Capítulo 08

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GISELLY

Ouvia-se apenas o forte sonar do vento urrando contra as paredes.

Despertei os olhos. Notei que o quarto estava escuro, mas havia uma pequena fonte concedida pelo brilho do luar. A janela encontrava-se aberta e a persiana inquieta dançando junto ao vento frio da noite.

Livrei-me das cobertas e fui até aquela vasta janela.

No entanto, algo me fez parar no meio do caminho.

Tinha alguém ali.

Com um passo, a moldura aterrorizante se manifestou acolhendo-se a luz fraca provinda do luar.

— Arthur?

De modo súbito meu corpo enrijeceu. Ainda que meu medo tivesse esvaído, a curiosidade e a desconfiança por vê-lo em meu quarto enquanto eu dormia me consumiram. Dei um passo suspeito para trás.

— Desculpa — ele sorriu cínico. — Não quis te assustar. O barulho me fez acordar — apontou para a janela.

Aquilo parecia o contrário de não querer assustar. Permaneci intacta pronta para qualquer ação indevida dele.

— Tudo bem. Já vou fechá-la — eu disse a voz um pouco alterada.

Atentei ao seu olhar que descia gradativamente pelo meu corpo. Estremeci no mesmo instante.

— Pois bem. Então boa noite. — concluiu emitindo um sorriso amigável, que não me convenceu. — Ah... sua mãe lhe contou a respeito do resultado dos exames?

Droga.

Um gatilho pronto para amassagear a minha culpa. Eu sequer me limitei a perguntá-la sobre como tinha sido sua inspeção médica. Ela estava tão confusa e com medo e mais que tudo precisava de mim. E o que eu fiz, foi insultá-la a fim de extravagar minha raiva.

Talvez eu não fosse diferente dela afinal.

— Não... M-mas amanhã eu a pergunto a respeito. — afirmei, torcendo para que saísse depressa do meu quarto. O devaneio de ficar a sós comele não me cabia agradável. 

Então para o meu alívio ele o fez. Disparei até a porta para trancá-la e lancei a chave contra a parede.

Minha cabeça estava a ponto de explodir com todas as merdas que ali rondavam; todas as coisas cooperavam para minha desgraça.

Austin morto.

Egoísmo de minha mãe.

Má reputação na escola.

Um padrasto que eu não confio.

Como se não fosse o bastante, um ser maldito foi preparado para me atropelar na porta de casa.

O que poderia piorar dessa vez?

Tentei regular meus pensamos para poder dormir. Afinal, o meu pesadelo só começava quando eu acordava. 

 

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Pedaços De Nós (Entre Desejos & Segredos)Where stories live. Discover now