Capítulo 04 - (não) me toque!

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No convite havia destacado que era traje branco. Quase não troquei de roupa mas minha mãe me obrigou e optei por um macacão branco frente única e os cabelos soltos, como acessórios só brincos de argolas douradas. Já minha mãe era tão espetaculosa... Colocou um vestido longo branco, de mangas compridas em renda, mas com muitas joias: argolas enormes, anéis dourados em todos os dedos e correntes de ouro que faziam conjunto com suas pulseiras de argolas, contrastando com meu pai que usava uma bermuda branca e camisa lilás. Meus pais e eu fomos cumprimentar a aniversariante que estava ao lado do bar.

_  Angela! Celso! _ Beth surgia de uma rodinha de fotógrafos e repórteres para abraça-los e posar para a imprensa, era muito marketing envolvido por ali e eu resolvi me esgueirar para não participar daquilo. Beth era uma socialite que vivia de ser rica. Sim, essa era sua profissão: ser rica. Mas só era rica por ser muito inteligente. Sabia onde, como e com quem investir seu dinheiro, assim como ter retorno. Sua empresa de cosméticos era uma das maiores patrocinadoras dos espetáculos dos meus pais, amigos fiéis e presença certa em seus eventos, já que uma mão lava a outra. Um garçom passou e eu peguei uma taça de prosecco, virando num só gole. Outra passou e eu troquei minha taça vazia por outra taça cheia, da bandeja. Só com muito álcool para aguentar esses eventos.

_ Você realmente é uma esponja... _ virei e deparei com...

_ Gustavo?! _ engasguei com a bebida. Que surpresa, nunca imaginei encontrar com ele num evento desses. _ O que... O que você veio fazer aqui?

_ A mesma coisa que você. _ ele me encarou um sorriso divertido que se estendia até os olhos. Usava uma camisa branca aberta e calça de linho, verde. Dei uma conferida da cabeça aos pés e ele estava me encarando com uma sobrancelha erguida. _ Gostou?

Bufei e revirei os olhos. Realmente era um babaca.

_ Você ainda não me respondeu.

_ E o que eu não te respondi, Valentina? _ ele pegou a taça da minha mão e tomou um gole. Quando quis me devolver, rejeitei. Eu que não ia beber do mesmo copo que esse imbecil... que nojo! _ Beth é uma amiga da família.

_ Aham. Entendi. _ fui me afastando em direção à praia e peguei mais um taça da bandeja de um dos garçons que passava. Atravessei por algumas tendas senti a brisa salgada nos meus lábios. A mistura da maresia com o gosto do prosecco parecia me embebedar, mas era só o efeito calmante que o mar tem sobre mim. Infelizmente esse efeito era logo cortado com o mala que me seguia.

_ E você?

_ Aqueles ali, ó... meus pais. _ apontei para os fotógrafos enlouquecidos em torno do casal. Ele se surpreendeu e me olhou com uma cara de "você é filha deles?" _ Que foi? Quer um autografo?

_ Não... Quero outra coisa. _ passou a mão no meu rosto e eu me afastei.

_ Ei!

_ Que é? Tá arredia...

_ Não gosto que me toquem sem permissão.

_ Que pena... Mas quando eu tiver permissão é você quem vai me pedir pra não parar de te tocar! _ caramba! Mas que papo de cafajeste. Comecei a passar por ele para voltar ao bar quando o senti me segurando pelo braço. _ Já disse pra você não encostar em mim!

_ Eu quero saber o porquê da irritação.

_ Eu não gosto de você.

_ Não parecia que você não gostava de mim na festa junina.

_ Porque eu bebi demais. E com álcool todo mundo vira meu melhor amigo. _ sorri sarcasticamente. Ele se aproximou e senti seu hálito quente com cheiro de álcool no meu ouvido enviando pequenos choques a minha corrente sanguínea.

Doce Vingança, livro 01Where stories live. Discover now