Não ouvi mais som algum do outro lado da linha. O ar dos meus pulmões foi sugado e lágrimas brotavam em meus olhos. Thomas tinha segredos. Assuntos que ele não confiava em mim o suficiente para contar.

Bati seguidas vezes o telefone no gancho antes de soltá-lo liberando minha raiva e chorei. Talvez tenha se passado uma eternidade, eu não sabia ao certo.

Disquei no meu celular o número gravado na agenda de contatos.

-Alô? - A voz de Layla apareceu logo após o segundo toque.

-Oi. - Eu quase solucei.

-O que foi?

-Podemos conversar?

-Claro! Você quer que vá até você? - A preocupação de Lay era visível na voz.

-Não, me passe seu endereço.

Tomei um táxi e em alguns minutos estava em frente ao apartamento de Layla. Annabelle era minha melhor amiga, mas não queria chateá-la. Layla era a amiga que eu tinha aqui em Los Angeles agora. Ela me esperava no alto da escadaria de seu apartamento vestindo um short curto e uma camisa de manga longa. Seus dedos tatuados seguravam um cigarro aceso já pela metade que foi levado em seguida até seus lábios escuros, quase negros pelo batom. Quando ela me avistou jogou aquela porcaria fora e jogou seus braços ao meu redor quando alcancei o topo das escadas.

Não pude evitar de chorar. Ter os braços de uma amiga confortando sua tristeza era muito bom, afundei meu rosto no abraço apertado e macio de Lay.

Botas familiares apareceram a minha frente. Levantei meu olhar para ver Kevin encostado no batente da porta.

-Desculpa. Eu o chamei. Pensei que você iria precisar dele também. Kev mora aqui do lado e quando você me ligou fiquei extremamente nervosa e preocupada. - Lay se justificou.

Joguei-me nos braços de Kevin que também me abraçou firme em seu peito.

-Tudo bem Lay. Obrigada!

-Vem, vamos para dentro. - Kevin me puxou.

Estávamos os três sentados ao redor de uma mesa na pequena cozinha do apartamento de Layla. Luke não estava, passaria a noite em seu próprio apartamento. Três copos, gelo e Jack Daniels nos faziam companhia. Layla tinha um rock suave tocando ao fundo, era quase imperceptível.

-Uma dose, - eu resmunguei - foi necessário apenas uma porra de dose de Thomas Miller para minha vida virar de ponta cabeça.

Virei o resto do líquido do meu copo garganta abaixo deixando-o vazio. Kevin fez o favor de logo reabastecê-lo. A garrafa do uísque já estava pela metade e sentia-me um pouco leve e tonta.

-Vamos Sam, deve ser apenas alguma vadia querendo foder com a sua cabeça? - Lay soltou.

-Parabéns a ela então, conseguiu.

Kevin media-me a todo tempo desde que entramos, Layla tinha posto a bebida sobre a mesa e eu contei todo o acontecido. Desde o início lá em Redding, quando ainda era apenas uma queda pelo vizinho.

-Você nunca disse para ele o que sente? Entrou nessa porra sabendo o que sentia, mas ele nunca soube? - As primeiras palavras de Kevin depois de todo esse tempo.

-Não, como poderia dizer Kev, eu era só uma amiga de sua irmã indo viver sob seu teto.

-Fale Samantha! Nós homens somos completos idiotas. Não enxergamos a merda de um elefante a nossa frente se vocês não nos mostrar. Arrisque-se Sam, pergunta quem é essa garota, talvez você está aí chorando à toa, pois ela pode ser uma vadia louca que quer o cara para ela. Se você quer saber o que ele sente você também colocá-lo contra a parede e questionar quem é ela. Se no fim você não ouvir nada do que queria nós vamos estar aqui para você.

Só Poderia Ser VocêWhere stories live. Discover now