mandíbula, ficou assim por alguns segundos e quando abriu os olhos novamente, estavam mais vermelhos do que os de qualquer outro competidor. Sua flecha incendiou imediatamente, era uma forte demonstração de poder da realeza, quando a flecha foi disparada subiu tão alto que pensei que ela não voltaria, mas logo retornou fincando na marca de 418.

Todos levantaram, gritando, Kieran saltou de felicidade e foi parabenizado por seus amigos e ovacionado pela platéia, ele voltou a relaxar os músculos e sorrir como uma criança em dia de festa. Não pude evitar de me alegrar junto, estava torcendo por ele, meu sorriso só diminuiu ao ver como Kassadi se pendurava no pescoço de Kieran dando-lhe um beijo demorado na bochecha, o rapaz pareceu feliz com o gesto. Revirei os olhos.

- Homens... - Sussurrei.

- O que você disse? – Flan perguntou.

- Que estou morrendo de fome e devemos correr pra cantina.

A Era dos Dragões I: A Origem da Magia #degustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora