"Ele veio como uma tempestade, forte e trovejante, e me arrastou até os confins do inferno."
Releitura de Hells Angel.
Baseada na primeira versão, de 2012.
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Bakewell, Reino Unido, 2018.
Angel Point Of View
O mundo é uma grande bola de decepção.
É cruel, surpreendente e avassalador. Ele nunca para de girar. Ás vezes, você é o comandante e tira proveito das manobras, outras, no entanto, você perde o equilíbrio e cai. E o tombo é tão feio que custa levantar de novo.
Nas aulas que se seguem, não consigo me concentrar em nada. Izzie e Sienna até tentam conversar comigo, mas estou magoada demais para permitir uma aproximação. Elas eram minhas melhores amigas, as pessoas em que eu mais confiava, e mentiram pra mim.
Todas as vezes que chorei sobre a lápide do casal que acreditei ser meus pais, elas me apoiaram, mesmo sabendo que eu não era filha deles.
Amigos não mentem para amigos.
— Angel? — Levo alguns segundos para perceber que a Mrs. Robison está me chamando e suspiro me esforçando para não derramar as lágrimas acumuladas em meus olhos.
— Sim professora. — Respondo contida e vejo Sienna me lançar um olhar preocupado que faço questão de ignorar.
— O Senhor Bieber está solicitando sua presença na sala dos professores. — Diz numa calmaria anormal, e até tenta me oferecer um meio sorriso — Você está bem querida? — Pergunta e sei que devo estar pior que do pensei, pois para Mrs. Robison se compadecer de alguma alma é porque essa alma está mais que condenada.
— O que o professor gostoso quer comessazinha?
— De anjo essa dai só tem o nome mesmo, o cara chegou ontem e já está solicitando visita íntima com ela!
Nem os comentários maldosos das aprendizes de piranha são o suficiente para me fazer reagir e arremessar minha carteira sobre elas. Eu estou triste demais até mesmo para as por em seu devido lugar.
Levanto-me em silêncio e saio da sala a tempo de ouvir Izabelle xingando as garotas.
— Se vocês falarem mais alguma coisa sobre ela vão engolir esses cadernos ridículos cor-de-rosa! — As ameaça e os múrmuros vão ficando cada vez mais baixos, até eu dobrar o corredor e eles sumirem de vez.
A sala dos professores é no segundo piso e preciso descer um lance de escadas para chegar. Meu estômago embrulha e não sei o motivo do professorzinho abusado querer me ver, tão pouco estou me importando.
Nada do que ele disser ou fizer pode me deixar mais na merda do que já estou.
Quando chego em frente a porta bato sem cerimônia. Faço uma nota mental de não voltar mais para a aula e sim ir caminhar pelo jardim, para tentar pensar no que fazer. Se eu ficar mais um minuto tendo que lidar com Sienna e Izabelle me pedindo desculpa, vou explodir.
