Capítulo 11

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"Um dia de cada vez, que é pra não perder as boas surpresas da vida "
Clarice Lispector

Christine...

Passei alguns dias atormentada pelas palavras de Benjamin, elas ultrapassaram as barreiras impostas por mim. Sinceramente não sei o que pensar, fico dando voltas e mais voltas neste assunto e não chego a uma conclusão. Está se tornando insuportável essa pressão imposta tanto por mim quanto por Benjamin, bom ele nem tanto. Enfim, deixei que os dias transcorresse naturalmente, mais nada adiantou, fiquei assustada quando Benjamin não voltou pra casa, pensei em mil coisas. Tentei ficar calma por fora mais por dentro Tava uma pilha.

O último beijo que me deu foi de urgência, de medo, angústia, tudo misturado. Tentei não corresponder, por um milésimo de segundo quase amoleço em seus braços. Dessa vez fui eu que fugi, não aguentaria por muito tempo o escudo e com toda a certeza baixaria a Guarda. Deixando que entrasse e fizesse o que quisesse de mim.

Neste dia teria apenas duas aulas de metodologia científica, ainda bem, não estava com saco pra fazer fichamento. Estava cansada demais, só queria tomar um banho e dormir. Mais ao chegar em casa me deparo com a cena a minha frente.
Benjamin sentado no sofá, com a cabeça em suas mãos e a mesa de centro quebrada. Conrado estava ao seu lado dizia algo que não prestei atenção. Ele olhou para mim assustado e com o rosto machucado, a mão estava sangrando muito. Na mesma hora o levei a cozinha e tentei fazer curativos, porém a mão precisava ser suturada, pedi que Conrado o levasse pois ligaria para Ian, como o seu nome havia sido mencionado eu queria saber o que tinha acontecido.

Esperei que saíssem, aí sim falaria com ele. Que contou algumas coisas e outras deixou que Benjamin me contasse. Já estava furiosa, esperei pacientemente cada minuto e por fim escutei entrar e vir em minha direção.

Tentou se aproximar mais o impedir, o deixando frustrado. E soltou a bomba em mim. Ele vai ser PAI ? Foi isso que escutei, pai do filho da Valentina? Tentei não transparecer o que se passava dentro de mim, pedi que continuasse e foi o que fez, só pra me quebrar mais e irritar.

Estava furiosa e derrotada, pedi que me deixasse em paz e assumisse a sua irresponsabilidade, mais antes de ir para o meu quarto escuto um grunhido vindo dele e a sua voz rouca.

_Só espero que me perdoe um dia pela minha incredulidade, e antes de mais nada, você realmente conhece o Ian, pois deveria saber que tipo de homem está do seu lado. Duvido que você esteja apaixonada por ele. -Diz derrotado.

Do mesmo jeito que estou o respondo.

_Não é a mim que você tem que pedir perdão e não fale coisas que não sabe, passar bem. -E saio de lá antes que eu desabe em lágrimas.

Passei um bom tempo chorando por mim por ser fraca e burra, por Benjamin, Valentina e Ian.

Uma coisa ele tem razão, eu definitivamente não conheço o Ian, sempre muito misterioso. Me sinto as vezes, enganada.

O mais difícil de tudo foi conseguir dormir neste dia, como o sono havia sumido, fui ler um pouco. Fui até minha estante e fiquei olhando para vasta quantidade de livros, tanto brasileiro quanto estrangeiro. Antes de vir para cá comprei um monte, Vick ficou indignada com a quantidade que eu comprei e claro não deixaria minhas preciosidades para trás.

Todos que comprei ainda estavam no plástico e empilhado numa parte da estante. Decidi por fim ler O safado do 105 da Milla Wander. Ouvi dizer que é muito bom e tem várias citações da Clarice Lispector. Como eu não ia ter aula no dia seguinte, fiquei lendo até o sono vir às vezes tomando um café para distrair, o livro é definitivamente bom, e por incrível que pareça o safado do 105 me faz lembrar de Benjamin pela sua persistência. Resolvi pesquisar algumas citações de Clarice Lispector e tem algumas que honestamente chamaram a minha atenção que é
"Não suporto meios termos. Por isso, não me doo pela metade. Não sou sua meio amiga nem seu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada" .

Diário de uma Virgem - Livro 1Where stories live. Discover now