Birch Vale, Reino Unido, 2018.
Angel Point Of View.
Os seguranças vendam meus olhos antes de me arrastarem pelo corredor. Posso ouvi-los conversando sobre uma carga de rainha branca – seja lá o que isso for – que está para chegar. Eles falam casualmente, como se arrastar uma garota sequestrada por aí fosse a coisa mais normal do mundo.
Quando eles param, alguns minutos depois, um silêncio instantâneo se instala no ambiente. Sinto outra mão me agarrar pelo braço e então ouço uma voz que me faz sentir ânsia de vomito.
— Vocês podem voltar para os postos. — Ordena Bieber.
Ouvir sua voz me faz lembrar de Samanta e do que ele fez com ela. Do que fez comigo.
— Sentiu minha falta Green? — Pergunta irônico e tento me soltar, mas ele aperta ainda mais meu braço fazendo-me gemer de dor.
— Sem gracinhas. — Avisa.
Ouço o barulho de uma porta sendo aberta e ele então me puxa bruscamente para fora. O ar gelado vem de encontro ao meu rosto e sinto um alívio iminente por poder respirar.
— Está frio. — Sussurro para mim mesma sentindo a melancolia me invadir.
Bieber continua me arrastando pelo que acho ser um jardim. Ele fica em silêncio durante todo o caminho e agradeço mentalmente por isso. Não ia suportar mais de suas ironias e deboches.
Quando finalmente paramos e a porta atrás de nós é trancada, ele tira minha venda. É então que percebo que estou no hall de uma mansão.
Esses demônios devem ter muito dinheiro para morarem num lugar assim.
Há duas longas escadas, uma na esquerda e outra na direita, e elas encontram-se no corredor do segundo piso. Também há quadros nas paredes que eu tenho certeza que valem milhões.
— Que lugar é esse? — Sussurro para mim mesma, mas Bieber também ouve.
Ele abre um sorriso convencido.
— O lugar onde você vai morrer. — Sua resposta me assusta, mas tento não demonstrar.
Entre continuar prisioneira e morrer, eu escolho morrer.
— Até que enfim veio me visitar pequena Angel. — Com a voz grossa e uma entrada dramática demais, Cordélio surge por um corredor lateral. Dois seguranças estão atrás dele, olhando-me friamente.
— Como se eu tivesse escolha. — Retruco. Estou sentindo tanta raiva que mal sou capaz de raciocinar.
— Afiada como o pai. — Ele abre um sorriso venenoso. — Nos conhecemos há pouco mais de dois dias e eu já consigo identificar tantos traços que você herdou do meu querido amigo Gregori que até me emociono. — Mesmo não tendo memórias do meu pai biológico, me dói ouvir Cordélio debochar dele.
YOU ARE READING
Hells Angel (Repostando)
Fanfiction"Ele veio como uma tempestade, forte e trovejante, e me arrastou até os confins do inferno." Releitura de Hells Angel. Baseada na primeira versão, de 2012.