Capítulo treze

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- Eu não sei o que você quer, Zahara – ele fala, se aproximando de mim. – E isso me deixa confuso.

Eu começo a dizer alguma coisa, mas me interrompo novamente, porque eu não tenho nada inteligente para dizer.

- Você não tem ideia do quanto você me deixa confuso – Conrado diz, parando em minha frente. Nós estamos próximos, mas não o suficiente para me deixar constrangida ou incomodada.

- Eu não te deixo confuso – digo, finalmente. – É você quem não consegue decidir o que quer.

Espera! Sobre o que eu estou falando? Conrado vai pensar que eu sou louca.

- Eu sei exatamente o que eu quero – ele me responde. Seus olhos cansados brilham. – Mas também sei exatamente o que não posso ter.

OK, esse papo está mesmo ficando estranho. Sobre o que nós dois estamos falando? Sobre o que Conrado está falando? Dessa vez quem está confusa sou eu. E o pior: eu estou quase sem ar por causa disso. Não faz sentido, eu sei, mas essa sou eu.

- Do que você está falando? – pergunto, balançando a cabeça.

Conrado se afasta um pouco de mim e desvia seu olhar do meu. Ele parece um pouco envergonhado, o que é estranho.

- Eu pensei que estivéssemos falando sobre a mesma coisa – ele fala.

- O quê?

- Esquece.

Sinto que deveria pressioná-lo mais um pouco, porque esse assunto com certeza se referia à mim, mas não consigo. Ao invés disso, fico quieta. Nossa conversa havia saído do rumo.

- Por que você está comendo pizza? – eu pergunto na tentativa desesperada de mudar de assunto.

Ele arregala os olhos e volta a prestar atenção em mim.

- Você adora pizza e eu estava sentindo sua falta por aqui – ele responde.

Eu fico sem reação. Ele estava sentindo minha falta? Que bobão! Por que ele sentiria minha falta se faz de tudo para me afastar?

- Eu gosto mesmo de pizza – digo, feito uma idiota.

ÓTIMA RESPOSTA, ZAHARA! PARABÉNS! VOCÊ DEVERIA GANHAR UM PRÊMIO DE INTELIGÊNCIA POR SER UMA PORTA QUANDO CONVERSA COM CARAS BONITOS.

Conrado levanta uma sobrancelha e franze o cenho. Seu rosto está virado em uma careta confusa.

- Que bom. Eu acho.

Eu balanço a cabeça na esperança de que um buraco abra no chão do apartamento e eu possa mergulhar nele.

Uma vez que ele não diz mais nada, eu abro um sorriso cansado e vou até meu quarto. Preciso confessar que tomo um susto quando vejo um armário muito bonito montado ao lado de minha enorme cama.

Eu estou sonhando? Ou eu não vou mais precisar guardar minhas roupas na mala?

- Como você pode perceber, eu fiquei bastante tempo sozinho hoje – a voz de Conrado vem por trás de mim.

Ele está encostado à porta como sempre faz.

Sozinho. Com certeza, Conrado deve ter ficado sozinho o dia inteiro. Eu tenho vontade de rir, porque sua namorada provavelmente havia passado o dia inteiro no apartamento. No final das contas, ele é tão mentiroso quanto eu. Mas isso já era de se esperar.

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