TOQUE-ME SE FOR CAPAZ

➵ 43: Bugsy come for you

Calina Sartori
Dias atuais...

Pela plataforma elevada, encontramos a escadaria auxiliar que dava para o próximo nível e desta vez não foi a escuridão a nos receber. As luzes dos holofotes dançavam por todo o lugar, iluminando as centenas de cabeças que circulavam a gaiola.

— Hora do seu espetáculo, espero que o seu show seja melhor que o último amor. — encarei Bugsy com um meio sorriso antes que ele erguesse a minha máscara e tomasse os meus lábios me prensando da grade contra as minhas costas.

O homem com a voz de locutor, apresentava o adversário, mas todos os meus sentidos estavam focados demais no homem a minha frente, para entender sequer uma palavra.

— Você... me pegou desprevenido, Isso — falou ao apontar o local marcado pelas luzes —, nem é um desafio Bunny.

Ele retirou o celular do bolso da calça e me entregou. Antes que eu pudesse responder, o apresentador deu a deixa para sua grande entrada:

— E o anfitrião da noite, o homem que não cai, o mascarado que vai comemorar a sua lua-de-mel fazendo sangue jorrar pelo ringue... BUGSY!

Antes que o nome terminasse de ser pronunciado, ele pulou sobre o guarda-corpo, aterrisando entre as fileiras de pessoas que gritavam ensandecidas. Como o rei do lugar, ele desfilou enquanto se desfazia da camisa. Virou-se uma última vez na minha direção e jogou a peça de roupa para mim, agarrei antes que aterrissasse em meio a multidão e com as mãos formando um coração, ele adentrou o ringue.

— Uau, isso é — o locutor parecia embasbacado ao vê-lo se posicionar na gaiola, com o rosto coberto pela máscara de papel, caracterizando-o como o não-tão-saudoso Grecov Lykaios —... Inesperado. Certo, estão preparados para lutar até a morte? — apontou para cada um dos lados e ambos assentiram — Okay, então... LUTEM!!!

Sem luvas, descalço, vestido apenas com a calça social e as tatuagens, ele avançou contra o adversário com os punhos abaixados. O homem loiro com o nariz que parecia já ter sido quebrado algumas vezes, parecia ter o dobro da envergadura do meu marido, dava passos curtos avançando e recuando, desferindo jebs aleatórios para medir a distância, enquanto Bugsy não fazia muito esforço para desviar.

Como um felino brincando com a presa, o mascarado deixou que seu punho descesse sobre a cabeça loira, irritando o gigante. Os socos aleatórios se transformaram em direitos bem colocados contra o tórax tatuado e cruzados aos quais Bugsy contornava antes de acertar um novo soco nas costelas do russo.

— Achei que isso fosse uma luta até a morte? Ninguém vai morrer não? Que tédio. — rolei os olhos sem precisar olhar para o lado para saber que era Draven quem reclamava.

— Você pode ser o primeiro a morrer nessa luta, vai deixar o show ainda mais interessante. — respondi com os olhos focados na gaiola, já de saco cheio desse sociopata e suas reclamações. Ouvi a voz de Loiry chamando meu nome com alerta e virei o rosto em direção a ambos. Ele me encarava com uma das sobrancelhas arqueadas. — É melhor tomar cuidado grandão, aqui é bem alto, seria tão triste você tropeçar na própria língua, cair e quebrar o pescoço.

Fingi enxugar as lágrimas falsas enquanto fazia beicinho, antes de voltar minha atenção para a luta. Foda-se se esse era o namorado ou rolo da minha prima, ele iria acabar em uma cova raza se continuasse a atrapalhar a minha diversão.

Como se só o que precisasse para ganhar espaço na luta, fosse o meu olhar, o russo derrubou Bugsy com uma rasteira antes de avançar contra ele, mas logo a retribuição veio em forma de um chute no rosto. O sangue desceu pelo nariz, pescoço e peito e enquanto o loiro sacudia a cabeça para não cair com o golpe, o tatuado se ergueu em um movimento rápido e foi para cima do adversário com uma sequência de golpes direcionados ao rosto que começava a inchar.