Capítulo vinte e cinco

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- Zaza, fala comigo – Kevin disse, baixinho, quase como se tivesse medo que sua voz me ferisse.

Eu sequei a última lágrima que insistia em escorrer pelo meu rosto e respirei fundo. Por que raios eu estava chorando? Eu escolhi deixar Conrado para trás, e agora fico agindo como uma daquelas mocinhas injustiçadas de comédia romântica meia boca. Eu precisava agir como homem... Quero dizer, como mulher de verdade.

- Só me dê um minuto – respondo, respirando fundo.

Concentrei-me na respiração diafragmática para que eu pudesse me acalmar. Isso teve o efeito totalmente contrário, porque me fez lembrar que isso foi o que exercitamos na primeira aula em que Conrado foi meu professor. Senti novamente meu rosto esquentar e minha visão ficou embaçada. Droga, droga, droga. Eu precisava me distrair.

Inspirei todo o ar que podia em meus pulmões, segurei por quanto tempo consegui, até que parecesse que eu desmaiaria, e então expirei. Pressionei minhas pálpebras com força umas contra as outras, e então abri os olhos, renovada (tudo mentira).

- E então, quais são os planos para as férias? – pergunto a Kevin, forçando um sorriso.

- Tudo o que envolva ficar perto de você – ele responde. Quando nota minha expressão séria, ele parece alarmado. – Se estiver tudo bem para você, é claro.

Eu sorrio, dessa vez sem ser de mentira.

- Está tudo bem. De qualquer forma, acho que preciso de um amigo para me distrair.

Ele abre um sorriso leve e aborrecido, balançando a cabeça devagar.

- Não quero ser apenas uma distração, Zaza. Você sabe.

Eu respiro fundo. Ultimamente isso é tudo o que tenho feito de melhor.

- Eu sei.

- Espero que você pense sobre isso agora que ficaremos algum tempo juntos.

Eu balanço a cabeça.

- Sim, claro. Só preciso de um tempo, está bem? – digo, já sentindo as malditas lágrimas voltarem a meus olhos.

Essa conversa me lembrou que se Conrado não fosse um imenso idiota, ele e eu poderíamos estar juntos, sendo felizes.

- Leve todo o tempo que precisar... Apenas não esqueça quais são minhas intenções com você.

- Não vou esquecer.

E então o restante da viagem se resumiu a um silêncio esquisito.

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No aeroporto, minha mãe me esperava com um sorriso que mal cabia em seu rosto. Ela correu em minha direção e quase me derrubou no chão com a força do impacto. Seus braços me apertaram mais do que eu achava que era possível.

- Eu não consigo acreditar que fiquei meses sem ver minha filhinha! E ela estava a poucos quilômetros de mim! Eu devo mesmo ser a mãe mais sem noção desse mundo!

- Mãe, a senhora não é sem noção. Eu sei que nossos horários estavam difíceis nesse semestre.

- Sim, estavam, mas tenha certeza de que no próximo semestre eu vou visita-la pelo menos uma vez ao mês.

Eu sorri.

- Eu vou gostar disso – respondo. – Lola também.

Minha mãe sorriu e olhou ao redor.

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