– Por acaso viste alguém a rondar o meu cacifo, hoje? – indaguei, com a voz a desaparecer num murmúrio. Michael estreitou as sobrancelhas na minha direção, inclinando-se na cadeira.

               – Vi uma data de pessoas ao pé de uma data de cacifos. – o rapaz respondeu, com a sua ironia a florescer. – Encontraste alguma coisa estranha, foi?

               – Talvez.

               – Conta-me tudo. – Michael sorriu de uma forma tão maliciosa que, por breves instantes, tive algum medo da forma como ele se esquecera da sua preocupação relativa a Lillian. No entanto, respirei fundo e retirei do bolso o pedaço de papel que encontrara.

               – Encontrei isto dentro do meu cacifo, há bocado.

               – Uh, um bilhete. – Michael cantarolou. – O que é que diz?

               – Não sei. – encolhi os ombros e arqueei a sobrancelha quando Michael soltou um riso gozão. – Que é?

               – Talvez se abrires o bilhete e vires o que diz, descubras quem foi a pessoa que to deixou. – o meu melhor amigo continuou a rir, abanando a cabeça. Revirei os olhos e limitei-me a fitá-lo, aborrecida com o seu comportamento. – É o que eu digo, eu não entendo as raparigas. Se têm a resposta mesmo à frente dos vossos olhos porque é que complicam tanto?

               – Está calado. – cruzei os braços sobre o peito, irritada. Michael parou de rir, estendendo a mão sobre a mesa e pegando no papel dobrado em quatro. Abri a boca para protestar, contudo, Michael foi demasiado rápido a desdobrar o papel e a ler o que dizia. Um sorriso foi rápido a aparecer nos seus lábios rosados.

               – Agora talvez perceba porque é que estavas tão nervosa. – fiquei assustada com o sorriso perverso que dançava no rosto de Michael, ainda assim, tentei parecer desinteressada no que ele dizia, retirando-lhe das mãos o papelinho amachucado.


Queres almoçar hoje? Bem, se quiseres, espera por mim junto àquele parque ao pé de minha casa. Gostava de falar contigo sobre as explicações.

Luke


               Os meus olhos ficaram arregalados depois de ler aquilo que o bilhete dizia e não consegui esconder o sorriso que curvou os meus lábios. Luke estava a convidar-me para almoçar com ele. Seria esse mais um progresso na sua repulsa às pessoas? Honestamente, nunca achei que ele tivesse coragem para convidar alguém para o que quer que fosse. Estava espantada, disso não haviam dúvidas.

               – Estou a ver que essa tua cena com o Luke está a resultar. – Michael acordou-me do transe. Levantei imediatamente os olhos para o observar, concluindo que a minha expressão estava a evidenciar demasiado deslumbramento e demasiada admiração. – E essa reação é muito suspeita, devo dizer. – Michael semicerrou os olhos, fitando-me com um sorriso afetado.

               – Estou apenas espantada. – fiz uma pausa para assimilar aquilo que tinha acabado de acontecer e, quando respirei fundo e me acalmei, prossegui. – O Luke convidou-me para almoçar... o Luke que tem Afefobia. O mesmo Luke que não se aproxima de ninguém.

               – Deves sentir-te especial. – Michael abanou a cabeça com um sorriso nos lábios. – Não é todos os dias que um rapaz com uma fobia que o torna socialmente incapacitado nos convida para um almoço. 

               – Mas porque é que ele não falou comigo? Tipo, diretamente? – cerrei as sobrancelhas, pousando o papel na mesa.

               – Sophie, qual é a parte de um rapaz com uma fobia que o torna socialmente incapacitado que tu não entendeste? O Luke não fala com ninguém, ponto final.

               – Ele fala comigo. – revirei os olhos.

               – Não para fazer convites.

               – Ok, mas... – olhei em volta, procurando as palavras que me faltavam. Michael não perdeu tempo em interromper-me.

               – Mas nada. Eu pensava que já tinhas interiorizado a cena toda, Soph. – o rapaz de cabelo preto falou de uma forma condescendente. – Ele não teve coragem, só isso. Tens de compreender. Nem eu às vezes tenho coragem para dizer certas coisas à Lillian. Isto é apenas uma questão de masculinidade.

               – Claro, masculinidade. – abanei a cabeça desdenhosamente. – Ele podia simplesmente falar comigo. Temos aulas juntos, não é assim tão difícil caminhar até à minha mesa e perguntar-me se quero ou não almoçar com ele.

               – Credo, Sophie. – o meu melhor amigo levantou as mãos, exasperado. – Não sejas tão exigente.


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Oláááá. Eu prometi que publicava e cumpri!! Estive quase a atirar o despertador pela janela mas depois pensei em vocês e decidi acalmar-me (mentira, comecei aos berros com a almofada).

Sou a única que está perdidamente apaixonada por este Michael (well, por este e por todos, num é?) MAS BEM, O LUKE FAZ ANOS E EU ESTOU AOS PULOS PORQUE ELE CRESCEU TANTO. I MEAN, A PUBERDADE BATEU-LHE BEM FORTE E ELE JÁ TEM 19 E CARAÇAS, ACHO QUE VOU MORRER. Este capitulo é para ele, onde quer que ele esteja.

By the way, vão ler Strawberry (está disponível em sauciness, a minha colab acc com a rudekittenx), ontem foi atualizado mais um capitulo, desta vez da minha autoria. Vão ler também Social Casualty, está no meu perfil.

love u guys

Naive ಌ l.hOnde as histórias ganham vida. Descobre agora