Elizabete Marquês

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Com certeza vampiro é o fim do mundo ----- tipo apocalipse ----- é meio que um trauma o medo que tenho dos vampiros. Meu pai é o culpado, ele me contava histórias sobre mulheres que não tinham cuidado ao sair tarde da noite e eram capturadas pelos grandes e tenebrosos vampiros. Pois é, algumas crianças têm medo do bicho papão ou do homem do saco. Eu poderia dar um beijo na boca do bicho papão e abraçar o homem do saco, apenas pra não chegar perto de um vampiro!

Namoro um menino de São Paulo, Marcos. Todas as vezes que eu vejo um casal lembro-me de Marcos e eu. Nessa escola é o inferno, todos estão com os "hormônios pulando", palavras do Diretor.

Quase todos consigo conversar com ele por menssagem.

É impossível pensar no Marcos e não me lembrar de São Paulo. Onde esta a vida de Liza? Em São Paulo.

Desde que vim morar aqui em Minas, não consegui fazer amizade. As meninas cismaram que não me deixariam em paz enquanto eu estivesse morando aqui e eu tenho a leve sensação que elas me espionam de noite, bem de noite, quando não tem mais ninguém nas ruas, quando eu deito a cabeça no travesseiro elas estão lá fora, pensando "como acabar com a vida da Elizabete amanhã? Daria como titulo de livro. Bacana, talvez eu escreva um dia.

Talvez minha redação terminasse aqui. Ultimamente eu simplesmente estava a quase todo momento esgotada. É como se nenhuma soneca, ou boa noite de sono saciasse meu cansaço, talvez pelo fato de estarmos em mudança. Nessas épocas tudo é muito cansativo, sem falar nas expectativas...

---------Liza?

Levantei a cabeça da carteira e olhei para o rosto apreensivo da professora.

---------Já fechei suas notas.

E com um breve sorriso ela levantou seu diário, sorri em agradecimento e voltei a deitar a cabeça na carteira.

Todas as minhas notas voltariam para o Aurélio, minha antiga escola em Sampa. Graças a Deus amanhã mesmo eu estarei sentada em uma das cadeiras das salas de aula de lá.
Todos os meus verdadeiros amigos estão lá na escola onde estudei minha vida toda, dês de bem pequenininha. Aurélio é meu pedacinho do céu.

...
Na saída da escola não tive despedida dramática com ninguém, o máximo que rolou foi um boa sorte.

Cheguei rapidamente em casa, corri para o computador e relaxei, ufa, poderia em fim focar na viajem.

Ouvi o barulho do Messenger, corri para responder.

Maria diz:

Conseguiu?

Liza diz:

Até agora não acredito que minha mãe conseguiu!

Maria diz:

As meninas sabem?

Liza diz:

Claro que não né, você acha mesmo que eu iria dizer algo? É surpresa e você vai me ajudar, né?

Maria diz:

Bem esta com sorte, mesmo que eu quisesse contar para todas antes de você, ainda não acabaram meus estudos, então, vou ficar mais um tempo aqui. Não tem como eu dizer nada! Só falo com você pelo Messenger.

Liza diz:

Saudade amiga. Você não tem ideia :'(

Maria diz:

Também, sabe que te amo? Amiga agora preciso ir.

Liza diz:

Falo com você por telefone. Pode ser? Bjs.

Maria diz:

Sim, ligo para você mais tarde. Beijos

Maria se desligou.

Maria é minha melhor amiga, desde pequenininha, como não temos irmãos, nós falávamos para todos que éramos irmãs, mas na verdade não era uma mentira, afinal amigas-irmãs.

Maria é obcecada por livros, tem sete prateleiras no seu quarto, cheia de todos os tipos. Ela ganhou uma bolsa de estudos para Roma, por uma redação relativa ao local ----- assunto em que ela domina! Sua sede de sabedoria me deixa abismada e muitas vezes chego a duvidar que ela tenha só dezesseis anos. Sua redação sobre o vaticano foi perfeita, foi ate parar na competição de redações de São Paulo.

A saudade que eu estava dela era infinita, mas, não ganhava da saudade que eu estava de São Paulo e da minha antiga vida. Vida na qual eu nunca quis deixar para trás.

E lá estava eu, parada olhando o protetor de tela, não acreditando que iria voltar para São Paulo, esperei por muito tempo, certo; só por sete meses, mas foi um bom tempo para mim.

Minha mãe havia conseguido o tal escritório, ela estava quase tendo um treco de tanta alegria, mas é claro, não se esquecia de me chamar gritando aos quatro ventos de norte a sul.

___Eu já to indo mãe!

Corri para o seu quarto, no caminho deparei-me com o quadro mais estranho do mundo ao lado da porta de seu quarto. Que quadro feio! Aquele quadro sempre foi um pesadelo para mim, me fez ter muitos pesadelos.
Pensei que minha mãe já tinha se livrado daquilo, afinal, quem iria querer um treco desses?

___LIZA!!!

Certo, ignorei o quadro e entrei no quarto, encontrei minha mãe com uma das mãos pressionando a testa, usando seu óculos de leitura, perdidona naquela enorme bagunça de roupas. Minha mãe é uma mulher supermoderna eu tenho que admitir, e não aparenta ter a idade de quarenta e três anos, odeia bagunça mas também odeia arrumar as coisas e por isso acaba pagando uma ajudante para limpar a casa , porém, como não há tempo para uma nesse momento, eu sirvo!

___E as roupas do Idinho?

___ Ele já arrumou tudo.__ bufou, e eu sabia o porquê.

___Por que não posso chama-lo de Idinho?

___Ai Elizabete não enche, me ajuda aqui com essas roupas, elas estão me deixando louca!

Apresei-me mais ainda. Como eu já disse, ela não suporta bagunça e ai acaba se estressando com qualquer coisa, até com o apelido do meu padrasto, apelido no qual eu já estava habituada, não conseguia chamar o "HIGOR" por seu nome, Idinho era fofo.

___Liza pega aquelas meias que estão perto do meu celular, e falando em celular, cadê o seu?

___Esta lá em baixo.

Peguei as meias e dei para ela, e já fui dobrando umas camisetas, antes que ela começasse se estressar com elas também.

Não demorou muito e escutei um barulho lá embaixo, logo reconheci, era o Idinho, só ele se complicava com a maçaneta!

___Rosângela! Essa maçaneta não vai me deixar entrar!

___De novo Higor? Calma que eu já vou!

E lá vai minha mãe, pude ouvir a contagem regressiva; três, dois e um "baque", pronto à barulheira já estava dentro de casa.

___Viu como se faz? Tem que ter jeitinho!

___Acho que agora vem as aulas de como se abre uma porta!

___De novo?

Higor é casado com a minha mãe há um ano. É o segundo namorido ---- namorado e marido ---- da minha mãe depois do divórcio com meu pai. No começo foi horrível não poço mentir, mas, depois de um tempo, me acostumei com ele. E como não acostumar-me? Ele é engraçado e sempre respeitou o meu espaço, me trata como uma princesa e uma das coisas mais legais nele, é que, Idinho consegue fazer a minha mãe ficar mais calma em momentos tensos ou muito estressantes, como por exemplo, nessa confusão de malas, roupas, documentos e milhares de coisas. Uma dose de Idinho para dias estressantes e minha mãe volta a por os pés no chão.

Bem, dobrei todas as camisetas, vou descer para cumprimenta-lo.

A Casa da Rua de TrásWhere stories live. Discover now