A Garota do Lenço Amarelo - Série Garotas do Brasil - Livro 2

"O Dia" - Hadassa 7

Quinze dias, apenas quinze dias depois de Julio ter me levado á chácara de seu avô, onde nós conversamos sobre os nossos sentimentos, e nos declaramos e ele me surpreendeu com o seu pedido, estamos aqui á cinco horas do nosso casamento. Minha sogra veio me conhecer pessoalmente dois dias depois do pedido. E ela já sabia tudo ao meu respeito. Julio tinha ligação direta com os pensamentos da mãe. Era desse jeito que me parecia. E eu compreendia porque minha e eu, era exatamente daquele mesmo jeito. Meus pais, ficaram muito alegres quando contamos a notícia. Minha mãe foi bem direta.

-OH! Graças á El-him* ! - Exclamou minha mãe em contentamento e alívio? - Eu pensei que vocês fossem ficar eternamente nessa paixão platônica. Aqueles olhares, nunca me enganaram.

-Mãe! Quanto drama. - Eu a adverti. Mas ela sorriu e piscou e eu não resisti, sorri com ela.

-Eu também sentia que vocês tinham muita coisa, guardada aí dentro. - Disse o meu pai tocando o meu peito indicando o meu coração.

Eu ri porque minha mãe era romântica, mas o meu pai, era extremamente "o romântico incurável". Aqueles dois.

-Eu fico muito feliz por sua benção, Sr. Husseini. Prometo que sua filha será muito feliz ao meu lado. - Julio confirmou olhando diretamente nos meus olhos.

-Meu filho, eu tenho muita certeza disso. Desde que você resgatou minha Hadassa das mãos dos Kahalesi, e nos trouxe para o Brasil. Eu não tive mais dúvidas de quem você realmente era, e do seu amor pela minha filha.

Meu pai foi categórico. E sorriu para nós dois.

No Domingo, nós fizemos um jantar íntimo na casa de meus pais. A cerimônia foi tradicionalmente judaica, á pedido de minha mãe. Eu já estava acostumada, vivia sempre á par das tradições tanto palestinas, judaicas e também brasileiras. Pâmela, estava totalmente certa, era um meio-a-meio sem fim. Eu me lembrava dela todos os dias. Na segunda ela me ligou, dizendo que estaria voltando de uma missão perto de Beit Hanoun. E que viu Hálim saindo de uma casa com uma senhora bem idosa. E eu sabia que era sua mãe. Ele estava fazendo tudo aquilo por ela também. Mas ainda tudo o que ele me fez em Istambul era imperdoável. Eu tinha que esquecê-lo, eu sabia que não era mais apaixonada por ele. Afinal bastava um beijo de Julio, para esquecer de tudo e me concentrava somente em nós dois. Ele era meu. E eu era dele. O seu cuidado comigo, me fazia feliz e a cada dia eu ficava muito mais apaixonada. Era inegável como ele me deixava doida de desejo. Naquela noite, na casa da chácara eu soube que ele seria tudo o que eu desejei na vida. Tudo o que eu planejei com Hálim, não chegava nem perto do que Julio estava disposto a me dar. Eu sabia que ele era um presente de Deus. Naquela noite, dormimos abraçados. Ele sabia que por tradição, que por princípios eu gostaria de fazer do jeito convencional. Ele me abraçou tão forte, me beijou com tanto carinho. E aquilo foi a maior declaração de amor que eu já tive na vida.

O impressionante, foi a habilidade da Sra. Vieira em preparar tudo para o casamento tão rapidamente. Julio e eu concordamos em casar o mais rápido possível. Afinal, não tínhamos o que esperar. E por outro lado, sabíamos que Ahmed Kahalesi, não pararia de nos procurar. Vingança era o seu nome do meio. As coisas andavam agitadas na sede da ONU em Istambul. Era óbvio que Julio obtinha informações, quentes sobre tudo, em cada semana. Mas ele não me contava nada. Autopreservação talvez, ou para mim mesma. Então no segundo dia depois do pedido, eu o vi preocupado em seu escritório na hora do nosso almoço. Então eu disse:

-Eu sei que você está muito preocupado, lindo. - Eu comecei.

-Claro que não, são só negócios, casos difíceis.

-Você sabe que não é sobre isso que estou falando. - Eu digo, agora o olhando.

Eu me levanto e vou até a sua cadeira. E num impulso eu sento no seu colo e o abraço, e depois olho para o seu rosto maravilhoso. Eu andava fazendo muitas coisas inesperadas ao lado dele.