⚠️Capítulo 100 - Refúgio em Silêncio

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O apartamento estava mergulhado em penumbra, com apenas uma luminária acesa sobre a mesa da sala. Lá fora, a cidade dormia — ignorante do que acontecia entre aquelas paredes.

Joong Fadel sentava-se no sofá, o tronco nu e coberto por cortes profundos, muitos ainda abertos.

Com uma calma antinatural, ele enfiava a agulha cirúrgica na própria pele, puxando o fio com precisão, como quem costura um tecido qualquer.

Joong Matt assistia tudo em silêncio, parado ao lado, sem conseguir esconder a incredulidade.

— Você... não sente dor? — murmurou.

Fadel não levantou os olhos. Passou a linha por mais um ponto, firme.

Sinto... mas ela não me incomoda. — Respondeu, como se falasse sobre o tempo.

Joong Matt engoliu em seco.
O sangue escorrendo, a frieza nos movimentos... aquilo era brutal e ao mesmo tempo fascinante.

Ver o irmão — que até aquela semana era só uma sombra — se recompor como se tivesse feito isso mil vezes... era aterrador.

— Isso é... surreal. — sussurrou Joong Matt, estendendo uma toalha limpa.

Fadel aceitou com um aceno quase imperceptível. Limpou o excesso de sangue do abdômen e continuou os pontos com tranquilidade, como se estivesse em paz.

— O Oppa... — ele começou, a voz mais suave — Ele mereceu meu sacrifício.

Matt se aproximou, ajoelhando diante dele.

Você acredita que valha a pena esse sacrifício pelo seu Oppa?

Os olhos de Fadel brilharam por um instante, antes de voltar à tarefa.

Vale todo sacrifício do mundo... irmão.

Do outro lado da sala, Jhon encerrava mais uma ligação.

A história está pronta. — disse, jogando o celular sobre a mesa com um baque seco.

A imprensa vai divulgar nas próximas horas: dois corpos roubados de uma van do IML durante um possível ataque criminoso. A perícia vai encontrar vestígios de vandalismo e sangue. Um grupo radical vai ser responsabilizado.

Joong Matt se levantou, observando o pai.

E se desconfiarem?

Ninguém desconfia da morte. — respondeu Jhon, com firmeza. — Principalmente quando ela é bem encenada.

Ele lançou um olhar para o filho Fadel, que agora costurava os próprios dedos com a mesma frieza de quem escreve uma carta.

A partir de hoje... Fadel está morto.

O mundo vai chorar um corpo.
Mas só nós vamos saber que ele respira.

E naquele silêncio conspirador, selado entre pai e filhos, a noite voltou a se calar.

Lá fora, a cidade seguiria... sem imaginar que a morte, mais uma vez, foi enganada.

Oops! I Knocked Up My NerdWhere stories live. Discover now