Sangue Escaldante

- Capítulo 18 - Lodo. -

Kyara e Matteo começaram a caminhar em direção do local com o objetivo de acabar de vez com aquilo, em sua mão restante a morena embainhava sua katana enquanto o ruivo não parecia ter arma alguma, pelo menos nenhuma que estivesse à mostra ali. Tudo aparentava estar em silêncio, ele era ensurdecedor, um lugar com tanto maquinário não fazer sons era suspeito, uma estranha conveniência dada a chegada dos protagonistas.

— Matteo, sua armadilha está muito manjada, você sequer se esforçou seu Figlio di puttana. — A delegada resmungou enquanto batia os dedos no cabo da espada.

— Não sei do que você está falando Kyky, eu não planejei nada, Papa Lennon simplesmente sabe que viemos atrás dele, também sabe que abandonei ele e suas ideologias já que Vander não voltou vivo da última luta. — Deu de ombros com um sorriso sem graça, puxando de seu sobretudo um maço de cigarro e puxando um para si o acendendo.

— Toda vez que volto a realidade que aceitei trabalhar com você de novo eu tenho vontade de voltar no tempo e bater em mim mesma, não sei aonde eu estava com a cabeça. — Ela detinha uma expressão de amargura forte em seu rosto, cada palavra dita foi completamente genuína.

— Eu não te obriguei a nada, só lhe fiz uma oferta de uma missão suicida e você aceitou, não tem o que perder por acaso? Sua nova vida, namorada, emprego, e blá blá blá. — Balbuciou enquanto eles viravam numa esquina do maquinário e continuavam caminhando.

— Tenho muito pra perder e você citou tudo, e exatamente por isso eu vou prender todos vocês e vou voltar pra minha vida normal na Itália. — Kyara disse aquilo com seu rosto totalmente inexpressivo, nem ela acreditava naquelas palavras, mas não podia se dar ao luxo de deixar Matteo saber disso.

Um bom tempo de caminhada foi preciso para chegarem numa enorme sala que parecia ser simplesmente uma enorme caixa de concreto, o que havia lá era somente uma escada que subia para plataformas suspensas, lá no topo no centro delas estava ninguém mais, ninguém menos que, Papa Lennon. Com a mesma aparência de quando os pequenos Succhiares tinham 16 anos, ele não havia envelhecido mais nada, com sua famosa bengala de morcego.

— Ora ora ora, o meu melhor projeto e uma falha que se tivesse seguido conosco seria tão boa quanto. — Ele tinha a mesma imponência de sempre, sua voz ecoava trazendo um calafrio na espinha dos dois.

— Não me chame de projeto, velho asqueroso, você me transformou num monstro que eu nunca pedi pra ser, e ainda continuou fazendo isso por vários anos.

— Quanta falta de respeito sua ingrata, pra você é Papa Lennon, quem lhe ascendeu ao topo e te fez melhor que os humanos, mas você nunca entendeu isso não é K? Diferente do M ali.

— Eh, não vou mentir que eu gosto de ser mais forte, rápido e superior a todo mundo, mas infelizmente a Kyky tem mais razão. — O ruivo disse num tom desleixado sem se importar.

— É uma lástima que até você, mio bambino tenha caído nessa, pensei que tinha te tornado o ser perfeito e que iria finalmente continuar o legado de nossa família. — O velho falava com decepção em sua voz, realmente parecia abalado com aquilo.

(Nota: "Mio bambino" é uma expresso italiana pra "meu filho")

— Já acabou com seus discursos inúteis? Posso finalmente prender você e acabar com isso de uma vez por todas? — Kyara apontou a katana em direção do velho, ela tinha seriedade na sua fala e realmente queria fazer aquilo logo.

— Creio que isso não acontecerá Vitale, pois vocês vão morrer. — O decrépito apertou um botão e todas as saídas foram fechadas, ele abriu os braços e gargalhou alto. — Acharam que ia ser fácil? Sabem por que não tinha nenhum guarda pra vocês matarem? Porque eu sabia que vocês sequer iriam gastar energia com eles, por isso eu preparei algo melhor.