O relógio já passava da meia-noite quando o último cartão foi assinado. As lembrancinhas estavam cuidadosamente empilhadas sobre a escrivaninha, cada uma carregando não apenas nomes, mas o peso simbólico de algo muito maior: o começo oficial de uma família.
Dunk bocejou alto, espreguiçando os braços no ar. Sua barriga, mais redonda a cada dia, erguia a camiseta com doçura. Joong, sentado ao lado, não conseguia desviar os olhos. Fox observava os dois com um sorriso tranquilo, como quem finalmente encontrou onde pertencia.
— Acho que é hora de dormir, não? — murmurou Fox, se levantando primeiro e abrindo os braços para Dunk.
— Pode me carregar até a cama? — pediu Dunk, rindo baixinho.
— Já está nela, Dino preguiçoso — respondeu Joong, provocando.
— Mas a gente pode fazer melhor que isso — completou Fox.
Com um gesto sutil, ele puxou Joong pela camiseta, fazendo-o deitar no outro lado de Dunk. Os três se ajeitaram, como peças de um quebra-cabeça que só fazia sentido juntas. Dunk ficou no meio, envolvido pelos dois corpos quentes e protetores, a cabeça apoiada no ombro de Joong, enquanto Fox entrelaçava os dedos com os dele por baixo das cobertas.
O silêncio que caiu no quarto era carregado de significado.
Joong foi o primeiro a falar, a voz baixa, como se temesse acordar a mágica do momento.
— Eu nunca pensei que fosse viver isso de novo... amar alguém assim... ou melhor, dois "alguéns".
Dunk virou o rosto devagar, encarando Joong com olhos brilhantes, e depois se virou para Fox, que sorria com ternura.
— E eu nunca pensei que seria possível amar tão diferente... e ao mesmo tempo com tanta força — sussurrou Dunk. — Vocês me completam de jeitos que eu nem sabia que faltavam em mim.
Joong o beijou na testa. Fox beijou sua mão.
— A gente vai dar um jeito. Vai contar no nosso tempo. Vamos fazer tudo certo. Mas hoje — disse Fox, aconchegando-se ainda mais — hoje a gente só descansa. Porque amanhã vai ser o começo de um mundo novo.
Joong se aproximou, abraçando Dunk por trás, encaixando o rosto entre os cabelos dele.
— E até lá, eu juro que vou aguentar todas as provocações calado. Mesmo quando minhas mãos quiserem... — ele mordeu o lábio, fazendo Dunk rir baixinho.
— Shhh — sussurrou Fox, cobrindo a barriga de Dunk com uma das mãos. — O pequeno ouve tudo, lembra?
— Então ele que aprenda logo como é ser amado por três bocós apaixonados — respondeu Dunk, suspirando com um sorriso bobo.
Ali, no calor do quarto escuro, os três se aconchegaram até os corpos se alinharem. Cada respiração entrou em sincronia. A noite não precisava de promessas em voz alta, nem de gestos grandiosos. Só precisava deles três, juntos.
Dunk adormeceu primeiro, cercado de afeto por todos os lados. Depois, foi Fox. Joong permaneceu acordado um pouco mais, olhando para os dois como se ainda não acreditasse que aquilo era real.
E só quando seus olhos começaram a pesar, ele murmurou bem baixinho:
— Vocês são meu lar. Sempre foram.
E então, o quarto mergulhou no silêncio dos que amam em paz.
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Dunk já havia adormecido, o corpo aninhado entre os dois namorados, o rosto sereno como o de quem sonha com algo bom. Sua respiração era suave, ritmada, e uma das mãos repousava instintivamente sobre a barriga, como se já estivesse protegendo os filhos mesmo dormindo.
Joong observava em silêncio, os dedos acariciando devagar os cabelos de Dunk, enquanto o coração batia mais devagar agora, preenchido por uma paz doce.
Foi quando Fox se moveu lentamente, com todo o cuidado para não acordar Dunk. Se levantou da cama e caminhou até a porta, trancando-a com um clique discreto.
Joong acompanhou o movimento com os olhos, o olhar ficando sério por um breve instante.
— Acha que ele tentou ouvir alguma coisa? — murmurou, baixinho, referindo-se a Matt.
Fox se virou, apoiando-se na porta por um segundo antes de voltar.
— Com aquele histórico? Eu não duvidaria de nada. Melhor garantir. Não quero ver Dunk estressado por causa daquele desgraçado. Não agora.
Joong assentiu, a mandíbula tensa por um instante.
— Nem eu. Ele já causou dor o suficiente pra uma vida inteira...
Fox voltou para a cama, deitando do outro lado e puxando o cobertor até os ombros dos três. Passou o braço por cima de Dunk com cuidado, sentindo o calor do corpo adormecido dele. Joong, por instinto, se aproximou mais, completando o encaixe perfeito que só eles sabiam fazer.
Por um momento, só o silêncio falou — aquele silêncio pesado de promessas não ditas, de traumas antigos protegidos por amor novo.
— A gente precisa contar logo, Joong... mas no tempo certo. — murmurou Fox.
Joong respondeu com a voz baixa, os olhos fixos em Dunk.
— Vamos contar. Mas primeiro, quero que ele se sinta seguro. Totalmente. Quero que ele saiba que não importa o meu passado, a gente tá aqui. Que ninguém vai usá-lo... como o Matt fez comigo.
Fox esticou a mão por cima de Dunk e entrelaçou os dedos com os de Joong, como um pacto silencioso.
— Combinado. A gente protege ele. E essa família. A todo custo.
E ali, entre o calor da noite, o peso das memórias e o amor novo que nascia entre os três, os dois permaneceram acordados só mais um pouco, vigiando os sonhos de Dunk como guardiões silenciosos.
A porta trancada.
O mundo lá fora contido.
E dentro do quarto, o amor já era uma muralha intransponível.
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Oops! I Knocked Up My Nerd
Fanfiction**Sinopse:** Joong, o popular e cruel estudante, sempre fez da vida de Dunk, o nerd tímido, um verdadeiro pesadelo. As provocações diárias e o bullying nunca abalaram Dunk, mas tudo muda quando seus pais - a mãe de Dunk e o pai de Joong - decidem co...
