Irresistível Felicidade - Hadassa 9

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Ao descer as escadas, eu já soube, que caminhar até o altar seria um misto de felicidade, promessa e emoção. Hoje logo que acordei, me senti estranha. Primeiro porque sonhei tantas vezes com o meu casamento, no estilo hebraico, e com Hálim. Foram longos três anos, planejando absolutamente tudo. Filhos, casa, cidade e país novo, onde os Kahalesi não nos encontraria. E tentando sobreviver á uma bela montanha russa que era a nossa vida, cultural e familiar. E aqui estou eu, meio assustada, meio nostálgica, mas totalmente apaixonada por outro homem. Á caminho do altar para dividir minha vida com Julio Vieira. Ah... a vida. Ela é totalmente inesperada. Fazemos tantos planos projetos, sonhamos com tudo nos mínimos detalhes, para depois escolhermos ou não seguir em frente. Novos sonhos, novos projetos, nova vida. Yehi Ratzon!! Como diz minha mãe. Assim Seja! E foi. Acordei. E recebi as violetas que tanto amo, e uma bandeja linda de café da manhã. Minha mãe trouxe e disse que Julio havia mandado entregar. Ele era meu. Todinho meu. O chalé é simplesmente esplêndido ao amanhecer. O sol no pico das montanhas. Nem parece que estamos á poucos quilômetros de São Paulo. A tão cinzenta, terra da garôa. Minha vó veio cedo tomar café da manhã comigo, e fez a prece da benção antes do casamento. Minha sogra estava conosco e participou emocionada. Quando comecei a me preparar. Ela colocou um jazz clássico que iluminou ainda mais o ambiente. Sou apaixonada por jazz. Logicamente depois da bossa nova que amo de paixão. A suavidade e sonoridade me deixava simplesmente animada e em paz. Deu para entender a contradição mais doce aqui? Pois é. O meu dia. O meu grande dia havia chegado. E Julio, aquele danado. Meu adolescente eufórico, meu herói por todos esses meses. Ele aprontou, sim. Sumiu de fininho. E foi chegando com uma surpresa daquelas. Horas antes da nossa cerimônia. E eu quase me acabei de chorar, e detonar a minha maquiagem. Porque minhas melhores amigas da infância e recém adulta. Sim, elas vieram. De surpresa. Linda e Pâmela. Elas estavam aqui comigo. Nos abraçamos por longos minutos. E todas nós chorávamos de emoção.

-Vocês são o melhor presente de casamento do mundo meninas! Não teria o mesmo peso, a mesma sensação sem vocês aqui comigo. - Eu disse e as abracei novamente.

-Julio. Tudo culpa dele. - Linda me disse sorridente em meio a lágrimas.

Afinal a última vez que nos vimos, tínhamos 11 anos de idade. Voltamos a manter contato por causa do meu encontro com Pâmela em Istambul há meses atrás. Sincronia perfeita. Uma benção.

-Hadassa, amiga segura esse homem. Ele é louco por você. E fará Hálim ser uma vaga lembrança do passado. - Constatou Pâmela. - Não tenha medo. Não tenha dúvida, vocês serão muito felizes.

Ela sorriu tão segura e confiante. Que eu só pude retribuir. É claro que eu também me sentia do mesmo modo. Julio foi a resposta para todas as minhas orações.

-Agora. Deixe-me olhar mais para você! - Linda disse, me observando atentamente. - Hadassa, amiga você está uma princesa. Princesa Hadassa. - Eu sorri tímida. - Julio vai desmaiar naquele altar!

-Mérito da minha futura e linda sogra - Eu contei e olhei diretamente para ela. Ela me devolveu o mesmo olhar carinhoso de sempre.

Eu continuo descendo as escadas com meu pai ao meu lado. Ele parece estar tão nervoso quanto eu. Feliz, mas nervoso. Ele beija minhas mãos com carinho e muita afeição. Me olha nos olhos e diz:

-Vamos nessa!

Eu gargalhei. Meu pai falando como um adolescente. Ele havia passado muito tempo com o danadinho do assistente dele na marcenaria, um garoto de quinze anos, um jovem aprendiz do tio de Julio. Marcio era uma comédia. E Jennifer, a nossa promoter do evento, abriu a porta para o jardim detrás do chalé e logo vi os convidados e também o meus amigos e o novo amigo, Marcio. Ele sorriu para mim e diz baixinho.

A Garota do Lenço Amarelo - Série Garotas do Brasil - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora