O primeiro encontro - Julio 6

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Estávamos a quinze minutos na estrada. Eu queria levá-la para um lugar muito especial para mim. Desde quando o meu avô me chamou para aquela nossa última conversa. E ele dizia. "Julio, você pode estudar, se erguer, reerguer, seguir carreira, seus sonhos, prosperar nos negócios, mas nada no mundo substitui a família, é o nosso presente mais precioso, o presente mais valioso que Deus nos dá, pense nisso meu filho. "Meu avô era um romântico. Mas que se perdeu pelo caminho, e deixou o poder o cegar por vinte anos, ele machucou e esqueceu da minha vó por tantas vezes. E eu aprendi com ele e suas estórias que, a família era mais importante. E que se eu chegasse a conhecer o amor da minha vida, era para eu não deixar ele ir embora. Por isso, andei distante de relacionamentos sérios, enquanto estive na faculdade, na polícia federal e na Interpol. Tinha casos de algumas noites apenas, eu queria me apaixonar, e quando aquilo acontecesse, eu queria estar pronto para amar sem reservas. E cuidar da minha amada, assim como meu avô cuidou da minha avó nos seus breves últimos dias. Nesses meses que eu havia conhecido Hadassa eu sabia, que ela era a primeira e única mulher que eu amaria. Ela ouviu minhas estórias sobre meus avós, meu pai, minha mãe. Nós combinamos de daqui duas semanas quando meus pais chegassem da Grécia, que nós iríamos todos juntos almoçar na casa de meus pais. Minha mãe queria conhecer Hadassa, urgentemente. Ela sabia que eu estava apaixonado pela primeira vez. Ela ficou tão feliz e aliviada. Tinha medo que eu morresse solteiro. Essas coisas.

Chegamos na estradinha de terra, e Hadassa olhou para mim tensa.

-Primeiro, saímos de São Paulo, e agora estamos numa estrada rural. Onde você está me levando Julio? - Ela me perguntou desconfiada.

Eu sorri e olhei para ela. Ficava ainda mais linda preocupada.

-Você não confia em mim?

-Não... não é isso. Claro que confio.

-Só falta poucos metros. Relaxa.

-Tudo bem. - Ela disse e devolveu um sorriso tímido para mim.

Eu virei para a esquerda e logo avistei as luzes das chácaras aos arredores do parque nacional do Jaraguá. De dia já era muito bonito, mas de noite as luzes eram um espetáculo à parte.

-Nossa! Que lindo! Quantos chalés iluminados por aqui.

-Realmente.

-Você tem uma casa por aqui também?

-Tenho.

-Também com o dinheiro que você e sua família possuí, não seria uma surpresa.

-Tá desdenhando do meu patrimônio? - Eu perguntei incomodado. - Isso te deixa desconfortável?

-Olha, um pouco sim. Não estou acostumada, com isso. Você sabe. Somos de culturas diferentes, classes sociais diferentes. Enfim... não fique bravo, é que é tudo novo para mim.

-Eu sei, eu sei... bonequinha. Compreendo. - Eu a assegurei e acariciei suas mãos que estavam no seu colo. E ela ficou vermelha.

-Acho tão fofo, quando você me chama de bonequinha.

-É o que você é para mim. Metade do tempo, você me parece uma bonequinha. Carente de proteção. E na outra metade do tempo, é tão independente e sexy como uma mulher adulta. Você me deixa doido. - Eu disse a verdade de uma vez. Hoje eu seria ainda mais sincero do que venho sendo. Hoje ela saberia os meus reais sentimentos por ela.

Hadassa ficou sem graça e virou o rosto para observar a paisagem lá fora. Essa timidez dela que aparecia de vez em quando, me deixava doido de desejo. Logo fiz a curva final para o nosso destino. E um chalé de tijolinhos com cercas brancas apareceu em nosso campo de visão. Estava todo iluminado. Todas as vezes que vinha aqui, era como se eu estivesse esperando que meu vô abrisse a porta da frente ao ouvir minha buzina. Pena que aquilo não era mais fisicamente possível. Como eu sentia sua falta.

A Garota do Lenço Amarelo - Série Garotas do Brasil - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora