8 (minutos)

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Luke é o nome que ressoa em minha cabeça. Não faço a mínima ideia do porque e nem do que é. Ou quem.

A inconstância de minha mente, sua falta de lógica, me irrita. Porque eu não lembro quem ele é.

E eu soco a parede de vidro.

E as minhas juntas não se estraçalham. Muito menos o vidro racha. E eu continuo preso num ciclo vicioso.

Mas, diferentemente de horas - minutos, segundos, eu não sei - atrás, eu consigo lembrar do que eu estava pensando.

Eu estava pensando naquele que eu não posso lembrar. Naquele que eu não consigo lembrar.

E eu soco a parede novamente em uma crise de frustração por não saber quem eu era.

Era.

Era.

Era.

Era.

Era.

A mania de repetir palavras e frases me faz bater a cabeça no vidro fosco atrás das minhas costas. Uma mania. Uma pista do passado.

Do passado que eu ainda tenho.

A mania de repetir.

A mania de desconfiar dos demônios trancados.

A mania de lembrar dele sem saber quem é ele.

A mania de repassar a mesma trama da história de morte e amor e provocações.

A mania de observar tudo.

Observar que as paredes são de vidro e os meus sonhos são de gelo.

Mas o que são os meus sonhos?

Quem são os meus sonhos?

Tudo isso é um conjunto de uma história que aconteceu. Eu sinto isso.

Porque, com toda certeza, eu o sou louco.

Eu não sou louco. Eu não sou louco.

Eu ainda tenho sanidade. Ou, caso contrário, eu tentaria quebrar esse lugar à socos.

Mas eu já tentei.

E soco a parede novamente, chocando o punho contra o vidro gelado e áspero.

Deslizo os dedos, traçando a linha da minha amargura. A vontade de berrar subindo-me o peito, porque alguém deverá me ouvir. Alguém terá de me ouvir em algum momento.

"Realmente há alguém aí?" Eu grito.

E através de todo aquele esfumaçado, embebido em claridade, eu vejo uma mancha vermelha.

Uma mancha vermelha em movimento do lado de fora.

Algo vivo.

E eu entro em desespero. Eu não estou sozinho.

Eu não estou sozinho.

Eu não estou sozinho.

Eu não estou sozinho.

Em pé, minha mão voa contra o vidro, espalmando e batendo várias vezes. Porque eu não estou sonhando. Eu tenho certeza disso.

Tenho certeza que há alguém lá fora.

Lá fora.

Afinal, os demônios estão lá fora.

E aqui dentro.

Aqui.

Dentro do meu coração.

Eu paro de bater ao tomar consciência disso.

Das minhas atitudes.

Afinal, os demônios do lado de fora - ou quem sabe os de dentro - serão os meus juízes, não? Eles irão avaliar a minha condição mental, não?

Então eles terão de me deixar livre.

Porque eu não estou louco.

Eu não estou louco.

Eu não estou louco, Luke.

Luke.

Luke.

L.

U.

K.

E.

Luke R.

† † †

chega de att né, af

CINTIA MEU AMOR <3 pra tu

pandemonium • muke [c]Where stories live. Discover now